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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O perfeito imperfeito



Todo mundo fala que procura perfeição. Que quer um relacionamento perfeito, o emprego perfeito e a vida perfeita.
Será mesmo que é a perfeição que todos buscam?
Aprendi em um casamento que o que buscamos é justamente o contrário. Buscamos o imperfeito. (E só aqui entendi o que o Renato Tobias sempre disse)
A perfeição é chata, entediante. Mas é a busca por ela que é legal e vale a pena.
O imperfeito é o que faz a vida valer a pena. Aprendemos com o imperfeito.
Ele machuca, nos faz evoluir e entender o mundo sob uma perspectiva que não conseguiríamos ler em qualquer livro ou manual.
O cachorro perfeito não ensinaria nossos filhos, ou a nós mesmos, sobre relacionamento incondicional, sobre a dor da perda, sobre perdão, sobre ira por ter estragado um móvel caro.
A mulher perfeita não precisa aprender, não há algo a ser acrescentado pelo par ou mesmo a acrescentar para com esta troca evoluir, ela já é perfeita, está pronta. Não combina com o imperfeito.
A casa perfeita, o carro e qualquer outro bem perfeito matam dentro de nós aquela sede em busca de algo melhor.
A vida perfeita seria o que? O fim? Fazer o que agora que não há mais o que buscar e almejar?
Certamente há aqueles que dirão que a vida perfeita deve ser aproveitada em sua plenitude e eu rebato dizendo que não há como aproveitar na plenitude algo que já está pronto e se basta por si.
As interrelações decorrentes das interações entre as coisas, os fatos, os seres, os tempos e locais são o que tornam o mundo imperfeito.
É a imperfeita chuva em um dia que imperfeitamente eu esqueci de verificar a previsão do tempo e saí sem guarda chuvas pois estava calor, molhando as roupas, o corpo e os cabelos. Essa chuva me ensinou sobre meu corpo, sobre a gripe, sobre sensações, sobre anticorpos, sentir a água molhando meu corpo, correr na sarjeta, abraçar...
É um tropeção dos mais imperfeitos na rua, um salto que se quebra (e isso não pode ser perfeito), um joelho esfolado, uma luxação dolorosa que faz eu conhecer a pobre mulher machucada no chão e ajudá-la até um pronto socorro.
E se eu conseguisse chegar a perfeição? Então tudo que eu tinha e considerava perfeito antes não o era? Sendo assim será que essa perfeição é finalmente a perfeita? O que vem depois?
E se depois de eu chegar a perfeição eu ver que aquilo não é o que eu quero, então o perfeito não é perfeito? Então será perfeito quando for imperfeito?
Sim, na minha concepção o imperfeito é o que colore nossos dias, o que “despenteia meu cabelo ao vento”, o que me emociona.
E se a vida não fosse assim, seria perfeita, ou seja, não está perfeito ainda pois falta ficar imperfeito.
Longa vida à imperfeição das coisas, dos relacionamentos e da convivência entre os humanos.
Ideia roubada de um discurso de casamento do Taio Zucco. Um dos Zuccos que finalmente conseguiu casar. Obviamente não porque não conseguimos candidatas, certamente é porque preferimos ficar solteiros. Todos garantem que chove mulher querendo casar.
Parabéns Taio e Tine! Que a imperfeição desse relacionamento todo errado se perpetue até ficarem bem velhinhos. Parabéns por abraçarem o imperfeito e o aceitarem com toda a alegria e positividade que ele merece.

Parabéns Tine pela coragem de casar com um cara que nem o Taio, com esse calhamaço de defeitos. Parabéns por conquistar alguém tão sensacional quanto ele, um dos nossos melhores.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 05.12.2015
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Empresários e Novos Empreendedores



Reativamos neste ano de 2015 o projeto Miniempresa da Junior Achievement.
Este projeto visa fomentar o empreendedorismo nas escolas, ou seja, mostrar aos jovens que existem alternativas viáveis, que eles podem empreender, como funciona uma empresa, como é o marketing, como é a logística, os impostos, o controle ponto, o rh, o financeiro, etc.
Santo Ângelo tradicionalmente sempre ganhou muitas premiações tanto no regional quanto no estadual, pois há uma competição entre as escolas do Brasil inteiro para identificar o melhor achiever, o melhor vendedor, o produto mais inovador entre outros. Contudo nos últimos 10 anos nossa cidade não participou do projeto.
Acreditem, o fato de nossos jovens ainda na escola não entenderem o que é empreender, saber como funciona a constituição de uma empresa, quão pesadas são as cargas tributárias, ver como é lucrativo, viável e legal, acabou fazendo com que uma “leva” grande de pessoas evadissem.
Muita gente qualificada não viu oportunidade aqui e foi empreender fora, muitos optaram por concurso não por preferência ou vocação mas por acreditar que era o único caminho ou mesmo desconhecer a possibilidade e viabilidade de empreender aqui.
Na verdade se fossemos desmembrar todas as consequências ou oportunidades eu escreveria umas boas páginas.
Nesse texto quero destacar um ponto específico: Como os empresários interferem no desenvolvimento municipal.
Em todos os grupos de discussão fica muito claro que a solução para o Brasil é investirmos em educação e acabarmos com a corrupção antes que ela floresça no coração das crianças e que para isso precisamos não só sermos vigilantes mas ativamente fazermos o que for possível para proporcionar esse acontecimento.
Acontece que Santo Ângelo está no estado em que está não só por culpa dos políticos. Na verdade acho até que eles possuem a menor parcela de culpa nessa novela toda.
Os empresários não fazem sua parte, e faz tempo.
Todos reclamam muito, falam mal da administração pública, mas fazem muito pouco. Na hora que precisam dar a cara a tapa, fazer a diferença, realmente interferir positivamente para que algo aconteça na cidade, quase todos se omitem.
É ridículo ver um bando de demagogos falando muito, cuspindo xingamentos, mas fazendo nada para mudar a situação municipal.
Falo obviamente pelo que vi nesse projeto, mas fui atrás e percebi que nada acontece também em qualquer outro projeto, via de regra.
Os empresários usam influência  e network, mas não desembolsam um tostão para fomentar a evolução da cidade, nem mesmo disponibilizam colaboradores ou eles mesmos para fazerem algo em qualquer projeto.
Entretanto, continuam reclamando cheios de razão.
Em tempos de crise muitos patrocinadores pararam de repassar dinheiro ao projeto. Entrei em contato com os empresários municipais informando inclusive que poderia ser abatido no imposto da empresa (obviamente dependendo da modalidade de arrecadação como eles bem sabem), e muito poucos vieram falar comigo.
Para cada aluno precisamos de R$ 30,00, e são 35 alunos por escola. Este ano serão 9 escolas e mais um projeto piloto em uma única instituição onde atuaremos desde a 5ª série.
Isso dá um investimento insignificante frente a arrecadação de várias empresas.
Os empresários não se importam, preferem que vá para o governo a ter que fazer algo que possa retornar ao município em forma de projeto social.
E mesmo que não fosse abatido, pretendem gerar mudança e transformação fazendo o que sempre foi feito?
As pessoas não fazem a sua parte e continuam hipocritamente com sua fulgas indignação passiva.
Menos teoria e mais prática. Precisamos acreditar na cidade e ter atitudes diferentes para começarmos a ter resultados diferentes.
Em 2015 contamos com o apoio de muitos empresários, muitos voluntários e algumas empresas e tudo isso foi determinante e decisivo para o sucesso do projeto. Todos oportunamente foram reconhecidos e agradecidos e sempre serão. Para 2016 outras pessoas já entraram em contato querendo participar, ou seja, estamos ganhando corpo. As pessoas estão começando a acreditar.
Caso alguém queira saber mais sobre o projeto, queira ser voluntário (apenas 15 encontros por ano) ou principalmente auxiliar financeiramente, me procurem.

O projeto sai! Mesmo que muitos não acreditem ou incentivem, e isso eu garanto. Quem está comigo?

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 28.11.2015
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br