Essa semana muita gente ficou discutindo sobre estupro.
Achei engraçado que no meio dessa discussão toda sobrou machismo
pra cá, feminismo pra lá, coxinhas e pelegos e tudo mais que é
"ofensivo" e poderia ser usado como rótulo depreciativo.
Vi pessoas desfazendo amizades por não serem capazes de pensar
diferente e coabitarem na mesma, pasmem, timeline.
Uns dizem que foi estupro e defendem sua posição. Outros dizem que
não foi e defendem outro aspecto.
Pelo que eu entendi, a maioria das pessoas que era "a favor" do
estupro, entendeu que a menina não foi estuprada.
Ela trocou sexo por drogas, com uma turma que já tinha feito isso
antes. A própria mãe da menina disse que demorou para acontecer e
que sabia que a menina já havia trocado sexo por drogas com 5
meninos.
Soma-se isso ao contexto todo do local, da turma, do horário, da
companhia, etc.
Isso significa então, ao menos para a polícia e para metade das
pessoas, que não foi estupro e que a menina, para sacanear ou
porque viu que havia sido exposta na nuvem, resolveu alegar
estupro.
O que me deixa desconfortável com isso tudo é um cara postar uma
foto visivelmente tranquilo, ou seja, não era alguém
desequilibrado ou daquelas pessoas que habitualmente percebemos
não fazer parte de um bom convívio social e ainda assim, mesmo com
30 testemunhas dizendo algo, por uma pessoa dizer outra totalmente
diferente, ela estava certa e todos os outros errados.
Agora pense comigo. Digamos que essa menina não foi mesmo
violentada (e considero esse um dos mais bárbaros crimes
existentes. Que fique claro que sou veementemente contra qualquer
tipo de abuso ou violência contra qualquer pessoa) o que acontece
com as 30 vítimas?
Pense mais longe então, nos precedentes que isso abre.
Se depoimento não vale, qualquer mulher pode ter sexo selvagem com
alguém e incriminar outra pessoa. Basta que a mesma não tenha um
álibi sólido.
Isso é um absurdo!
E reitero. Não sou a favor do estupro e não estou afirmando que
ela não foi estuprada. Estou trazendo fatos e uma reflexão quanto
a tendenciosidade da justiça brasileira.
Ninguém que está defendendo a pobre moça sequer considerou que ela
possa ser alguém sem amor próprio, sem valores. Uma daquelas
mulheres "da pá virada" e que goste de sexo grupal com 30 homens e
que depois de aproveitar todos eles caiu cansada em êxtase e por
efeito das drogas que seriam seu pagamento?
É preciso ver os dois lados sempre.
E quem defende que ela não foi estuprada, já pensou que se de fato
ela o foi, como deve ser o procedimento agora?
O que precisa ser feito para evitar que se repita tamanha
atrocidade? Qual a maneira de coibir e punir esses 30
estupradores?
O que deve estar passando na cabeça da menina?
Independentemente de sua posição isso não deve, sob hipótese
alguma, prejudicar qualquer laço social ou pessoal. O mundo é
cheio de opiniões diferentes e aceitá-las faz parte da civilidade.
Inadmissível que não consigamos dialogar em pleno século 21.
Falta empatia e humanidade para os humanos.
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 04.06.2016
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br
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