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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Amarildo

Todo mundo fala do tal do Amarildo. Chamam de vítima e de pobre coitado. O “pobrezinho” do pedreiro foi abduzido pela policia? Fazem passeata, manifestações. Já culpara a polícia, já culparam todo mundo.
Não gosto de tomar partido antes de saber mais informações das partes envolvidas, mas gostaria de lançar aqui alguns comentários para reflexão dos que são contra e dos que são a favor desse caso.
A polícia trabalha no limite, ganha pouco, se estressa muito, está mal equipada e para completar, é obrigada a engolir impunidade goela abaixo, vendo recorrentemente os marginais serem soltos independente do crime. Isso cansa!
Até os mais controlados têm o seu limite, e ele é testado diariamente nessa profissão. E ainda, muito raramente pessoas corretas são abordadas pela policia. Os homens da lei são acostumados a lidar com marginal o tempo inteiro e reconhecem o “tipo” pelo jeito de andar e de olhar. Dizer que o tal pedreiro é absolutamente inocente sem sequer olhar a situação com mais cautela e atenção é no mínimo negligência e tendencioso. Obviamente que não justifica o excesso de violência, muitas dessas características são inerentes à função e já eram conhecidas antes do policial ter se candidatado ao cargo. Ou alguém acha que é fácil ver malandro fazendo cachota de sua profissão, sua função, sua pessoa, diariamente e de várias formas? Além de ameaçar a família do policial e prometer (e muitas vezes cumprir) rechaçassão.
Agora suponhamos que o pedreiro realmente seja o mártir dessa novela toda. Primeiro que não sabemos exatamente o que aconteceu com ele, mas assumindo que tenha realmente apanhado da policia, e que esta tenha se excedido, é preciso tomar medidas urgentes para garantir estabilidade emocional, punição e afastamento de gente que sequer consegue exercer sua profissão sem agredir a mesma população a qual deveria defender.
É inadmissível aceitar que até quem deveria zelar pela nossa segurança a coloca em risco, quando, na busca de justiça com as próprias mãos, agem como criminosos, acabando com a credibilidade de corporação. E no meio desse caos todo onde desde o bandido até o político há impunidade escrachada esfregada em nossa face diariamente, a polícia, que deveria ser a parte executora de ordem, fica desnorteada.
E quando a polícia se desnorteia, o cidadão fica sem referência de segurança. Nesse momento nossos modelos de sociedade começam a entrar em colapso.
Mas falando sinceramente, depois que eu vi a entrevista da família desse tal de Amarildo, tudo fez sentido. Se eu fosse ele, também teria sumido no mundo, ou do mundo. A esposa do pobre é uma mistura de cruz credo com meldels. Continue onde está Amarildo.
 
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 12.10.2013 
Editado/corrigido por Patrick Heinz e Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br