Tenho um primo que
evangeliza
sempre contra os relacionamentos. Não porque quer que as pessoas
vivam
solteiras ou sozinhas, mas porque entende que nenhum
relacionamento tem futuro,
visto que não duram quase nada.
A teoria dele tem
forte
sustentação estatística, já que ele mostra em números (até
gráficos) que sempre
quando o par resolve casar e/ou morar junto, inicia o fim. E que
daí para
frente é só tristeza.
Para mim é claro o
motivo. A
falha está na comunicação ineficaz, ou melhor, na falta de
comunicação.
Funciona assim,
quando se inicia
um relacionamento, as pessoas querem conquistar; convencer;
envolver, então
acabam relevando algumas coisas e omitindo muitas outras.
Acontece que
conforme o tempo vai
passando, a convivência aumenta, então aquelas pequenas coisas
que foram
cedidas e relevadas no início como barganha para lograr alguma
facilidade de
aproximação ou vantagem, agora são um incômodo bem grave e
tendem a agir de
forma purulenta infeccionando o relacionamento de dentro para
fora tal qual um
câncer galopante até chegar o momento de desapego.
E sabe por que
tudo isso
acontece? Porque normalmente as pessoas não possuem a coragem
necessária para
serem francas, diretas, sinceras e honestas como gostariam e
deveriam por medo
de afastarem seus pares.
Vou citar um
exemplo clássico:
Inicio de namoro, preferência da namorada, abandono do happy
hour com os
amigos, afinal de contas o sexo é muito mais prazeroso e
importante. Depois de
alguns meses, renegociar o tal do bar está fora de cogitação,
afinal foi uma
cláusula aceita do início do contrato, mas raciocine comigo,
imagine quão
simples seria se ao invés de guardar toda essa frustração
decorrente de
decisões erradas as pessoas soubessem conversar? Ou melhor
ainda, e se desde o
início já houvesse espaço para diálogo aberto, colocando os
interesses e
preocupações, com todas as cartas na mesa?
Essa seria não só
uma boa solução,
mas também a fórmula mágica utilizada em relacionamentos
duradouros. Ou você
acha que bodas do que quer que seja acontecem hoje em dia por
comodismo?
Relacionamentos de sucesso dialogam, negociam, conversam, tem
coragem de expor
seus sentimentos e suas vontades, e sabem compreender a vontade
do par.
Meu objetivo com
esse texto vai
além de apenas querer expor meu ponto de vista. A outra intenção
é fomentar uma
pontinha de interesse e curiosidade nas pessoas que o lerem a
fim de incitá-los
a tentar dialogar dentro do relacionamento com o mesmo
desprendimento que o fazem
com amigos.
Meu círculo de
amizades
recorrentemente impressiona-se com a maneira como eu e minha
excelentíssima
somos francos entre nós, principalmente por constatarem a
positividade do
resultado.
Sempre que
“entrevisto” os atores
de relacionamentos falidos, a resposta é a mesma. A expectativa
era uma e a
prática foi outra; falta de entendimento e compreensão; falta de
diálogo.
Se a solução é tão
simples, deve
ser fácil executá-la, certo? Errado! Primeiro passo entender e
aceitar, segundo
passo colocar em prática, e entre esses dois há um universo de
possibilidades.
Mas se os atores não tiverem coragem, então se contentem com o
conformismo
morno e quotidiano dos relacionamentos falidos, pois se você não
está disposto
a conversar sinceramente com seu par, também não está pronto
para um
relacionamento duradouro!
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 18.01.2014
Corrigido por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br
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