Em duas oportunidades percebi de
maneira quase caricata como as pessoas se transformam quando acham que
conquistaram algum tipo de poder. Independente se esse for de
influência, status, hierárquico ou econômico.
A primeira foi
quando trabalhava em call center, como tele atendente. Sempre que um
operador destacava-se, assumia a função de supervisão nas férias do
titular ou em momentos de ausência deste (almoço, reuniões e afins).
Importante
frisar o quanto ficava claro a todos que essa função era apenas
temporária e servia como apoio ao supervisor, que no retorno devolvia o
cargo original à pessoa que estava cobrindo.
Nesse período era
líquido e certo que no mínimo metade dos apoios começavam a
considerarem-se superiores. Em seus limitados entendimentos risivelmente
acreditavam deter algum tipo de poder e começavam a agir de forma
arrogante. Muitos humilhavam, xingavam e até ameaçavam os colegas de
função, mesmo sabendo que alguns minutos depois estariam novamente
sentados em suas antigas posições de atendimento, ao lado dos xingados.
Meu
pai desde criança repetiu a célebre frase: “quer conhecer uma pessoa,
dê-lhe poder”. E sempre que isso acontecia, eu me lembrava. As pessoas
abrupta e afoitamente desmascaram-se mostrando seu verdadeiro lado
egoísta e arrogante.
Não é pela falta de maturidade, pois tem
muita gente nova que sabe o valor da humildade. É uma questão de
caráter. Muitos se corrompem antes mesmo de receber o bônus, e na
maioria dos casos ficam apenas com o ônus.
Eram despreparados
profissional e emocionalmente para exercer qualquer tipo de poder, pois
com uma pseudo oportunidade já pecaram.
O segundo caso foi na
última empresa em que trabalhei como funcionário, também voltada à
prestação de serviços, mas com um viés totalmente diferente.
Entrei
na empresa para efetuar uma tarefa, mas devido à experiência que trazia
de empregos anteriores, acabei ajudando muita gente em outras áreas.
Dentre elas uma colega que já tinha alguns anos de casa.
Através
de trabalho conjunto orientei como deveria proceder em muitas
situações, articulamos para desenvolver a produtividade de muitas áreas e
onde envolveríamos muita gente. Quando alguns resultados começaram a
ser vislumbrados a possibilidade de uma promoção se desenhou.
Nesse
momento sentamos e conversamos. Eu disse que pretendia sair em pouco
tempo para trabalhar no negócio da família e que daria total apoio à
ela, inclusive recomendando-a à promoção.
Depois de poucos
meses foi promovida. Ela não tinha competência para tal, mas enquanto
colega demonstrava-se esforçada, humilde e comprometida. No dia seguinte
a promoção suas unhas cresceram, virou as costas para mim e os demais
que a haviam auxiliado, tomando para si todo e qualquer mérito e
despejando a culpa de todos os fracassos em nós.
Como havia me
programado para sair, não me preocupei. Ela tomou o cuidado de
manter-me sempre sobre sua tutela até ter carta branca e me demitir (ao
menos no final fez o que havia prometido). Mas continuou sua devastadora
trilha de pseudo poder, achando que podia mais que o dono do negócio.
A consequência é que quando a pressão apertou, ela tirou uma desculpa da manga e foi embora trocando até de cidade.
Fato
é a mediocridade de pessoas que pelo simples acontecimento de ganharem
algum tipo de poder, ilusório ou real, entendem-se superiores e no
direito de pisar ou tentar minimizar alguém. Isso é bem comum no
universo corporativo e existem muitos casos onde quem pratica não recebe
a pena merecida por um tempo, até que o mercado caprichosamente coloque
um chefe perspicaz que sumariamente faça o favor de colocar esses seres
detestáveis em seus respectivos lugares.
Morte profissional aos mascarados sem humildade!
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 03.08.2013
Editado/corrigido por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br
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