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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Ofensa é um presente

Refleti muito a respeito do que me disse um antigo amigo, que diferente de mim é estudado nas artes do jornalismo, a respeito de um dos textos que havia escrito.
A conversa foi privada e o assunto, a ofensa de sua esposa referente a um texto que eu havia escrito.
Isso realmente me deixou intrigado. Ele defendeu que nem ele nem sua esposa concordavam com o que eu havia escrito. Achavam que eu estava redondamente enganado e que eu a havia ofendido.
Então fiquei pensando sobre a ofensa.
ofender | v. tr. | v. pron. o·fen·der |ê| - (latim offendo, -dere) verbo transitivo 1. Fazer mal a (outrem por .atos ou palavras). 2. Magoar; injuriar, doestar; escandalizar. 3. Lesar. 4. Desconsiderar. 5. Pecar contra. 6. [Medicina]  .Afetar, ferir; chegar a. verbo pronominal 7. Levar a mal. - "ofender", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/ofender [consultado em 26-12-2013].
Se alguém me chama de gordo (o que para muitas mulheres é o cúmulo da ofensa) eu não me importo, não me ofendo, dou risada e ignoro. Esse chapéu não me serve, logo não me ofendo.
Se me chamam de moralista, igualmente ignoro e dou risada, pois apenas não me conhecendo completamente para fazê-lo. Esse chapéu não me serve, logo não me ofendo.
Se me chamam de nanico/ toco de amarrar bode / anão de jardim, idem, afinal de contas isso não me ofende.
Se me chamam de lindo, charmoso ou sei lá eu o que, não me ofendo (nem envaideço pois não é para mim) afinal de contas um elogio não ofende.
Daí um camarada vem e me diz que sua esposa ofendeu-se com algo que eu escrevi e me fez pensar longa e profundamente a respeito.
Como pode alguém se ofender com algo que não lhe diz respeito? Com um chapéu que não lhe serve? Com um texto que fala de outras coisas absolutamente diferentes de sua realidade?
Posso não gostar de algo dito a outra pessoa por ser diferente do que penso, mas daí a ofender-me por alguém dizê-lo é, na minha opinião, a maior confissão existente de que eu certamente me enquadro dentro daqueles argumentos os quais estou me ofendendo e mais, não os aprovo.
É como se eu estivesse sendo forçado a ver algum defeito meu que sempre fiz questão de negar. Afinal de contas, “vemos nos outros nossos piores defeitos”.
Então como conclusão de todo esse exercício de meditação ficou a semente da pergunta plantada em minha mente: Alguém se ofende com algo que não enxerga em si mesmo?
A ofensa é um presente e cabe a cada um aceitá-lo ou não. Não precisamos sequer receber, quanto mais multiplicá-lo.
Acho que um bom exercício para 2014 é não tomar para si ofensas dos outros, nem ofender-se com coisas pequenas. Pensar equilibradamente é uma boa alternativa!

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 04.01.2014
  Corrigido por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br