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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Se não está tremendo, não está acontecendo!





Converso frequentemente sobre minha necessidade de estar permanentemente apaixonado. Sempre por algo diferente. E poucos entendem verdadeiramente isso.
A paixão, antes de qualquer coisa, é viciante. Estudos comprovam que vicia tanto quanto cocaína, gerando dependência e tudo.
Ativa áreas de nosso cérebro que nos fazem sentir mais os cheiros, os gostos e as sensações. O mundo fica mais colorido e tudo fica mais bonito. Desde as coisas mais simples como comer um chocolate que se torna o mais saboroso já provado em sua vida. As músicas arrancam sentimentos, inclusive heavy metal.
Ela também nos escorraça da zona de conforto, fazendo com que sempre nos experimentemos e nos descubramos.
Funciona mais ou menos assim: Se eu faço sempre as mesmas coisas, acabo me acomodando e não descubro maneiras novas de agir frente a novas situações. Além disso, quando não me permito em novos terrenos, estou sempre seguro quanto ao que faço. Tentar coisas novas, experimentar áreas e oportunidades diferentes, enfrentar os medos, necessariamente implica em autoconhecimento e autodescobrimento.
Ocorre que como é verdadeira e genuinamente novo, nos faz tremer. Algo autenticamente “inovador” em nossa vida ou rotina certamente nos tirará o sono e muitas vezes nos fará questionar se realmente devemos fazer, se está certo. E não se iludam, muitas vezes está errado e você saberá que está errado e ainda assim o fará, pois lhe trará benefícios futuros como ensinamentos do que não fazer. A exemplo do dedo na tomada.
Incorrerá em erros de avaliação de caráter, de trabalho, de negócios, de valores, mas aprenderá. Meu Deus como aprenderá! E sentirá tanto esse aprendizado na pele, nas veias, na boca do estômago, na cabeça, que não conseguirá dormir, comerá feito um morto de fome ou então sequer conseguirá comer, e ainda assim será viciante e valerá a pena.
Conhecer-se, sentir a vida intensamente, estar apaixonado por algo, mesmo que seja pelo trabalho, ou apaixonando-se novamente pela mesma pessoa continuamente, faz com que eu sequer sinta frio no mais rigoroso inverno.
Sentir o corpo tremer com novas experiências, voltar a sentir as sensações de criança e adolescente quando chegava perto da menininha e queria beijá-la (principalmente quando conseguia) fazendo o coração querer saltar pela boca, não há dinheiro que pague.
Quando meus conhecidos me vêem transbordando de felicidade, onde mal consigo parar de sorrir, quando respondo a um “como vai?” com um “nunca estive tão feliz e realizado em minha vida”, eles entendem que realmente vale a pena tentar, arriscar e se esforçar, pois o resultado é inegável.
Uma vida sem paixões, não nos permite nos conhecermos e nem crescermos. Uma vida morna não é digna de felicidade, é uma quase vida e aqui cito Drummond: “Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive, já morreu”.
Cito também Miguel Gonçalves que diz: “se não estás a tremer, é porque não está a acontecer”, que por sinal é o título deste.
E minha deixa final é: permita se experimentar nas oportunidades da vida, só assim se apaixonará e aproveitará realmente o que de verdade vale a pena. Ateie fogo nos fósforos da imagem.
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 31.05.2014
Revisado por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br