Por
acaso acabei assistindo a um episódio de um seriado que
encontrei num site de resenhas e, para a minha feliz surpresa,
não só a resenha ou mesmo o trailer, mas também e principalmente
a série se mostrou deveras interessante.
Acabei
me dando a oportunidade de assistir ao menos dois episódios para
ver se seria mesmo bom. O nome não era muito convidativo e o
trailer era “maisomédio”. O nome é Resurrection.
Conta
a história de um menino que acorda em meio a uma plantação, na
China, e não sabe o que aconteceu. Acaba parando na imigração
americana que o leva aos EUA. Chegando lá explica ao policial
encarregado de sua custódia sobre sua cidade de origem.
O
policial o leva até sua suposta casa e ao chegar é recebido por
um senhor, já idoso, que não gosta da “brincadeira”, pois,
quando o policial informa que encontrou seu filho, o senhor fica
bastante irritado e informa que seu filho faleceu há 32 anos.
porém,
quando o senhor e sua esposa veem o menino percebem que ele é
realmente seu filho. Fazem teste de DNA e dá positivo.
Ocorre
que um tempo depois mais pessoas começam a surgir, todas
ressuscitadas. Gente que morreu há 100 anos, outros que morreram
há 50, alguns que morreram no ano anterior...
O
legal é que o seriado mostra o que passa na cabeça dos
retornados. Para eles, foi um piscar de olhos e acordaram anos
depois. Não entendem o que aconteceu.
Eles
não mudaram, continuam pensando da mesma forma e sendo as mesmas
pessoas. O mundo mudou. E o mundo não os aceita. Não aceita eles
do jeito que são. Não os entende.
Simplesmente
por serem diferentes eles começam a sofrer todo tipo de
discriminação e preconceito. Querem isolá-los, mata-los,
queimá-los na fogueira, etc., os enxergam como demônios.
Depois
de assistir fui dormir pensando, chocado, quanto à semelhança
com o mundo atual. Não que pessoas voltem à vida, mas com
certeza muita gente nasce de um jeito que não escolheu ser, e
apenas por ter nascido, tal e qual os ressuscitados, começa a
sofrer todo tipo de preconceito e discriminação.
Eles
não escolheram voltar anos depois, eles não se sentem
diferentes. Eles se entendem normais e as pessoas os tratam como
se não devessem existir.
Pensem,
hoje o que acontece com negros e homossexuais é exatamente isso.
Pessoas que simplesmente por nascerem de uma forma que para a
limitada cabeça de muitos é anormal, precisam ser extirpados da
sociedade.
Não
acho que quem quer que seja possa ou deva forçar uma sociedade a
aceitá-lo contra sua vontade. Se quer ser aceito por uma
determinada sociedade, então deve se adequar aquela realidade.
Agora querer ser aceito agredindo, não funciona.
Mas
não é o caso da maioria. Negros apenas por terem pele escura são
tratados como se fossem “menos gente”. Como se fossem inferiores
e devessem ser tratados diferenciadamente.
Homossexuais
sofrem diariamente em todos os lugares apenas por pensarem
diferente e optarem por uma conduta diversa do que a maioria.
Fico
pensando... tá mas e daí? O que o povo tem a ver com o que cada
um faz com seu corpo (desde que não perturbe a liberdade alheia
e as normas sociais que estão inseridos)?
Por
que motivo as pessoas simplesmente não cuidam de suas vidas e
insistem em preocupar-se com outras pessoas que não mudarão em
nada seu dia a dia, sua vida, sua realidade?
Penso
que esse povo todo deveria se preocupar mais em como ser feliz,
em como atingir seus objetivos, em como ocupar melhor seu tempo
e seu cérebro do que ficar querendo influenciar a vida dos
outros. E sim, isto também vale para negros e homossexuais,
afinal de contas, são todos iguais.
O
que muda é cor da pele e comportamento e isso não deveria
influenciar o mundo moderno que se intitula esclarecido e livre.
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 25.07.2015
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br