Sabe que desde
muito pequeno,
e me lembro ainda de quando meu avô faleceu, e que eu tinha bem
pouca idade -
algo em torno de 4 ou 5 anos -, nunca fui muito apegado a
falecimentos.
Lembro que não
dei muita
importância para isso. Não sei exatamente porque, mas sei que
sempre gostei
mais de celebrar os vivos e os momentos de vida do que o
falecimento.
Quando penso em
reencarnação e
em vida após a morte, sempre considero que, se de fato isso
existe, então eles
tem coisas mais importantes a fazer do que ficar nos importunando
ou se
ocupando conosco, meros mortais de tão efêmera passagem. Crença
minha e que nunca
tentei convencer quem quer que seja a respeito, assim como
respeito a crença
dos outros.
Se não penso em
reencarnação –
e normalmente não creio muito nisso, nem em vida após a morte -
então acredito
que quando alguém falece, acaba ali. Tudo tem um fim!
Pois bem,
seguindo essa linha
de raciocínio, ou qualquer outra linha que ao meu ver seja
saudável, ficar
dando importância e atenção ao que já passou não faz o menor
sentido.
Vejo muita gente
que quando
perde alguém chora, se desespera, tenta suicídio, entra em
depressão, não sabe
mais como lidar com a vida. Considero tudo isso de uma fraqueza
absurda. Aliás,
considero tudo isso absurdo.
Lembro que quando
minha
saudosa mãe faleceu, em dois dias já havia retomado minha vida
normal, pois
considero de um egoísmo incomensurável ficar querendo que as
pessoas que
gostamos permaneçam conosco o tempo que nós achamos e definimos
certo. Faz
parte da vida deixarmos os outros partirem e seguir seus caminhos.
É muito
egoísmo querer que as pessoas fiquem o tempo e da forma que
queremos conosco.
Com meus irmãos
foi a mesma
coisa.
Estou falando
isso pois
estávamos passando essa semana em frente ao cemitério onde minha
família está
sepultada e perguntaram-me se eu queria entrar e verificar se a
lápide estava
em bom estado, se não estava sujo, se eu não desejava efetuar
alguma oração ou
qualquer coisa do tipo.
Informei que não
e as pessoas
se surpreenderam, e fizeram cara de “Como assim? Você não gosta de
sua mãe?”.
No que eu respondi: “Isso não tem nada a ver com os sentimentos e
memórias que
nutro pela minha queria mãe, e sim em como eu vejo o mundo. Na
minha concepção,
precisamos zelar e cuidar dos vivos e não ficar reverenciando
túmulos e mortos”.
Vejo com tristeza
e pesar
pessoas colocando notas de falecimento no jornal. Mas notas de um
mês, um ano,
dois anos, dez anos. Esses dias cheguei a ver uma nota de
falecimento de vinte
anos.
Meu Deus o que é
isso? Quanto
sofrimento essa pessoa deve passar? Ficar contando o aniversário
de falecimento
durante vinte anos?
Puxa vida, se
existe mesmo
vida após a morte, essas pessoas não estão descansando. Se não
existe, fico
pensando em que vida mais triste deva ser a dessas pessoas que não
conseguem se
desapegar dos que já passaram e não conseguem se ver livres desses
sentimentos
por alguém que há muito se foi.
Passar anos e
anos lastimando
a perda de alguém não é, independente do que digam, saudável e não
arranjo
meios que me façam entender como pode existir esse lúgubre hábito
entranhado na
rotina de quem quer que seja.
O mundo tem tanta
coisa boa
para ser aproveitada, tanta gente especial para nos fazer
companhia e
compartilhar alegria, que ficar celebrando morte e seus
aniversários não
deveria mais existir.
Espero que o dia
em que eu
falecer tenha nota de falecimento e no máximo de missa de sétimo
dia – e,
preferencialmente, que esteja cercada de notas de nascimento,
casamento e
festas de formatura ou outras comemorações, pois pretendo, quando
partir, estar
tranquilo e seguro de que estive sempre cercado por pessoas que
vivem do
presente e que celebram as coisas boas e positivas e não tristezas
e coisas
ruins.
E você? Dá mais
atenção às
coisas positivas? Ou costuma se ater ao que lhe entristece? Veja
sempre o lado
bom da vida! Celebre a felicidade!
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 18.04.2015
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br
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