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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Das crianças nos adultos


Lendo um livro clássico e tido por muitos como infantil e superficial, mas que na verdade é um dos mais simbólicos, complexos, profundos e subjetivos que existem no mundo, sendo o terceiro mais traduzido perdendo apenas para bíblia e mais um, percebi algumas frases que fazem um sentido imenso em minha vida, e que certamente explica muitas coisas.
Hoje compartilharei apenas um pedaço, mas em outras oportunidades trarei a pauta outros trechos. O livro? O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry. Tenho certeza que haverá identificação de sua parte também!
Quem me conhece sabe que estou sempre brincando, fazendo trocadalhos, exercitando a criatividade, falando coisas subjetivas e com duplo significado. Gosto disso e sempre acreditei que era por exercitar o cérebro, por forçá-lo a funcionar o tempo inteiro, por me desafiar um pouquinho em cada coisa.
Hoje, depois de reler esta obra prima, percebi que esse até pode ser um dos motivos, mas o fato é que minha criança interior sempre falou mais alto.
Eu brinco o tempo inteiro, mesmo em assuntos sérios, e isso não faz com que eu trate a situação com menos seriedade ou que considere o assunto fútil. Os adultos não entendem que não precisa ter hora para brincar depois que se cresce. E ainda dizem que não é hora de brincar ou que o assunto é sério. Como assim? E criança adulta tem hora para brincar e ser feliz? Principalmente as crianças que tem um universo inteirinho só para elas, nosso infinito particular interior.
Dia desses minha cunhada disse que “eu não sou de Deus” pois em meio a um assunto sério onde todos estavam com aquele tom grave, eu larguei uma brincadeira. Fiquei feliz em constatar que a criança dela ainda está viva, pois sorriu.
É triste notar que quanto mais “adultas” e ocupadas, quanto mais responsáveis e atarefadas, mais as pessoas deixam sua criança interior morrer... E morre de inanição.
Muitos já nascem com crianças doentes dentro de si, mas a grande maioria vai a matando à míngua. No meu caso, tenho uma criança morbidamente obesa. Muita gente cansa, se irrita, se afasta, não entende e faria muita coisa para calar essa cria infernal que não para.
Os exemplos mais clássicos que tenho quanto a diálogos entre minha criança interna e os outros são as piadas e os trocadilhos gerados na hora, provocados por algum acontecimento do momento. Os adultos simplesmente não entendem. Nunca entendem. “Eles tem sempre necessidade de explicações” e ainda assim, os que estão com suas crianças interiores doentes, não acham graça. Nem se permitem desfrutar.
“As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando”. Eu sempre achei frustrante contar uma piada, explicar a piada, desenhar a piada e no final a pessoa ainda não achar graça, o que é natural devido a toda explicação. A piada mais interessante é aquela que com apenas 20% e os outros já entenderam e todos riem juntos. Nesse ponto não conheço gente melhor que os bebezões do TI. Essa trupe tem um raciocínio preparado para entender as coisas rapidamente e poucos não tem uma criança bem arteira dentro de si. Programar e desenvolver normalmente está relacionado com curiosidade e atrevimento, coisa que as crianças tem de sobra.
Divertir-se com pequenas coisas, com muitas coisas, consigo mesmo, divagar, brincar, interagir, imergir-se num mundo fantástico só seu e ainda assim ser feliz.
E para concluir reforço, alimente sua criança, fique velho sem envelhecer, não julgue nem condene ou critique as crianças nos outros. Quando alguém que possui sua criança bem ativa se aproximar, redobre a atenção e se permita aproveitar. Não os faça explicar, seja criativo, viaje.
E para quem não leu o livro, a imagem acima está explicada abaixo.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 02.08.2014
Revisado por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br