Estamos no centro das missões e em local estratégico no noroeste
do estado.
Trago aqui uma provocação: Será mesmo?
Ijuí e Santa rosa estão muito melhores posicionadas. Há um trecho
de seis
quilômetros que inviabiliza a instalação de indústrias. E agora
nem por ar há
acesso aqui.
Isso gera, na prática, um isolamento. Você pode tentar argumentar
que seis
quilômetros não são nada e que isso não faz a menor diferença.
Pois os fatos provam o contrário. Muitos clientes nossos dizem que
preferem
comprar imóveis e instalar negócios em outras cidades por pura
logística.
Não sou eu quem está falando, são os fatos. E contra fatos não há
argumentos.
É difícil discutir com números.
Adoraria defender minha cidade e dizer que somos privilegiados
estrategicamente. Mas honestamente, que empresário de indústria em
sã
consciência colocaria uma fábrica aqui, sem isenções do que quer
que seja, com
todas as fiscalizações possíveis - pois as centrais públicas estão
aqui - e
para depender de uma ponte estreita e condenada que pode cair a
qualquer
momento?
Ter que passar todos os dias por Entre-ijuís ou ir pela estrada
esburacada de
Catuípe?
Nem Santa Rosa passa por aqui para ir à 285, preferem passar por
Ijuí.
Nossos políticos pensam pequeno, e não é de agora. Historicamente,
o ego falou
muito mais alto e ninguém efetivamente tomou uma providência.
Falam do aeroporto, mas e a infra toda alguém já começou a
movimentar? Mais
táxis, o aumento do terminal de bagagens, a esteira, o
estacionamento...
Não se pensa mais do que duas ou três jogadas a frente, e nesse
jogo estamos
tomando xeque-mates diários das nossas vizinhas.
Vizinhas que por sinal já nos ofereceram parcerias em tempos idos,
mas que
hoje, devido a nossa postura individualista e arrogante, não tem
mais interesse.
Restaurantes de fundamento, com requinte e culinária refinada,
existem? Não que
eu não goste dos restaurantes que temos aqui. Gosto bastante. Mas
todos sabemos
que eles não oferecem nem um décimo do que restaurantes finos
devem oferecer.
Vocês já viram algum maitre aqui? Um sommelier? Um cheff de
cozinha com
faculdade na área, experiência em restaurantes renomados e
especialização em
determinada área?
As empresas não recebem incentivos fiscais, pelo contrário, são
vistas como
máquinas de geração de receita através de multas.
Veja o exemplo da Alibem e do Calegaro. Independente do esforço,
estão sempre
sendo penalizadas. Na prática é o poder público formalmente
convidando as
empresas a se retirarem.
E eu já avisei, a Alibem vai embora logo e isso é uma perda
inestimável para a
cidade. Não só pela geração de empregos – Alibem é a número 1 em
geração de
empregos na cidade – mas pela arrecadação municipal.
Poder público comprando briga com indústria... Hotéis sempre
lotados... Cultura
nem se vê mais... Infraestrutura precária...
Nem esgoto a cidade tem ainda. Mais de 80% da cidade não possui
esgoto.
Asfaltos sempre foram um problema
E a lista continua indefinidamente endossando o que venho dizendo.
Turismo
aqui? Para funcionar só o rural como o do caminho das missões e
olhe lá.
Nossos representantes precisam enxergar mais movimentos a frente.
Pensar no
futuro, no município. Não no mandato e nos votos.
Entender que primeiro precisamos resolver nossos graves problemas
de infra para
apenas depois iniciarmos projetos mais elaborados.
Do jeito que está, estamos queimando dinheiro e a cortina de
fumaça gerada por
essa queima serve apenas para corruptos esconderem-se enquanto
enchem os
bolsos.
Pensem um pouco nisso...
O jornal não autorizou a publicação
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br
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