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segunda-feira, 28 de março de 2011

Teoria dos superpoderes (síndrome do Papaéu)

Uma coisa que me espanta muito é como as pessoas acreditam em superpoderes. Vivemos num mundo onde todos creem que nada lhes vai acontecer. São dementemente negligentes com corriqueiridades quotidianas.
Começo com o trânsito, e aqui cito dois exemplos clássicos. Praticamente todos que conheço, não utilizam o cinto de segurança no banco traseiro, mas concordam, em maioria, que é importante utilizá-lo no banco da frente. Ora, então vos pergunto. As pessoas do banco traseiro estão sujeitas a outro tipo de lei da física das que estão nos bancos da frente? Alguém já assistiu aos vídeos explicativos do que acontece em um acidente quando todos do carro estão acintados, a exceção de um único passageiro sentado atrás?
Essa pessoa funciona como uma arma e pode matar a todos, pois seu corpo é arremessado com violência contra todos os demais ocupantes do veículo. No final deste post, tem links de propagandas muito bem feitas mostrando de maneira magistral como ocorre.
O que não entendo é, se as pessoas sabem o quão importante é a vida, que o cinto praticamente não incomoda, então por que, afinal de contas, não o utilizam? E pior, muitas não utilizam nem nos bancos da frente.
Veja bem. Se todos hoje já sabem e entendem a importância disso para a segurança, então porque insistem em não fazê-lo? Quem não conhece ao menos um caso de alguém que foi salvo pelo uso do cinto?
Se você é suicida, kamikaze, masoquista ou qualquer outra forma de autoflagelo, então pense nos outros. Ao não utilizar o cinto, o que ocorre com quem está em seu carro? E com as pessoas fora de seu carro? Sim, pois seu corpo pode ser arremessado para fora.
Ok, aqui voltamos aos superpoderes, pois, você realmente acredita que nada lhe vai acontecer. Seus superpoderes realmente são super. Ninguém irá lhe bater, você não baterá em absolutamente nada ou ninguém, nenhuma eventualidade acontecerá enquanto está dirigindo.
Para os defensores de que o uso do cinto é prejudicial, argumento com estatísticas. Normalmente as pessoas que se acidentam e morrem devido ao uso do cinto, em mais de 95% dos casos, está relacionado ao mau uso desse. E em situações em que o cinto poderia atrapalhar, como um carro que capota e fica com as rodas para cima, dentro de um riacho, sendo bem específico, se o cinto não estivesse sendo utilizado, possivelmente ele não estaria consciente para reclamar do cinto ter travado ao tentar sair.
Ainda no trânsito, pergunto a todos os que bebem e dirigem: Você está psicologicamente preparado para, ao perder um milésimo de segundo de reflexo com a bebida, - e você vai perder, independente do pouco que bebeu - arcar com as conseqüências de um atropelamento a uma criança que displicentemente se coloca em frente ao seu carro abruptamente?
As pessoas simplesmente ignoram o fato de que, mesmo que andem devagar, e normalmente não o fazem, ou com cautela dobrada, o fato de se envolver em um acidente independe, muitas vezes, do condutor.
No entanto a perda de reflexo, mesmo que o álcool ingerido seja em pequena quantidade, acontece. Depois você se culpa por ter sido negligente e por ter acarretado o falecimento de um ente querido, um conhecido, ou mesmo uma pessoa estranha, uma criança. Nunca se sabe o que pode ocorrer, mas podem-se tomar medidas preventivas para evitar o pior.
Seus superpoderes não aliviarão sua culpa após ter ocorrido a fatalidade. Isso, é claro, se você ainda possuir capacidade mental de se culpar, ou pior, se ainda estiver vivo para contar a história. Pense bem. É um momento que pode despedaçar sua vida para sempre, e, possivelmente, de outras pessoas também.
Por último, e agora não de trânsito, falo sobre o sexo sem preservativo. O que diabos faz os "humanos" pensarem que “com eles não irá acontecer”? Qual a ”superinvisível” camada protetora de anticorpos ou anti-DST existente?
Conheço gente esclarecida que sabe todos os riscos do sexo sem proteção e ainda assim o faz. As pessoas negligentemente pensam que realmente não irá acontecer com elas. O raciocínio óbvio que ninguém faz é que o parceiro sexual também tem o mesmo pensamento e que o fato de estarem coitando sem a devida proteção prova a negligência do outro que com a mais absoluta certeza já é reincidente nessa prática. Com outra pessoa também negligente e assim por diante. Isso é, ululantemente um comportamento de risco.
E você ainda é estúpido o suficiente para dizer que confia? Depois de um tempo, as pessoas se acostumam e não muda nada, nem parece que há uma milimétrica capa filtrante entre os dois. O ser humano é adaptável. Ou esteja sempre com um preservativo no bolso, ou esteja preparado para perder boas oportunidades. A vida e a saúde valem muito mais do que uma transa inconsequente.
Vê bem. Não menosprezo a transa inconsequente. Acho sensacional, mas sou categórico ao afirmar que sexo algum compensa uma vida posta fora e anos de saúde frágil. Mesmo que AIDS não mate mais, a vida como portador desta, com certeza, não é fácil.
Se você não se ama e não se cuida, pense ao menos nas pessoas que você quer bem. Zele por quem lhe quer bem também. Agora, se você não está se importando com a própria vida ou a de qualquer outra pessoa, informo acintosa e agressivamente: FIQUE LONGE DE MIM E DOS MEUS, pois eu amo a mim, a minha vida e as pessoas que escolhi para a partilharem comigo.
E encerro endossando a promessa feita no twitter: Nunca mais coloco um cigarro na boca. Nem todo o prazer e regozijo proporcionados por todos os anos e momentos juntos do cigarro compensam um dia sequer do sofrimento que meu mano está passando no hospital devido ao câncer. Abalou minha estrutura.





@rjzucco