Alguma vez você já
se percebeu
absolutamente frustrado por esperar algo que não aconteceu, mas
ficou feliz com
isso? Eu já, e mais de uma vez.
A última foi
quando estava
dirigindo, à noite, com chuva, saindo de Passo Fundo em direção
à serra. Parei
no trevo para olhar se vinha carro de algum lado, como
usualmente faço
principalmente à noite, quando percebi que o carro que vinha
atrás não esperava
que eu parasse e consequentemente não parou.
Acompanhei ele
crescendo em meu
retrovisor à medida em que se aproximava, enquanto engatava uma
primeira o mais
rápido que conseguia, e o carro crescendo e se aproximando, e eu
olhando para
os lados, para o retrovisor e tirando o pé da embreagem enquanto
comunicava a
minha namorada para se segurar que ia bater.
O frear dos pneus
se fizeram
ouvir quando no último instante ele percebeu que eu estava
parado, mas já era
tarde, não havia como ele segurar a batida, começou a reduzir
tarde demais, e
os faróis só aumentavam no retrovisor, e nessas horas nossa
mente trabalha da
forma mais veloz que se possa conceber, então eu já me via no
acostamento
discutindo sobre como pagaríamos pelos estragos e se continuaria
a viagem ou
retornaria.
Nesse momento a
metralhadora
cerebral nos fuzila com informações. Pensei até o quanto estava
demorando para
aquela eterna primeira marcha começar a desenvolver o motor.
Contraí o abdômen,
tranquei a respiração, segurei firme o volante e senti um frio
gelado percorrer
minha espinha enquanto a adrenalina tomava conta da situação.
A batida já tinha
acontecido,
tudo estava concluso, o carro estava bem amassado e eu me
preocupava se minha
namorada estava ferida quando de repente, como que por um
milagre,
milimétricamente aquele mínimo espaço que a primeira marcha
andou foi suficiente
para que o carro de trás conseguisse frear, e eu fui embora
antes que ele
batesse e tudo ter acontecido apenas em minha cabeça.
É estranho e ao
mesmo tempo
frustrante esperar por algo que não acontece, mas é aliviador
entender que não
aconteceu e que tudo não passou de uma expectativa frustrada de
algo ruim que
iria acontecer, mas que não o fez.
É curioso pensar
que eu estava
pronto e preparado para o pior, que já havia inclusive
materializado isso em
minha mente, e que num repente ao não acontecer, sinto-me
logrado pelo acaso e
pelo destino que de conluio resolveram pregar uma peça em mim.
O interessante
disso tudo é o
aprendizado que podemos tirar quando esperamos por algo muito
ruim que quando
não acontece nos faz sentir como se tivéssemos sido roubados.
Como demoramos
para aceitar e aproveitar as coisas boas que aparecem em
oportunidades que
logicamente não deveriam ocorrer.
Acho que a maioria
das pessoas
segue a filosofia do: “prepare-se para o pior, espere o melhor e
aceite o que
vier”.
Excelente!
ResponderExcluirObrigado Ju :)
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