Todo mundo
fala que
procura perfeição. Que quer um relacionamento perfeito, o
emprego perfeito e a
vida perfeita.
Será mesmo
que é a
perfeição que todos buscam?
Aprendi em um
casamento
que o que buscamos é justamente o contrário. Buscamos o
imperfeito. (E só aqui
entendi o que o Renato Tobias sempre disse)
A perfeição é
chata,
entediante. Mas é a busca por ela que é legal e vale a pena.
O imperfeito
é o que faz a
vida valer a pena. Aprendemos com o imperfeito.
Ele machuca,
nos faz
evoluir e entender o mundo sob uma perspectiva que não
conseguiríamos ler em
qualquer livro ou manual.
O cachorro
perfeito não
ensinaria nossos filhos, ou a nós mesmos, sobre relacionamento
incondicional,
sobre a dor da perda, sobre perdão, sobre ira por ter estragado
um móvel caro.
A mulher
perfeita não
precisa aprender, não há algo a ser acrescentado pelo par ou
mesmo a
acrescentar para com esta troca evoluir, ela já é perfeita, está
pronta. Não
combina com o imperfeito.
A casa
perfeita, o carro e
qualquer outro bem perfeito matam dentro de nós aquela sede em
busca de algo
melhor.
A vida
perfeita seria o
que? O fim? Fazer o que agora que não há mais o que buscar e
almejar?
Certamente há
aqueles que
dirão que a vida perfeita deve ser aproveitada em sua plenitude
e eu rebato
dizendo que não há como aproveitar na plenitude algo que já está
pronto e se
basta por si.
As
interrelações
decorrentes das interações entre as coisas, os fatos, os seres,
os tempos e
locais são o que tornam o mundo imperfeito.
É a
imperfeita chuva em um
dia que imperfeitamente eu esqueci de verificar a previsão do
tempo e saí sem
guarda chuvas pois estava calor, molhando as roupas, o corpo e
os cabelos. Essa
chuva me ensinou sobre meu corpo, sobre a gripe, sobre
sensações, sobre
anticorpos, sentir a água molhando meu corpo, correr na sarjeta,
abraçar...
É um tropeção
dos mais
imperfeitos na rua, um salto que se quebra (e isso não pode ser
perfeito), um
joelho esfolado, uma luxação dolorosa que faz eu conhecer a
pobre mulher
machucada no chão e ajudá-la até um pronto socorro.
E se eu
conseguisse chegar
a perfeição? Então tudo que eu tinha e considerava perfeito
antes não o era?
Sendo assim será que essa perfeição é finalmente a perfeita? O
que vem depois?
E se depois
de eu chegar a
perfeição eu ver que aquilo não é o que eu quero, então o
perfeito não é
perfeito? Então será perfeito quando for imperfeito?
Sim, na minha
concepção o
imperfeito é o que colore nossos dias, o que “despenteia meu
cabelo ao vento”,
o que me emociona.
E se a vida
não fosse
assim, seria perfeita, ou seja, não está perfeito ainda pois
falta ficar
imperfeito.
Longa vida à
imperfeição
das coisas, dos relacionamentos e da convivência entre os
humanos.
Ideia roubada
de um
discurso de casamento do Taio Zucco. Um dos Zuccos que
finalmente conseguiu
casar. Obviamente não porque não conseguimos candidatas,
certamente é porque
preferimos ficar solteiros. Todos garantem que chove mulher
querendo casar.
Parabéns Taio
e Tine! Que
a imperfeição desse relacionamento todo errado se perpetue até
ficarem bem velhinhos.
Parabéns por abraçarem o imperfeito e o aceitarem com toda a
alegria e positividade
que ele merece.
Parabéns Tine
pela coragem
de casar com um cara que nem o Taio, com esse calhamaço de
defeitos. Parabéns
por conquistar alguém tão sensacional quanto ele, um dos nossos
melhores.
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 05.12.2015
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br