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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Lavagem Sutil

Estava assistindo ao jornal “Bom dia Brasil” de manhã cedo, na Globo. Jornal que sempre respeitei, e um dos últimos poucos programas de TV aberta que ainda assistia. Ultimamente (último ano pelo menos) tenho percebido a sutil maneira como os apresentadores e a globo manipulam as notícias e conduzem a opinião da massa ignorante.
Mesmo nesse caso, onde os apresentadores fazem uma análise da notícia, tecendo opiniões normalmente ácidas a respeito dos fatos.
Antigamente eu apoiava as opiniões coerentes dos âncoras, mas hoje trocaram - e trocam com relativa frequência - as mentes “pensantes” que são a cara da emissora. Talvez até por serem genuinamente coerentes, os antigos âncoras tenham sido substituídos.
Cito aqui um exemplo simples da manipulação. Na época dos protestos, bem no início, quando as pessoas começaram a depredar e quebrar, imediatamente os jornalistas repreenderam veementemente a polícia alegando que eles eram opressores e truculentos, e que estavam maltratando os pobrezinhos dos cidadãos.
Isso gerou uma onda de manifestações contra a polícia com reflexos até hoje. Logo depois, viu-se que esses coitadinhos não eram tão santinhos ou pobrezinhos como a imprensa toda divulgava. Eles saqueavam, depredavam, incineravam, e causavam prejuízos incalculáveis. Mas daí a porcaria estava feita e o circo armado. Inês já tinha sido até enterrada.
Bem, mas esse é apenas um exemplo entre tantos. Eles falam de transporte, de impostos, de saúde, de médicos, de cotas, tudo de maneira absolutamente direcionada e parcial. Alguém acompanhou o IBOPE nas campanhas agora? A mídia acompanhou, e de pertinho dizendo sim a tudo.
Mas a gota d’água para mim nem foi isso. Segunda-feira no fim do jornal supracitado, o jornalista teve a imbecil e infeliz atitude de encerrar o programa com a seguinte frase: “Coragem! Porque hoje é Segunda-Feira”.
Meu Deus, se um dos maiores formadores de opinião do Brasil, mente pensante, num dos meios mais direcionados que é o canal de notícias, sutilmente mediante matérias, opiniões e comentários enfadonhos, incute na mente da massa ignorante que a segunda é um dia ruim, pois há a semana inteira pela frente, com muito trabalho desprazeroso e desvantajoso, como o Brasil enquanto nação vai evoluir? Se nem quem, teoricamente, faz o que gosta e ganha bem, gosta do início da semana e a começa animado? Se as pessoas tem a cultura de multiplicar o ostracismo, a insatisfação e a reclamação?
E ainda há quem diga que não há reflexos negativos do governo bolsista do PT?  Que o assistencialismo todo não fomenta a vadiagem, o menor esforço, a falta de vontade de trabalhar, o desrespeito pelo formalismo e pelo emprego digno.
Tá aí o resultado: um bando de gente que não quer saber de trabalho, não gosta do que faz, independente do que seja – mesmo que em outra realidade essa pessoa adorasse a profissão – sendo improdutiva para a nação, gerando retrabalho e gastos infrutíferos para a sociedade como um todo. Uma massa lânguida profissionalmente e um povo ineficiente e improdutivo. A cara do Brasil!
Na sexta-feira é praxe do mesmo apresentador dizer: “Graças a Deus, é sexta-feira!”. O que é isso? Subjetivamente um incentivo a vadiagem? Encorajamento às pessoas não gostarem de seus trabalhos? De serem felizes apenas quando a semana acaba por não ter que trabalhar?
Oito em cada dez servidores públicos que conheço são infelizes na profissão, reclamam dos colegas, do sistema, da falta de ânimo e vontade de todo mundo, dos apadrinhamentos, do crescimento de quem não merece e me dizem sempre que conversamos que estão estudando para outro tipo de cargo, pois não aguentam mais onde estão, e, para continuar no meio desse nicho apenas ganhando muito bem. Ou seja, pessoas infelizes e acomodadas, que se sujeitam a trabalhar em coisas que não gostam pela estabilidade e pelo dinheiro. Como acidamente costumo dizer, prostituem-se e se corrompem por dinheiro, vendendo sua saúde e até mesmo sua felicidade por um comodismo conformista. E baseado nisso que digo que o perfil do funcionário público é absolutamente contrário ao perfil do empreendedor. Nada contra os servidores, mesmo porque felizmente muitos fazem a coisa andar, merecem o que recebem, honram sua função. Todavia estes mesmos sabem que a maioria não está nem aí.
Enquanto isso, na sexta, alguns empresários começam a ficar tristes por não poderem produzir ou ter contato com a maravilhosa energia viva de seu ambiente de trabalho.
Não aceitem lavagem cerebral, sutil ou não.
Felicidade não se compra nem se ganha, mas se conquista com muita competência. Mais uma vez parabéns aos empresários, aos empreendedores e principalmente aos colaboradores, públicos ou não, que produzem e são felizes no que fazem. Vocês fazem a diferença!

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 11.10.2014
Revisado por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br