Já não é a primeira vez que após escrever algum texto,
muitas pessoas ao me parabenizar aproveitam e me avisam,
preocupados, sobre as represálias que receberei por manifestar
minha opinião publicamente.
Nesse último texto do
mau cheiro, advertiram-me que devido ao frigorífico ser uma
empresa altamente lucrativa, certamente teria bastante
influencia e poder sobre o município e que se a direção da
mesma fosse vingativa, eu sofreria as conseqüências desse “ato
inconseqüente”.
Então eu perguntei à
pessoa que me disse isso: Mas o que você espera que eu faça?
Que eu pare de escrever para não incomodar os outros? Que eu
não manifeste minha opinião para evitar que verdades
indigestas gerem desconforto a outrem?
Pasmem, para minha
tristeza a resposta foi afirmativa. Fui aconselhado a parar de
escrever, pois isso seria certamente prejudicial ao meu
negócio. Que se um cliente deixasse de negociar conosco por
algo que escrevi já seria prejuízo para empresa.
Entristece-me
profundamente saber que algumas pessoas preferem nivelar todo
um contexto apenas pelo lado negativo. E todas as pessoas que
gostam do que escrevo, e que começaram a fazer negócio comigo
justamente por concordarem com minha forma de pensar, não
contam? E as pessoas que discordam totalmente do que escrevo,
mas admiram minha coragem em manifestar publicamente, e por
isso me respeitam e viram clientes? E as pessoas que são
maduras o suficiente para não concordarem e ainda assim
respeitarem minha opinião a admirarem a atitude, a forma como
escrevo, a semântica, enfim.
Outra crítica sobre
esse mesmo assunto que recebi foi de que, se não estou
satisfeito com a cidade, que vá embora. Já que não gosto do
que Santo Ângelo se tornou, que volte à Porto Alegre.
Fico pensando no
absurdo dessas afirmações e novamente me entristeço, agora
acrescido de certa dose de revolta. Então toda cidade que
escolho para morar deve ser perfeita? Se não for perfeita devo
me retirar ou resilientemente aceitar, sem qualquer tipo de
opinião?
Então quando gosto de
uma cidade preciso aceitar ela exatamente como é sem pensar em
melhorá-la ou trabalhar para que se transforme cada vez em
algo melhor com crescimento contínuo?
Será mesmo que estou
errado em apontar as coisas que atrapalham e atrasam a cidade
e sugerir melhorias e formas de resolver? Que deveria enxergar
tudo e aceitar calado? Que devo seguir o conselho dessas
pessoas e parar de emitir minha opinião, botar minha mochila
nas costas e ir-me embora porque vejo algo errado e não me
conformo?
Percebo a cada texto
que eu mando que sempre há um monte de pessoas prontas para me
aconselharem a não fazer mais, a me desencorajarem, dizendo
que eu não devo ser sincero nem objetivo. Só que isso vai
contra meus valores e meu caráter.
Sinceridade, opinião,
respeito, honestidade, linearidade e pensar sobre as coisas ao
meu redor fazem parte do que sou. Você acha certo pedir a uma
pessoa que deixe de ser o que ela é porque você acha que está
errado? Você tem esse direito?
Isso tudo não passa de
uma censura velada que vem de pessoas que não gostam de ver
outras com personalidade forte e coragem para falar, falando.
Ou mesmo de pessoas pequenas que tem ciúmes e por não
conseguirem ser iguais ou melhores, se acham no direito ou
dever de rebaixar os outros para sentirem-se por cima.
Pois novamente
informo-vos: desistam! Continuarei escrevendo.
E a todos os outros,
felizmente em maior número, que escreveram pelo face, por
e-mail ou mesmo que falaram pessoalmente comigo dando-me
forças e elogiando, um agradecimento especial. Saibam que isso
realmente faz a diferença!
Como diz o
administrador, escritor e poeta Danilo Branco: "Uma cidade só
cresce com uma postura séria, responsável e crítica de seus
cidadãos. Jamais haverá crescimento enquanto os mesmos
continuarem dizendo sempre amém.”
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 12.04.2014
Corrigido por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br
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