Esses dias estava pensando sobre a cultura
do concurso. A
cidade onde me criei (Santo Ângelo) sempre teve isso muito forte.
Os mais jovens crescem querendo passar em
concursos.
Muita gente se forma apenas para poder concorrer a vagas de
terceiro grau.
Então vem a reflexão: Tanto quando eu
estudava para este
fim (e foram bons longos 10 anos) quanto quando pergunto para
alguém ou mesmo
vejo algum tipo de reportagem a resposta é unânime - todo mundo
faz concurso
para mamar nas tetas do governo!!
As pessoas querem passar para ter
estabilidade e ganhar
bem. E era isso!
Eu nunca ouvi e desafio você a conhecer
alguém, que com
sinceridade, queira passar em um concurso para mudar o mundo ou o
Brasil.
Sério, não existe!
E se por acaso existir em algum lugar, que
por favor
esteja lendo este texto e venha conversar comigo. Gostaria que me
convencesse
de que está servindo por idealismo e não pela estabilidade e
dinheiro.
Digo isso pois com o tempo investido, a
inteligência e
capacidade de um concursado, passar e se acomodar é um
desperdício.
Empresários trabalham de graça (por muitos
anos até o
negócio dar certo), são idealistas, lutam por uma causa, um sonho.
Querem mudar
o mundo e transformar a humanidade.
Os servidores públicos não entram por
possuírem um
fervoroso desejo de colaborar, produzir, entregar resultado e
transformar a
imagem de que nada que é público funciona.
Entram apenas para terem segurança de
salário gordo e
certo no final do mês, principalmente quando não gostam da função
e ainda assim
permanecem.
Quem não tem um exemplo de algum servidor
que prevarica, locupleta
ou mesmo negligencia suas funções?
As pessoas querem é ficar estendidas nesse
cabide de
empregos que é a inchada máquina pública.
Então você pode me dizer que o Seu Fulano
executa muito
bem seu papel, que gosta do que faz e que com ele a coisa anda.
Eu vou lhe responder que ele pode ser
honesto, esforçado,
responsável e pode até gostar da profissão. Mas ser feliz e
realizado em
serviço público, não.
Não há como ser feliz e realizado sem que
reconheçam seu
mérito. Quando o parentesco e os favorecimentos valem mais que a
competência e
a produtividade, o tesão e a empolgação pela profissão caem por
terra.
E digo mais, desafio perguntarem a qualquer
um para saber
se quando a pessoa prestou concurso sabia que queria a profissão
por acreditar
e por querer entregar resultado. Defendo que todos quando entram
querem é os
benefícios, mas muitos nem tem ideia de quais são os deveres.
As reportagens nos jornais sempre falam em
salários, em
estabilidade, em segurança. Nunca se fala em produtividade,
eficiência,
eficácia, responsabilidade com o cliente, etc.
Tem que fazer muita caca para ser demitido.
O cara que é
desligado de uma função pública fez uma gigante.
Entendo que todo mundo mereça aumento de
acordo com
defasagem de poder aquisitivo, inflação, etc. Mas é revoltante ver
as pessoas
fazendo greve e querendo ganhar mais sendo que foram aprovadas a
menos de um
ano. E mais, quando assumiram sabiam quanto ganhariam e não
acharam ruim,
depois reclamam de aumentos de anos antes de entrarem. A cultura
de mamar nas
tetas do governo e tirar vantagem.
Óbvio que quem esteve exercendo a função
todo esse tempo
merece, mas que parcela dos servidores representa isso? Pense a
respeito.
Se você é servidor, não se ofenda. Sei de
cadeira as
frustrações e as mazelas da função. Sei como é angustiante querer
fazer a coisa
certa, produzir mais e ser boicotado pelos próprios colegas de
função.
Gostaria que todas as pessoas que se
aventuram na função
pública realmente pensassem um pouco mais como os empreendedores,
fossem mais
idealistas e genuinamente quisessem fazer a diferença. E para
aqueles que o
fazem, meus sinceros parabéns! Vocês estão fazendo sua parte.
E para os que tentam fazer a diferença e não
conseguem,
as portas do empreendedorismo estão abertas. Vamos mudar o mundo!
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 19.09.2015
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