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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Efeito Borboleta

Frequentemente me pego imaginando em como seria minha vida se determinadas decisões tivessem sido tomadas de outra forma, mais ou menos como o filme Efeito Borboleta.
Estava lembrando da minha infância e de tudo que compartimentalizei ou apaguei da memória e não consigo mais ver quando passo o filme da minha vida na tela da mente.
Quando penso nisso, divago quanto ao que teria sido de minha personalidade hoje se eu tivesse sido mais corajoso com as coleguinhas por quem eu era apaixonadinho ou se eu tivesse entendido que estudar a sério realmente me daria um bom futuro.
Como seria se cada decisão tomada e os consequentes aprendizados acumulados que moldam nossos valores, personalidade e caráter tivessem sido diferentes?
Penso que muito do que sou, e também do que deixei de ser, é por influência do mau exemplo que meus irmãos mais velhos, na época ainda pós-adolescentes, me davam. E, consequentemente, eles tiveram o exemplo de alguém que moldou suas personalidades. Assim como meu pai e minha mãe e por aí vai...
E se eu tivesse como voltar no tempo e mostrar uma foto ou vídeo aos meus irmãos e mãe ainda saudáveis deles definhando em uma cama nos últimos dias de vida, ainda jovens e com câncer? E se eles pudessem optar por largar os vícios e cuidar de si a tempo? E se hoje fôssemos uma família unida e completa, todos saudáveis e todos trabalhando juntos em busca de um objetivo comum?
Como seria a influência da vida deles em minha vida? Em minha personalidade? Em meu futuro? E como seria a influência de minha vida na das pessoas com quem convivo?
Todo esse exercício é apenas pra expor que toda e qualquer decisão que tomamos, gera uma consequência não só na nossa própria vida, como na de todos que fazem parte dela, e que é necessário zelo e coerência. Precisamos ser consequentes quanto a qualquer ato, desde dobrar uma esquina para direita ou esquerda até abordar ou não o amor de sua vida numa ocasião inusitada.
Só que isso não é simples assim, pois tem o lado de não deixar a vida passar, de dar a cara a tapa, de permitir as coisas acontecerem e arriscar-se, empreender, autodescobrir-se, enfrentar os medos, ser concupiscente...
A vida é complexa, mas não é tão difícil como muitos pintam. Ocorre que nós a complicamos às vezes. É tudo muito claro para quem tem o coração leve e a mente aberta.
Para dizer também que não devemos desperdiçar as oportunidades da vida, que precisamos tomar cuidado quanto às escolhas que tomamos e principalmente, que devemos cuidar de quem queremos bem.
Por sorte li a tempo -e sensibilizei-me ao fazê-lo- um e-mail que dizia que devemos verbalizar os bons sentimentos aos que amamos, pois nunca sabemos o dia de amanhã. Graças a isso, comecei demonstrar meus sentimentos de forma mais profícua e cobrir minha falecida mãe de "eu te amos", o que me foi muito resignante dois anos depois quando ela faleceu. Tentei fazer o mesmo com meus irmãos, mas como nem tudo depende apenas de nós, consegui apenas com um.
Faço isso com amigos o tempo inteiro, mesmo que uns me olhem atravessado ou sem jeito. Abraço, beijo, cuido, demonstro, xingo, dou lição de moral, aconselho, invado a sala da intimidade sentando bem no meio, cevo um mate e fico pitaquiando. Ainda estou aprendendo a ter a mesma desenvoltura com a família e considero-me mais maduro agora do que jamais fui, e considero-me recém no começo da caminhada.
Então a dica é: ame, demonstre, e exponha-se, pois um pequeno gesto desses pode mudar sua vida completamente, assim como a das pessoas que você ama. Talvez se eu soubesse disso quando criança, eu tivesse conseguido mudar meus irmãos e mãe, né? Vai saber...


Publicado em: A Tribuna Regional no dia 07.09.2012
Editado/corrigido/pitaquiado por: Thiago Severgnini de Sousa
Escrito por:  @rjzucco