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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Dia dos namorados

Na semana do dia dos namorados uma cliente perguntou-me o que havia comprado para presentear minha excelentíssima.
Respondi que não havia comprado presente algum. Então ela redarguiu sobre o que eu compraria. Respondi que não faria.
Quando falei isso as mulheres que trabalham comigo manifestaram-se horrorizadas. Como pode um namorado ser tão frio e insensível a ponto de deixar passar uma data tão clássica em branco? Como pode não comprar nem uma lembrancinha sequer? E antes de sair, parou na metade do caminho, virou-se e disse afirmativa e categoricamente: “Você deve comprar ao 
menos UMA rosa que seja, ou UM bombom, mas precisa dar um presente!”
Falou como se essa fosse a única verdade possível, como se conhecesse todas as mulheres tal e qual a palma de sua mão, e saiu, provavelmente crente de ter me deixado convencido ou ao menos com peso na consciência. 
Aprovada por todas as mulheres do ambiente que a endossaram.
Ocorre que não acho que algo material precise ser dado em datas românticas. Não penso que esse consumismo materialista que enfiam diariamente garganta adentro nos consumidores também precise ser aceito por mim. Não entendo que o ato de comprar algo para a pessoa que amo significará mais do que palavras sinceras ou gestos de carinho.
Felizmente a pessoa que está comigo sabe que não é por causa do dia dos namorados que sairei de casa e comprarei algo que vale um quarto do valor da época, para que represente o que demonstro diariamente e que não há dinheiro que compre, para uma pessoa que não espera de mim bens materiais ou coisas e sim sentimentos, atitudes e gestos.
Sorte do comércio as pessoas não pensarem como eu, para que as mulheres possam ser presenteadas por homens que não costumam fazê-lo se não em datas assim. Ou por homens que precisam comprar para preencher, já que palavras, gestos e atitudes não são de suas práticas.
Então os que estão acostumados ao mecanismo capitalista que fomenta violentamente o consumismo (e não me entendam mal, sou apaixonado pelo capitalismo) e que consequentemente nunca pararam para pensar em: por que comprar algo? Por que a coisa material ou que custe dinheiro precisa ser a prova de alguma coisa? Por que o sentimento sincero e verdadeiro não é suficiente? Sentir-se-ão ofendidos e tentarão defender-se argumentos do tipo: “os românticos presenteiam”,” eu faço sempre tudo 
que posso e nessas datas o adicional é o presente” e por aí vai. Quando na verdade isso é tudo uma desculpa para a falta ou preenchimento de algo que não vem sendo entregue.
Continuo na minha briga pelos valores corretos, e nesse exemplo defendo que antes de comprar, procure estar, pensar, fazer e ser algo para quem você ama. Será o melhor presente da vida dessa pessoa, pois será permanente, diário, apaixonante, sem preço e exatamente o que a pessoa gostaria de ganhar.
Agora, se quem está com você interessa-se mais por um presente do que pelo que supracitei, então que bom que ela está com você e não comigo!
Feliz dia dos namorados!
 
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 15.06.2013 
Editado/corrigido por Thiago Severgnini

@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br