Na semana do dia dos namorados uma cliente perguntou-me o que havia comprado para presentear minha excelentíssima.
Respondi que não havia comprado presente algum. Então ela redarguiu sobre o que eu compraria. Respondi que não faria.
Quando
falei isso as mulheres que trabalham comigo manifestaram-se
horrorizadas. Como pode um namorado ser tão frio e insensível a ponto de
deixar passar uma data tão clássica em branco? Como pode não comprar
nem uma lembrancinha sequer? E antes de sair, parou na metade do
caminho, virou-se e disse afirmativa e categoricamente: “Você deve
comprar ao
menos UMA rosa que seja, ou UM bombom, mas precisa dar um presente!”
Falou
como se essa fosse a única verdade possível, como se conhecesse todas
as mulheres tal e qual a palma de sua mão, e saiu, provavelmente crente
de ter me deixado convencido ou ao menos com peso na consciência.
Aprovada por todas as mulheres do ambiente que a endossaram.
Ocorre
que não acho que algo material precise ser dado em datas românticas.
Não penso que esse consumismo materialista que enfiam diariamente
garganta adentro nos consumidores também precise ser aceito por mim. Não
entendo que o ato de comprar algo para a pessoa que amo significará
mais do que palavras sinceras ou gestos de carinho.
Felizmente
a pessoa que está comigo sabe que não é por causa do dia dos namorados
que sairei de casa e comprarei algo que vale um quarto do valor da
época, para que represente o que demonstro diariamente e que não há
dinheiro que compre, para uma pessoa que não espera de mim bens
materiais ou coisas e sim sentimentos, atitudes e gestos.
Sorte
do comércio as pessoas não pensarem como eu, para que as mulheres
possam ser presenteadas por homens que não costumam fazê-lo se não em
datas assim. Ou por homens que precisam comprar para preencher, já que
palavras, gestos e atitudes não são de suas práticas.
Então os
que estão acostumados ao mecanismo capitalista que fomenta
violentamente o consumismo (e não me entendam mal, sou apaixonado pelo
capitalismo) e que consequentemente nunca pararam para pensar em: por
que comprar algo? Por que a coisa material ou que custe dinheiro precisa
ser a prova de alguma coisa? Por que o sentimento sincero e verdadeiro
não é suficiente? Sentir-se-ão ofendidos e tentarão defender-se
argumentos do tipo: “os românticos presenteiam”,” eu faço sempre tudo
que
posso e nessas datas o adicional é o presente” e por aí vai. Quando na
verdade isso é tudo uma desculpa para a falta ou preenchimento de algo
que não vem sendo entregue.
Continuo na minha briga pelos
valores corretos, e nesse exemplo defendo que antes de comprar, procure
estar, pensar, fazer e ser algo para quem você ama. Será o melhor
presente da vida dessa pessoa, pois será permanente, diário,
apaixonante, sem preço e exatamente o que a pessoa gostaria de ganhar.
Agora,
se quem está com você interessa-se mais por um presente do que pelo que
supracitei, então que bom que ela está com você e não comigo!
Feliz dia dos namorados!
O pior de tudo é saber que o dia dos namorados no Brasil foi criado pelo comércio porque as vendas eram fracas em Junho.
ResponderExcluirEM alguns países têm a ver com santos casamenteiros e o diabo à quatro. Mas aqui, assim como o Dia da Criança, é uma data que foi empurrada goela à baixo das pessoas pelos lojistas.