Esses
dias um fato veio a corroborar e endossar o que sempre defendo
no trânsito, e
infelizmente foi logo comigo, que sou o Joãozinho do passo certo
quando dirijo.
Estava na
carona, mas mesmo que não estivesse não havia muito o que fazer.
Estávamos indo
para casa, e a distância de onde estávamos até nosso destino era
de quatro
quadras. Quatro míseras e insignificantes quadras.
Pois foi
nessa distância miserável e desprezível que, sem a cautela óbvia
e mínima
necessária, um condutor abre a porta do seu veículo já
estacionado, sem chance
de manobras à quem estava conduzindo o carro em que eu
confortavelmente
passeava.
O
resultado foi um lado inteiro do nosso auto, lanhado e amassado,
e a porta do
outro entortada.
Por
conjectura do destino e sorte ninguém se machucou e foi apenas
um acidente bobo
e com danos materiais. Mas e se uma criança tivesse aberto a
porta e saltado
para fora? Imaginem quantos “e se” poderíamos colocar nessa
situação? Nessa
mesma medíocre distância de reles quatro quadras, um carro
poderia se
atravessar perpendicularmente ao meu percurso e levar meu carro
por metros,
arremessar-me contra uma árvore, etc.
Então
aqui vem a minha pergunta: Por que as pessoas acreditam
debilmente que pelo
fato de ser uma curta distância nada vai acontecer? Por que
motivos uma
invisível cápsula superprotetora cobriria as pessoas?
Por acaso
quando a distância é resumida entramos numa outra dimensão pela
janela do cotinuum espaço/tempo que nos torna invulneráveis a qualquer
tipo de acidente
que possa vir a ser provocado por todo e qualquer condutor
próximo a nós? E
ainda todas as pessoas que poderiam sofrer com uma fatalidade e
imprudência
nossa?
Se a resposta
é não, então por que afinal de contas as pessoas não colocam o
bendito cinto de
segurança?
Eu ouvi
de dois parentes no final de semana o seguinte: “Não vamos
colocar o cinto
porque confiamos no motorista”. Isso me revoltou tanto quanto
ouvir alguém dizer
que pularia de um penhasco confiando na camada de ar que se
formaria embaixo
dele ao se aproximar do chão amortecendo a queda.
As
pessoas tem o costume de preocupar-se apenas com longas
distâncias. Aliás, esse
é o motivo de a maioria dos acidentes acontecer próximo ao
destino final, pois
quando a distância começa a minguar, acontece o mesmo com a atenção e o zelo.
Todo esse
discurso é apenas para, mais uma vez, cobrar das pessoas que
utilizem o que
elas já deveriam estar utilizando: o cinto de segurança, mesmo
que estejam no
banco traseiro ou que seja uma pequena distância.
O mesmo
raciocínio pode ser aplicado em quem bebe e dirige acreditando
que ir devagar
evitará possiveis batidas. Evita mesmo que outra pessoa não o veja e
bata em seu carro?
Evita que a falta de rapidez no raciocínio característica da
bebida poupe uma
vida?
Vejo
muita gente reclamando que a polícia não deveria fazer blitz e
controlar o
cinto e a bebida, que deveriam prender bandido, mas a pessoa que
utiliza o
carro como arma independente se com dolo ou com culpa, é tão
criminosa quanto.
Recomendo
a leitura de outro texto que fala também sobre isso, mas de
forma menos
abrangente, pelo link abaixo:
HTTP://rodrigozucco.blogspot.com.br/2011/03/teoria-dos-superpoderes-sindrome-do.htmlPublicado em: A Tribuna Regional no dia 27.10.2012
Corrigido/editado por @analeticiasilva
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br
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