Muitas pessoas me perguntam como faço para ter tantos amigos de verdade. Normalmente se conquista apenas uma meia dúzia em uma vida inteira e eu tenho bem mais que o triplo disso, de amigos de verdade, sinceros e devotos. Então qual o segredo?
Quando saí de Santo
Ângelo para morar em Santa Maria, minha turma se separou,
éramos seis. Com o tempo eles foram se afastando e perdendo o
contato, e hoje falam-se pouco, mas continuam sendo grandes
amigos.
Não é porque não há
contato diário - tanto pessoal quanto virtual, independente da
forma – que o sentimento esmorece, arrefece ou que paramos de
gostar. Amigo de verdade não é esquecido. Diferente de paixão
e amor por cônjuge ou afins.
Quando saí de Santa
Maria, a turma se afastou, mas continua mantendo contato até
hoje. Depois fui para Porto Alegre e a turma cresceu bastante.
Quando voltei para Santo Ângelo: novamente a antiga turma se
afastou!
Bom, alguns segredos
são muito simples. Eu era o cimento que mantinha unido os
tijolos amigos no muro da amizade. E essa construção exige
paciência e dedicação. É necessário fazer a fundação com os
valores corretos para que algo sólido seja erguido.
A segunda dica é
nunca desistir. Muita gente ao longo dessa trajetória toda me
perguntou: “por que continua convidando para o vôlei?”; “por
que insiste se ele não demonstra interesse?”; “ele nem mora
mais no Rio Grande do Sul, desiste de convidar”; “ele não quer
mais saber da turma depois que começou a namorar”. E a
resposta que eu sempre dei foi: “eu não desisto dos meus
amigos, enquanto puder, darei a oportunidade”.
Chamam-me de teimoso
e obstinado. O que sempre bota lenha na fogueira das junções,
sempre pronto para um churrasquinho e uma confraternização. O
que mistura as turmas e apresenta gente diferente que acaba
combinando e dando certo; o cupido.
Há também um “teste”
o qual submeto meus amigos. Se não tiver estrutura, entra como
conhecido. Para ser amigo, não pode ser "mimimi", precisa
combinar com meus valores e caráter. Descarto sumariamente,
sem remorso, pois não tenho porque investir tanto tempo e
dedicação em alguém que não há identificação recíproca. Guardo
a energia boa para os que merecem. E na hora que o sapato
aperta, eles estão sempre comigo assim como eu com eles. E
todos sabemos disso.
Sou o primeiro a
chegar e o último a sair, o que tem a iniciativa dos convites.
Acho honestamente que no início eles aceitam mais por pena
e/ou consideração, ou até vergonha de tanto negar do que por
vontade, mas depois todos acabam tomando gosto.
Essas reuniões me
recarregam. É como se a energia proporcionada pela junção com
todos que quero bem fosse vital para minha sobrevivência. E
como é divertido! Mesmo que seja para fazer as coisas mais
simples, como uma roda de chimarrão com bolo.
É claro que isso
sempre causou em um momento ou outro descontentamento por
parte de minhas namoradas, que nunca tinham um tempo sozinhas
comigo (obviamente depois daquele calor inicial do inicio de
qualquer relacionamento) e que ficavam enciumadas, cansadas ou
incomodadas com as recorrentes junções. Mas nada que alguém
que goste de mim como sou e que me aceite verdadeiramente não
acabe sempre relevando por entender a importância para mim.
O fato é que de
tanto plantar, hoje colho maravilhosas amizades, flexíveis
como o bambu e sólidas como a rocha, com uma receita bem
simples: ofereça mais do que espera receber, sem desistir e
com fé, pois cada amigo é uma joia cara e rara e precisa ser
preservado com o devido cuidado.
Aos amigos que não
mantenho contato diário, saibam que continuam tão vivos em meu
coração e pensamento quanto quando andávamos juntos
diariamente. Nada que não seja certamente recíproco ou que
vocês não soubessem. Amo vocês, mãe da focas!
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