Diz uma teoria que circula por aí que você deve escolher se prefere estrela ou cometa. Pense antes de seguir, reflita, escolha e então prossiga.
Se você escolheu estrela, reza a teoria que você é uma pessoa constante, como uma estrela que está sempre querida e brilhante no céu. Se você escolheu cometa, é porque ilumina muito, com gigante intensidade, mas que não se apega e passa pelos lugares, sem criar raízes.
Como comigo sempre é diferente, eu conheci uma estrela-cometa. Um caso raro e poucas pessoas conhecem, portanto vou explicar a teoria que descreve a trajetória desse astro fora do comum.
Uma estrela-cometa é um astro que muitos astrônomos descreveriam como um sol itinerante. Ele incandesce o céu com tanto vigor, luz, alegria e intensidade, que ofusca os olhos dos buracos negros, mas ele não passa. Ele permanece acesíssimo, constante e teimoso como uma estrela. Seria como uma estrela turbinada mais que o sol. Um cometa permanente, que brilha e caminha pela vida de todos ao seu redor, permeando-os de muita energia e vida, pois sua cauda reconforta a essência de todos deixando coisas boas sempre que passa por algum lugar.
O “Patrãozito” desse Rio Grande sem porteira me agraciou com a oportunidade de conviver por um tempo abençoado com uma dessas espécies raras. Ela me ensinou desde pequeno a conhecer as estrelinhas menininhas, como funcionava o sexo astral, dando exemplos de virilidade estelar. E que exemplos eu tive!
Lembro-me ainda do início de minha vida astral, com um pai normal, e querendo seguir os passos da estrela-cometa, sempre fui muito atento e seguidor. Meu pai, que não concordava com as loucuras rompantes de um cometa, sempre me alertava a não seguir os passos errados, pois eles me levariam ao resíduo ruim do pó caudal e me fariam um cometa, e como tal, acabaria sem raízes, só, e, na ideia dele, triste. Mal sabia meu pai dos segredos que esse cometa tinha para ensinar-me.
Ele foi mais pai que meu pai. Ensinou-me as coisas erradas que não deveriam ser feitas, com seu mau exemplo autodestrutivo, mas que me serviu para saber o que eu não deveria seguir e o que eu não queria para meu futuro. Perguntava sobre minhas pontinhas de estrela na minha adolescência, que me encabulavam, mas que para ele era o máximo, pois sabia que uma estrelinha estava crescendo e deixando a infância.
Protegia-me como um “cometão meteorístico”, quando os indefinidos entre estrela ou cometa, ainda pequenos, definiam o que se tornariam. Não deixava, principalmente, que os buracos negros pousassem sua sombridão sobre mim. Ensinou-me, com exemplos práticos, como brilhar feito um cometa, tendo ideias ímpares e contagiantes, envolvendo alegremente todos, como se os circundasse com tanta rapidez que fizesse sua cauda formar um globo de luz.
Mas esse cometa, tinha tanta alegria e pureza com todos os astros próximos, que não passava simplesmente, ele deixava muito de si em cada canto que ia, e criava raízes nos corações de todos os planetinhas. Isso fez dele um cometa-estrela, pois arraigado no núcleo de tantos outros, mesmo errante, estava ali, presente.
Felizmente aprendi também, no final, com um exemplo magistral, como não se entregar. A peleja e o amor por desafios e pela inquirição, me tornaram muito do que sou. Mas uma estrela-cometa não deveria se apagar. Não parece justo com a estrelinha pupila. Ninguém em qualquer das galáxias gosta dessa ideia.
Entretanto faz parte das regras do jogo de quem ceva o mate por todas as querências, que astros fora de série possam tutorar por outras estâncias. E a qualidade de luz, energia, alegria, de algo como um cometa, que brilha incandescentemente nos corações, fica como estrela, permanente e eterna.
Afinal de contas, mesmo os cometas-estrela, querem um colinho da mamãe “estrelona”, e estava difícil lutar contra a falta de oxigênio nesse espaço sideral escuro. Como uma boa e humilde estrelinha, fiquei ao seu lado até o, literalmente, ultimo suspiro, e vi o cometa ir embora e levar grande pedaço do meu coração nuclear.
Vá em paz, meu amado irmão que sempre foi meio pai. Rezarei muito por ti sempre. Obrigado por tudo. Meu melhor professor. Com toda sua humildade, sem roupas de marca, computadores simples, bens herdados, simplicidade linda. E nunca te ganhei no Xadrez hein?! Foram fantásticos todos os momentos. Principalmente os finais do hospital, quando pude demonstrar todo meu amor.
Nenhum texto ou homenagem são dignos o suficiente para exprimir os sentimentos de perda ou expressar a importância de alguém que parte. Essa condolência mútua que estamos todos imbuídos passará, e, como acontece com todos os rompimentos, ficarão apenas boas lembranças.
Como homenagem, por teres me ensinado a gostar de Engenheiros do Hawaii, deixarei muitos trechos das músicas, que são os que acho oportunos por agora. E como eu dizia a ti no hospital: “Uora maninho quiiiido. Deixa eu bota uma tubeita em ti”. Pela última vez. Nem que seja de carinho.
@rjzucco
“- Lá do alto deve ser bonito! - Aqui de cima é muito legal... Pegadas pelo espaço a conquistar sempre em frente, pra cima, pro alto - Lá do alto deve ser esquisito... - Aqui de cima até que é normal ... minha cabeça pesa quase dois quilos... - Meu corpo flutua, peso nenhum! Eu roubei esses versos Como quem rouba pão Com a mão urgente Com urgência no coração Eu contei histórias Inventei vitórias Eu perdi quase tudo que eu tinha A paz A paciência A urgência que me levava pela mão Uma noite interminável Numa cela escura !!! sentido !!! Sem sono Sem censura 100% de nada não é nada: É muito pouco Desd'aquele dia Nada me sacia Minha vida tá vazia Desd'aquelia dia Parece que foi ontem Parece que chovia Eu não consigo entender Não consigo mais viver sozinho Eu que não fumo, queria um cigarro Envelheci dez anos ou mais Nesse último mês não tenho medo de perder você desde o início eu sabia É sempre a mesma stória (é tão difícil partir) É sempre a mesma stória (é impossível ficar) É sempre mais difícil dizer adeus Quando não há nada mais pra se dizer Quanto vale a vida de qualquer um de nós? ?quanto vale a vida em qualquer situação? ?quanto valia a vida perdida sem razão? ?num beco sem saída, quando vale a vida? são segredos que a gente não conta são contas que a gente não faz Coração na mão Como um refrão de um bolero | pra cá é como ficar desesperado de tanto esperar olhando pela janela até onde a vista alcançar é como ficar esperando cartas que nunca vão chegar é como ficar relendo velhas cartas até a vista cansar você sempre soube - eu não sabia Não vim até aqui Pra desistir agora Entendo você Se você quiser ir embora Minhas raízes estão no ar Minha casa é qualquer lugar Se depender de mim Eu vou até o fim Cada célula Todo fio de cabelo Falando assim Parece exagero Mas se depender de mim Eu vou até fim Não vim até aqui pra desistir agora eu tive um pesadelo tive medo de não acordar tudo andava tão caído... eu andava por aí sem rumo: sem rima nem refrão em resumo: não tive culpa nem perdão eu tive um pesadelo tive medo quando acordei tudo faz sentido agora que tudo acabou o céu andava meio caído antes mesmo de desabar turistas vorazes (voyeur) levavam pra casa desertos e oásis num vídeo k7 anjos em queda livre o céu abaixo do nível do mar O inferno ficou para trás Com as luzes lá em cima O céu não seria rima Nem seria solução Um dia de cão Um mês de cães danados Ordem no caos Olhos nublados Um cão anda em círculos Atrás do próprio rabo | era só questão de dias não me peça para entender um dia iria acontecer não me peça pra escolher entre o fio ciumento da navalha e o frio de um campo de batalha chegamos ao fim do dia chegamos, quem diria? ninguém é bastante lúcido pra andar tão rápido Hoje eu acordei mais cedo Tomei sozinho o chimarrão Hoje eu acordei, agora eu sei viver no escuro Até que a chama se acenda Verde... quente... erva... ventre... dentro... entranhas Mate amargo noite adentro estrada estranha Eu vejo um horizonte trêmulo Eu tenho os olhos úmidos Eu posso estar completamente enganado Eu posso estar correndo pro lado errado Mas "a dúvida é o preço da pureza" É inútil ter certeza Eu vejo as placas dizendo "não corra, não morra, não fume" Eu vejo as placas cortando o horizonte Elas parecem facas de dois gumes How I wish, how I wish you were here são segredos que a gente não conta são contas que a gente não faz coisas que o dinheiro não compra perguntas que a gente não faz: ?quanto vale a vida? nas garras da águia nas asas da pomba em poucas palavras no silêncio total no olho do furacão na ilha da fantasia ?quanto vale a vida? ?quanto vale a vida na última cena quando todo mundo pode ser herói? ?quanto vale a vida quando vale a pena? ?quanto vale quando dói? são coisas que o dinheiro não compra perguntas que a gente não faz: ?quanto vale a vida? |