Converso
frequentemente sobre
minha necessidade de estar permanentemente apaixonado. Sempre
por algo
diferente. E poucos entendem verdadeiramente isso.
A
paixão, antes de qualquer
coisa, é viciante. Estudos comprovam que vicia tanto quanto
cocaína, gerando
dependência e tudo.
Ativa
áreas de nosso cérebro que
nos fazem sentir mais os cheiros, os gostos e as sensações. O
mundo fica mais
colorido e tudo fica mais bonito. Desde as coisas mais simples
como comer um chocolate
que se torna o mais saboroso já provado em sua vida. As músicas
arrancam
sentimentos, inclusive heavy metal.
Ela
também nos escorraça da zona
de conforto, fazendo com que sempre nos experimentemos e nos
descubramos.
Funciona
mais ou menos assim: Se
eu faço sempre as mesmas coisas, acabo me acomodando e não
descubro maneiras
novas de agir frente a novas situações. Além disso, quando não
me permito em
novos terrenos, estou sempre seguro quanto ao que faço. Tentar
coisas novas,
experimentar áreas e oportunidades diferentes, enfrentar os
medos,
necessariamente implica em autoconhecimento e autodescobrimento.
Ocorre
que como é verdadeira e
genuinamente novo, nos faz tremer. Algo autenticamente
“inovador” em nossa vida
ou rotina certamente nos tirará o sono e muitas vezes nos fará
questionar se
realmente devemos fazer, se está certo. E não se iludam, muitas
vezes está
errado e você saberá que está errado e ainda assim o fará, pois
lhe trará
benefícios futuros como ensinamentos do que não fazer. A exemplo
do dedo na
tomada.
Incorrerá
em erros de avaliação
de caráter, de trabalho, de negócios, de valores, mas aprenderá.
Meu Deus como
aprenderá! E sentirá tanto esse aprendizado na pele, nas veias,
na boca do
estômago, na cabeça, que não conseguirá dormir, comerá feito um
morto de fome
ou então sequer conseguirá comer, e ainda assim será viciante e
valerá a pena.
Conhecer-se,
sentir a vida
intensamente, estar apaixonado por algo, mesmo que seja pelo
trabalho, ou
apaixonando-se novamente pela mesma pessoa continuamente, faz
com que eu sequer
sinta frio no mais rigoroso inverno.
Sentir o
corpo tremer com novas
experiências, voltar a sentir as sensações de criança e
adolescente quando
chegava perto da menininha e queria beijá-la (principalmente
quando conseguia)
fazendo o coração querer saltar pela boca, não há dinheiro que
pague.
Quando
meus conhecidos me vêem
transbordando de felicidade, onde mal consigo parar de sorrir,
quando respondo
a um “como vai?” com um “nunca estive tão feliz e realizado em
minha vida”,
eles entendem que realmente vale a pena tentar, arriscar e se
esforçar, pois o
resultado é inegável.
Uma vida
sem paixões, não nos
permite nos conhecermos e nem crescermos. Uma vida morna não é
digna de
felicidade, é uma quase vida e aqui cito Drummond: “Embora quem
quase morre
esteja vivo, quem quase vive, já morreu”.
Cito
também Miguel Gonçalves que
diz: “se não estás a tremer, é porque não está a acontecer”, que
por sinal é o
título deste.
E minha
deixa final é: permita se
experimentar nas oportunidades da vida, só assim se apaixonará e
aproveitará
realmente o que de verdade vale a pena. Ateie fogo nos fósforos
da imagem.
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 31.05.2014
Revisado por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br
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