Assistindo
aos filmes e novelas que retratam tempos idos, mais
especificamente os remotos,
entreto-me analisando o comportamento de cada época.
É
legal avaliar como os casais dançavam em cada etapa da
evolução humana com as
variações dos costumes por continente.
Algumas
parecem dança de acasalamento entre galos.
O
que mais me chama atenção são as pessoas que não dançam porque
gostam. Fazem
porque faz parte de uma encenação social. Uma espécie de
teatro.
Falei
sobre isso num outro texto chamado dança do acasalamento.
Mas
o objetivo desse texto é falar sobre outra parte específica
desse magnífico
cenário: o convite.
Incomoda-me
quando estou em algum ambiente, explicitamente desconfortável
ou deslocado, e
alguém tenta me arrastar a força para o meio do salão.
Isso
deveria ser considerado bullyng.
Brincadeiras
a parte, me refiro a pessoas que estão eufóricas, felizes e
empolgadas e acabam
não tendo a sensibilidade de serem empáticas com quem não sabe
ou simplesmente
não gosta de dançar.
Chamam
quem está escondido em meio a multidão, da melhor maneira que
consegue dentro
daquela realidade apresentada, para dançar.
Quando
o convite é recusado, muita gente tem a falta de tato absurda
de insistir,
pegar pela mão, puxar e literalmente forçar fisicamente a
outra para a dança.
Já
refletiram sobre esse acontecimento? Ele é tão normal em nosso
estado que nem
percebemos mais.
Quando
uma pessoa não quer dançar, todo mundo fala: “Vai lá”, “Deixa
de ser bobo”, “Não
faz mal que não saiba”, “Levanta”...
Sério,
é constrangedor demais. Socialmente intimidante.
Eu
não estou no clima, não gosto, não quero, não posso, não
gostei do meu par, e
ainda assim preciso ir na visão das pessoas.
Sob
pena de ser considerado grosso, mal educado, antissocial e
mais mil adjetivos pejorativos.
Imaginem
a cena. A menina está com cólica, é convidada para dançar.
Recusa. O menino
insiste, pega pela mão, convida novamente e vai puxando. Todos
na mesa se
manifestam “incentivando” a moça a ir. Ela cede, sofre
espasmos de dor cólica e
morre em meio ao salão.
Tragicômico,
eu sei. Mas será que apagadas as caricaturas não é o que
frequentemente ocorre?
Outra.
Dançar para se mostrar. Fedendo, suando e incomodando, para
mim não serve.
Suar
faz parte, dançar é bom. Estar em ambiente público esfregando
meu suor nos
outros não é legal.
E
mais, quem disse que aquele jeito é o mais bonito? O certo? O
melhor?
Por
que as pessoas insistem em manter esses costumes? Qual o
problema em trocar o 2
e 1 em uma poga bem pegada?
Para
quem gosta a dança é maravilhosa, recicla o humor, a alma, e a
relação.
Devemos
cada dia mais fazer o que nos deixa feliz. Zelar pelos
costumes também é
importante. Agora, forçar os outros a dançar ou fazê-lo sem
realmente querer,
mesmo que o momento peça tal formalidade, não gosto.
Por
um futuro onde as pessoas sejam educadas e respeitem quem não
dança.
PS:
Mas não esqueça. Tem os "fazidos". Querem dançar e dizem não só
para ganhar uma
insistida. Tem os que gostam e não receberam um convite sequer
ou não tem par.
E tem até aqueles que não podem hoje. Então convidar tudo bem,
insistir é que
não é legal.
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 17.09.2016
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br