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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Receita da amizade




Muitas pessoas me perguntam como faço para ter tantos amigos de verdade. Normalmente se conquista apenas uma meia dúzia em uma vida inteira e eu tenho bem mais que o triplo disso, de amigos de verdade, sinceros e devotos. Então qual o segredo?
Quando saí de Santo Ângelo para morar em Santa Maria, minha turma se separou, éramos seis. Com o tempo eles foram se afastando e perdendo o contato, e hoje falam-se pouco, mas continuam sendo grandes amigos.
Não é porque não há contato diário - tanto pessoal quanto virtual, independente da forma – que o sentimento esmorece, arrefece ou que paramos de gostar. Amigo de verdade não é esquecido. Diferente de paixão e amor por cônjuge ou afins.
Quando saí de Santa Maria, a turma se afastou, mas continua mantendo contato até hoje. Depois fui para Porto Alegre e a turma cresceu bastante. Quando voltei para Santo Ângelo: novamente a antiga turma se afastou!
Bom, alguns segredos são muito simples. Eu era o cimento que mantinha unido os tijolos amigos no muro da amizade. E essa construção exige paciência e dedicação. É necessário fazer a fundação com os valores corretos para que algo sólido seja erguido.
A segunda dica é nunca desistir. Muita gente ao longo dessa trajetória toda me perguntou: “por que continua convidando para o vôlei?”; “por que insiste se ele não demonstra interesse?”; “ele nem mora mais no Rio Grande do Sul, desiste de convidar”; “ele não quer mais saber da turma depois que começou a namorar”. E a resposta que eu sempre dei foi: “eu não desisto dos meus amigos, enquanto puder, darei a oportunidade”.
Chamam-me de teimoso e obstinado. O que sempre bota lenha na fogueira das junções, sempre pronto para um churrasquinho e uma confraternização. O que mistura as turmas e apresenta gente diferente que acaba combinando e dando certo; o cupido.
Há também um “teste” o qual submeto meus amigos. Se não tiver estrutura, entra como conhecido. Para ser amigo, não pode ser "mimimi", precisa combinar com meus valores e caráter. Descarto sumariamente, sem remorso, pois não tenho porque investir tanto tempo e dedicação em alguém que não há identificação recíproca. Guardo a energia boa para os que merecem. E na hora que o sapato aperta, eles estão sempre comigo assim como eu com eles. E todos sabemos disso.
Sou o primeiro a chegar e o último a sair, o que tem a iniciativa dos convites. Acho honestamente que no início eles aceitam mais por pena e/ou consideração, ou até vergonha de tanto negar do que por vontade, mas depois todos acabam tomando gosto.
Essas reuniões me recarregam. É como se a energia proporcionada pela junção com todos que quero bem fosse vital para minha sobrevivência. E como é divertido! Mesmo que seja para fazer as coisas mais simples, como uma roda de chimarrão com bolo.
É claro que isso sempre causou em um momento ou outro descontentamento por parte de minhas namoradas, que nunca tinham um tempo sozinhas comigo (obviamente depois daquele calor inicial do inicio de qualquer relacionamento) e que ficavam enciumadas, cansadas ou incomodadas com as recorrentes junções. Mas nada que alguém que goste de mim como sou e que me aceite verdadeiramente não acabe sempre relevando por entender a importância para mim.
O fato é que de tanto plantar, hoje colho maravilhosas amizades, flexíveis como o bambu e sólidas como a rocha, com uma receita bem simples: ofereça mais do que espera receber, sem desistir e com fé, pois cada amigo é uma joia cara e rara e precisa ser preservado com o devido cuidado.
Aos amigos que não mantenho contato diário, saibam que continuam tão vivos em meu coração e pensamento quanto quando andávamos juntos diariamente. Nada que não seja certamente recíproco ou que vocês não soubessem. Amo vocês, mãe da focas!







Publicado em: A Tribuna Regional no dia 30.11.2013

  Corrigido por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br