Atualmente, ocorre na cidade uma campanha por isenção de passagens
para estudantes. Estes, muito mal orientados, ou pior, bem
orientados por pessoas mal intencionadas, estão reivindicando
passagem grátis para quem estuda.
Grátis?
A alegação é a de que ninguém será prejudicado. A prefeitura
isentará de impostos a empresa de transportes que em contrapartida
repassará a isenção em forma de transporte sem custo aos
estudantes.
Eu não entendo se é má fé ou se realmente os manifestantes não
entendem as implicações disso.
Há uma conta "x" a ser paga pelo município (e aqui não entrarei no
mérito se estas contas estão altas demais ou não, nem se as contas
estão corretas) e o dinheiro vem do povo, mediante arrecadações de
impostos.
Se o município não arrecada a quantidade "x" de recursos, não paga
todas as suas contas, o que gera dívida com juros, e isso reflete
em mais escassez de dinheiro na administração pública.
Ou seja, segurança, saúde, educação e todo o resto custeado pelo
município, terá menos recurso.
E mesmo que aleguem que a quantidade de recursos não arrecadada
nesses impostos seja insignificante frente ao orçamento municipal,
ela terá que ser cobrada de outra forma, de outro lugar.
Se as passagens não forem cobradas dos estudantes, não importa o
que digam, serão cobradas em outro tipo de imposto de outras
pessoas e mesmo dos estudantes.
A conta precisa ser paga.
Ocorre que hoje a maioria da população não se preocupa
genuinamente com o coletivo. Entendem que o paternalismo e
assistencialismo tem o dever de custear as coisas para as classes
menos favorecidas como se elas fossem atrofiadas e não pudessem
gerar recursos para se manterem. Pensam em si.
"Tendo para mim, eu não pagando passagem, tá valendo!"
Foi o que ouvi de um aluno. Mesmo eu tentando explicar que essa
conta seria paga por ele de outra forma com outros impostos ou que
outras pessoas pagariam a mais em muitas outras coisas para que
ele tenha esse direito, foi feito cara de desdém.
"Isso não é problema meu. A empresa não pagando imposto ela não
tem prejuízo e pode dar passagem de graça pros alunos".
O povo só quer lograr vantagem. Quer que uns trabalhem e produzam
e gerem riqueza para que muitos vadiem, recebam, ganhem do governo
e da administração pública.
Aliás, público é isso, não é seu ou meu, é público, é de todos. E
beneficiar uma pequena fatia da população com recurso de todos,
pesando ainda mais a já insustentável carga tributária desse
cambaleante país é um ultraje.
Pegar todo o dinheiro de quem trabalha, durante seis meses, para
ficar pagando passagens e outras coisas que não são utilizadas por
quem paga, como SUS ou segurança, não tem cabimento.
Pagamos altos impostos para dar esse horror de benefício a quem se
entende no direito, e ainda pagamos saúde a parte, segurança a
parte, educação particular, pavimentação própria, etc.
Então para que serve o dinheiro público? Então alguns poucos devem
trabalhar para que muitos vivam na vadiagem? Não seria melhor se
todos trabalhassem e gerassem riqueza da mesma forma?
Voltando ao assunto, a passagem não será grátis! Esse custo sairá
do seu bolso, hoje ou amanhã. Ou do bolso de sua família e afetará
sua renda familiar de qualquer forma.
Acorde! Não existe cafezinho grátis.
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 18.06.2016
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br
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