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quinta-feira, 18 de junho de 2015

Religião na escola



Sempre fui a favor da religião. Entendo que ela é necessária para controle social e de massas. Mas não apenas por isso. Religião ensina muitos valores que normalmente a maioria dos pais não tem capacidade de repassar de uma forma a ficar consolidado no coração e na mente das pessoas. É um valor, para muitos, mais forte que a lei ou mesmo o respeito aos familiares, embora se confundam regularmente.
Não entro aqui no mérito de qual religião é certa ou qual errada, nem mesmo se uma é melhor que outra, mas quero no entanto ressaltar uma das minhas maiores queixas e frustrações do tempo da escola. A religião “guela abaixo”.
Lembro que estava na quarta série e estudava numa dessas escolas municipais que são orientadas por alguma instituição religiosa quando uma professora, chamada Irmã Ceci ou algo do gênero, nos mandou cantar uma música “de igreja”.
Eu devia ter em torno de dez anos, e não aceitei tal obrigação. Lembro de dizer que não cantaria pois não havia definido ainda se concordava com tal doutrina, que me entendia novo demais para decidir algo desse gabarito e que a escola não poderia me obrigar.
Pois eles forçaram a barra e tentaram me obrigar. Falaram que quem optou por estudar em uma instituição que defende valores religiosos fui eu.
Não vou falar aqui qual escola é pois embora serem defensores de religião e de boas práticas, na prática são rancorosos e vingativos e não tenho tido tempo ultimamente para comprar esse tipo de briga.
Mas voltando ao foco do assunto, disseram que se eu não cantasse chamariam meus pais na escola e que eu deveria fazê-lo, afinal de contas essas eram as regras da instituição.
Foi quando pedi à “flexível” irmã que me mostrasse onde, no regulamento do colégio, constava a obrigatoriedade dos alunos em seguirem a doutrina pregada pela escola e principalmente, se estava explícito que eu era obrigado a cantar aquelas torturantes músicas.
Sei que foi tão chocante, pioneiro e ofensivo à diretoria e à “compreensiva” irmã que de fato chamaram meus pais.
Lembro-me que fiquei um pouco constrangido por eles, um pouco preocupado pois não sabia como eles agiriam, e mais obstinado ainda a não ceder em meus valores que desde, pasmem, dez anos, já eram não convencionais.
Quando meus pais chegaram, perguntaram por que eu não queria cantar. Aleguei que ainda não havia me decidido se aquela era a religião que queria seguir, e que não concordava com o que a letra da música defendia, e que o fato de me estarem obrigando me levava a crer que aquela religião certamente não seria minha opção, que não tinha nada no regulamento da escola que dizia ou me obrigasse a praticar tal conduta e principalmente, que eu havia sido orientado por eles, meus pais, de que quem escolheria em que acreditar e quais seriam minhas convicções seria eu. Que eu não precisaria seguir forçosamente a crença de outras pessoas.
Eu sabia que os colocaria em uma sinuca de bico. E realmente eles ficaram em uma situação delicada. Pediram então que eu cantasse apenas para não me opor à tal irmã.
Eu disse que não faria e que se quisessem me expulsar, que o fizessem (obviamente que estava aterrorizado com o fato de realmente ser expulso, ficar com meu boletim “maculado”, perder um ano e mais todas as angústias que uma criança dessa idade tem.
Então negociamos e entramos em um acordo. Eu participaria das atividades, que para mim eram torturantes, da “amável” irmã, mas não cantaria e também não instigaria outros a agirem da mesma forma. Ou seja, não canto, não convenço os outros e ainda sou punido. Ela ficou satisfeita!
Não pensem que nos tempos atuais algo mudou. Hoje ainda enfiam religião garganta adentro dos alunos, forçando-os a seguirem algo que nem entendem direito.
Está na hora de revermos nossos métodos educacionais, revermos nossos conceitos de crenças e religiões, revermos as instituições que seguimos, e principalmente revermos as atitudes das pessoas que ensinam nossos filhos. Afinal de contas se eles não são capazes de convencer com argumentos, nem de flexibilizar frente uma criança de míseros dez anos, certamente não estão preparados para difundir palavras em nome de quem quer que seja.
Por uma sociedade formada por instituições laicas que oportunizem aos alunos escolherem seus caminhos de acordo com suas convicções e valores. Abaixo às “irmãs Cecis” da vida que sequer conseguem argumentar inteligentemente com crianças de um quinto de sua idade.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 23.05.2015
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br

terça-feira, 16 de junho de 2015

Milicos



Lembro-me bem até hoje de quando tive que me apresentar ao exército para o serviço militar obrigatório. Estava apavorado. Queria estudar para o vestibular. Queria faculdade. Queria ganhar o mundo e queria fazer isso ao meu modo e com meus pés.
Não queria continuar seguindo a logística militar que sempre tivemos em casa por ter um “milico” da reserva conduzindo firmemente as regras domésticas.
Meu pai não intercedeu para que eu ficasse, mas também não fez o menor esforço para eu sair. Fiquei até o último dia de seleção e, por uma boa vontade de algum mais graduado, acabei “escapando” já na prorrogação do segundo tempo.
Pois hoje vejo uma juventude sem parâmetros. Vejo pais que não educam. Vejo famílias repassando o dever de educar dos pais, os limites à polícia, e as consequências à falha e morosa justiça.
A consequência disso é uma geração irresponsável, que acredita ter o rei na barriga. Os jovens não tem limites.
Não recebem educação. E como Einsten disse: “Educação é tudo aquilo que sobra quando você esquece o que aprendeu na escola”. Então, são mal educados de muitas formas, não só com a sociedade, mas consigo mesmos, com meio ambiente e o resto todo.
Não querem saber de nada com nada. Vivem a geração da impunidade e aprendem isso desde muito cedo pois hoje em dia os papais e as mamães não batem porque pode traumatizar o coitadinho do filhinho. Depois, veem os coleguinhas fazerem o que querem em sala de aula e na rua e também nada acontece. Quando adolescentes, veem os políticos, ladrões e os profissionais fazer o que querem com tudo e nada lhes acontecer. Com todos esses exemplos, tem certeza do direito que lhes cabe de fazer o que lhes bem entender sem que o que quer que seja aconteça.
A polícia precisa acabar prendendo esses desajustados, mas nada acontece ainda assim, pois são soltos logo em seguida e os policiais ainda recebem uma advertência.
E lhes pergunto agora, sabe porque isso tudo acontece hoje? Sabe como tudo poderia ser evitado?
Serviço militar obrigatório PARA TODOS!
E digo mais, isso deveria ser expandido também para as mulheres que tanto querem direitos iguais. E não paro por aqui. Defendo que as coisas possam ser como eram 15 e 20 anos atrás. Quando direitos humanos e o capeta não se metiam nem se envolviam com o regulamento interno militar. Quando os oficiais e sargentos eram soberanos sem precisar se preocupar com gente que não tem nada útil para fazer e resolve tentar estragar uma das poucas coisas boas remanescentes de nossa pátria.
No quartel aprende-se limites. Eles entendem na marra o que é hierarquia. Que respeito não é só bom, é obrigatório!
Aprendem a ser organizados. Aprendem o que é dever. Aprendem a ser gente. Entendem que o universo não gira em torno de seus umbigos e que independente do que queiram ou de quanto dinheiro tenham, precisam seguir regras e que elas são para todos.
Que as ordens tem um propósito e que, concorde ou não, elas serão cumpridas.
Saudades do tempo em que merthiolate doía, ao menos tínhamos pessoas mais resistentes às pequenas dorzinhas da vida e não reclamando de qualquer olhar atravessado.
Hoje a sociedade cria margarinas, quando na verdade precisamos de osso com tutano.
Parabéns a todos que serviram ou que aprenderam com seus pais sobre os valores corretos de um serviço militar e tudo que isso representa. Vocês certamente refletem positivamente em nossa nação.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 16.05.2015
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br