Com esse episódio de renúncia e escolha de novo
papa eu percebi algo que, para quem me conhece, deva ser óbvio: Não entendo
absolutamente coisa alguma de religião e tampouco de política.
Na minha altiva ignorância tinha convicção de que o
novo papa não seria latino-americano. Ora, se a América do Sul é o lugar do
mundo onde existem mais católicos, não há necessidade de colocar um
representante oriundo daqui com intuito de cativar mais fiéis ou mesmo de
impedir a corrente mundial de migração às novas religiões.
Minha limitada inteligência entendia que um papa do
velho mundo seria o mais inteligente, para desta forma agir junto aos diásporas
religiosos e não só idealizá-los mantendo-os no catolicismo, como arrebanhar
novos fiéis.
Alguns argumentaram comigo que os antigos papas
todos o eram e que não resolveram. O ponto é pegar um papa com mentalidade
revolucionária e inovadora, que entendesse as necessidades de mudança da
instituição na atual conjectura global e, sim, oriundo de onde se está mais
enfraquecido.
Brasileiro tem implicância com argentino, e sequer
isso foi levado em consideração. Os Cardeais escolheram alguém da América do
Sul, mas que não era o maior centro de fieis de sua religião, o Brasil,
assumindo - ou ignorando – que muitos brasileiros ignorantes trocarão de
religião apenas para não terem que se sujeitar a um papa castelhano.
Mas o ponto principal nem é esse. Até o achei
simpático. Gostei porque ele foi contra o que mais repudiei desse teatro todo.
As pompas e as coreografias ridículas como se eles realmente fossem os donos da
verdade. Como se tivessem uma canal direto em que pudessem dialogar com alguma
entidade criadora do universo.
Então eles convocam um horror de gente e obrigam
fazer um juramento de sigilo. Aquele que quebrá-lo deverá ser excomungado. Ser
excomungado? Vocês já pararam para pensar no absurdo que é isso? Isso é um
ultraje tão grande que tive náuseas.
Para que serve uma religião se não para dar o
exemplo do perdão? Para ensinar valores corretos? Repassar a palavra divina ou
sei lá eu o quê? E o que a limitadíssima visão de todos esses fiéis e
representantes pensam sobre uma pessoa que por falta de preparo ou o que quer
que seja fala alguma coisa, é excomungado e então fica condenado a passar o
resto da eternidade no inferno? Só eu que vejo o antagonismo absurdo nisso?
Excomunhão é enxotar o cara do céu, do perdão, do
paraíso, da redenção de julgamento divino. Ele vai ser escorraçado do
catolicismo para todo o sempre. Então eu pergunto: quem são esses caras para
fazer isso com a alma de uma pessoa? Quem deu essa autoridade a eles? Penso em
coitados dos fiéis que ainda acreditam nisso tudo. Penso com pena. E costumo
não sentir pena das pessoas por ser um sentimento muito degradante.
Depois quando digo que brasileiro é ignorante, vem
um bando de moralista mais ignorante ainda com uma avalanche de demagogia
querendo me dar lição de uma moral que não tem. Mas um país majoritariamente
católico continuar acreditando nesse tipo de coisa, merece minha vergonha.
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 22.03.2013
Editado/corrigido por Thiago Severgnini
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br
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