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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Servidor público



Esses dias estava pensando sobre a cultura do concurso. A cidade onde me criei (Santo Ângelo) sempre teve isso muito forte.
Os mais jovens crescem querendo passar em concursos. Muita gente se forma apenas para poder concorrer a vagas de terceiro grau.
Então vem a reflexão: Tanto quando eu estudava para este fim (e foram bons longos 10 anos) quanto quando pergunto para alguém ou mesmo vejo algum tipo de reportagem a resposta é unânime - todo mundo faz concurso para mamar nas tetas do governo!!
As pessoas querem passar para ter estabilidade e ganhar bem. E era isso!
Eu nunca ouvi e desafio você a conhecer alguém, que com sinceridade, queira passar em um concurso para mudar o mundo ou o Brasil.
Sério, não existe!
E se por acaso existir em algum lugar, que por favor esteja lendo este texto e venha conversar comigo. Gostaria que me convencesse de que está servindo por idealismo e não pela estabilidade e dinheiro.
Digo isso pois com o tempo investido, a inteligência e capacidade de um concursado, passar e se acomodar é um desperdício.
Empresários trabalham de graça (por muitos anos até o negócio dar certo), são idealistas, lutam por uma causa, um sonho. Querem mudar o mundo e transformar a humanidade.
Os servidores públicos não entram por possuírem um fervoroso desejo de colaborar, produzir, entregar resultado e transformar a imagem de que nada que é público funciona.
Entram apenas para terem segurança de salário gordo e certo no final do mês, principalmente quando não gostam da função e ainda assim permanecem.
Quem não tem um exemplo de algum servidor que prevarica, locupleta ou mesmo negligencia suas funções?
As pessoas querem é ficar estendidas nesse cabide de empregos que é a inchada máquina pública.
Então você pode me dizer que o Seu Fulano executa muito bem seu papel, que gosta do que faz e que com ele a coisa anda.
Eu vou lhe responder que ele pode ser honesto, esforçado, responsável e pode até gostar da profissão. Mas ser feliz e realizado em serviço público, não.
Não há como ser feliz e realizado sem que reconheçam seu mérito. Quando o parentesco e os favorecimentos valem mais que a competência e a produtividade, o tesão e a empolgação pela profissão caem por terra.
E digo mais, desafio perguntarem a qualquer um para saber se quando a pessoa prestou concurso sabia que queria a profissão por acreditar e por querer entregar resultado. Defendo que todos quando entram querem é os benefícios, mas muitos nem tem ideia de quais são os deveres.
As reportagens nos jornais sempre falam em salários, em estabilidade, em segurança. Nunca se fala em produtividade, eficiência, eficácia, responsabilidade com o cliente, etc.
Tem que fazer muita caca para ser demitido. O cara que é desligado de uma função pública fez uma gigante.
Se o servidor não gosta de algum cidadão, aí mesmo é que a coisa não anda.
Entendo que todo mundo mereça aumento de acordo com defasagem de poder aquisitivo, inflação, etc. Mas é revoltante ver as pessoas fazendo greve e querendo ganhar mais sendo que foram aprovadas a menos de um ano. E mais, quando assumiram sabiam quanto ganhariam e não acharam ruim, depois reclamam de aumentos de anos antes de entrarem. A cultura de mamar nas tetas do governo e tirar vantagem.
Óbvio que quem esteve exercendo a função todo esse tempo merece, mas que parcela dos servidores representa isso? Pense a respeito.
Se você é servidor, não se ofenda. Sei de cadeira as frustrações e as mazelas da função. Sei como é angustiante querer fazer a coisa certa, produzir mais e ser boicotado pelos próprios colegas de função.
Gostaria que todas as pessoas que se aventuram na função pública realmente pensassem um pouco mais como os empreendedores, fossem mais idealistas e genuinamente quisessem fazer a diferença. E para aqueles que o fazem, meus sinceros parabéns! Vocês estão fazendo sua parte.

E para os que tentam fazer a diferença e não conseguem, as portas do empreendedorismo estão abertas. Vamos mudar o mundo!       


Publicado em: A Tribuna Regional no dia 19.09.2015
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br