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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Solução para o hospital

Você já fez compras no Zaffari em Porto Alegre?
Se sim, sabe que os caixas ao final das compras lhe perguntam se você gostaria de doar os centavos para um hospital.
Essa genial ideia angaria fundos significativos para as instituições.
Santo Ângelo sofre há anos com a falta de verba para as UPAs e para o hospital municipal.
Por que não seguimos os exemplos de sucesso de cidades onde a doação funciona?
Conversando com os caixas, fiquei sabendo que mais de 90% dos clientes doam não só os centavos para "arredondar" a conta, mas também um pouco a mais.
Essa ideia já foi trazida a pauta em entidades da cidade e ninguém teve interesse em dar continuidade.
Certamente, há alguma coisa nesse contexto que eu desconheço para uma ideia que dá certo em outras praças não vingar aqui. Não sou político e não entendo muita coisa que muita gente do ramo enxerga.
Quem sabe lobby dos supermercados que não querem ser fiscalizados referente a quanto gira de capital.
Talvez criar um sistema onde haja transparência e permita que todas as doações sejam claramente acompanhados pela população seja algo que os tomadores de decisão não queiram para o momento.
Enfim, como não sou da área, não entendo os motivos e tentar explicá-los aqui seria teoria da conspiração. Sendo assim, me atenho aos fatos que tenho conhecimento.
Não me preocupo com a falta de repasse das empresas. Se o dinheiro entra como doação na nota, vai para o sistema desta forma e assim pode ser monitorado.
Minha maior preocupação nesse caso, embora não única, é a de que as empresas que recebem esse dinheiro sejam transparentes e façam o recurso chegar ao destino correto.
Creio também essa é a preocupação de muita gente, pois em países onde até a comida de escolas das pessoas que realmente passam fome são roubadas, desviar fundos de hospitais é fichinha.
É necessário criar um sistema de gestão e controle onde as instituições arrecadadoras disponibilizem ao público quanto está sendo repassado, outra que mostre quanto desse montante chegou ao órgão que administrará esse fundo e, finalmente, quanto desse dinheiro efetivamente chegou ao destino.
E nem entro aqui no mérito de se o hospital ou qualquer outro local que receberia esse recurso faz um gasto consciente desse valor.
Meu intento é garantir a transparência para que todos cada vez mais sintam-se seguros e encorajados a doarem os centavos que arredondariam o troco e façam sempre sua caridade.
Feito isso fica mais fácil trabalhar com campanhas de divulgação e conscientização.
Obviamente que com a carga descomunal de impostos que pagamos, esse dinheiro não deveria ser necessário. Contudo, a má administração pública e a falta de gestão financeira com o nosso dinheiro faz com que ainda tenhamos que doar.
Enquanto há coisas que não podemos mudar, outras podem ser solucionadas com boa vontade e atitude.
Se você concorda, multiplique.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 25.02.2017
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br

terça-feira, 6 de junho de 2017

O que me preocupa na corrupção

O que me preocupa na corrupção é que ela é endêmica. E que, mesmo que digam que o exemplo arrasta, não basta fazermos nossa parte quietos em nosso canto.
É necessário cobrarmos das pessoas que façam a parte delas e chamá-las na responsabilidade de fazer a coisa certa.
E quando eu falo em corrupção não me refiro ao erro de avaliação ou a atitudes infelizes. Me refiro ao que intencional e deliberadamente é feito para não ser pego.
Me refiro a mentira na pergunta direta. Ao troco não devolvido. Ao jeitinho na vaga pormenorizado o contexto...
Quando perguntamos a uma criança que fez arte, se ela fez, ela nega.
Nega porque tem medo da punição, do castigo, da surra...
E quando crescemos e cometemos algum erro na relação? No trabalho? Com amigos? E quando nossa responsabilidade, nossos princípios e valores são colocados à prova?
Quando nos colocam na parede e perguntam a verdade, olhando em nossos olhos, e mentimos, sou eu, enquanto cidadão, endossando a má conduta dos políticos em Brasília que me representam.
Sou eu sem valores ou caráter. Me corrompendo apenas para não ver a cara feia de alguém, ou porque me importo muito ou porque não me importo nada.
Toda vez que faço algo errado vai mais um voto para nossos representantes que, por serem sem valores e caráter como nós, nos representam e nunca fazem o que é necessário para a população.
Quando você ver alguém jogando o lixo na rua, não basta ir lá e juntar. Junte e repreenda quem fez.
O Brasil não vai para frente porque a base que sustenta essa corja toda somos nós. Eles são nossos representantes.
Como Sergio Moro diz, é tudo uma questão de oportunidade.
Mas o que me incomoda de verdade não é tanto o resultado desses pequenos deslizes quando acontece com pessoas próximas a mim.
Porque isso é pouca coisa, insignificante frente a correria do dia a dia, sobretudo quando não pessoalizamos.
Me preocupa quando invocam nossos valores e prevaricamos.
Confiar em quem mente por bobagem é o mesmo esforço de confiar em quem mente com coisas sérias, e não acontece.
E para confiarmos, precisamos de pessoas com valores alinhados aos nossos. Próximas, pois a coerção social não é fraca e só quem tem bases muito fortes resiste.
No país do jeitinho, a tentação de obter alguma vantagem da forma que for é enorme.
Veja o exemplo de Espirito Santo. Os marginais resolveram saquear as lojas e a população o que fez? Entrou na onda e saqueou também.
É pior do que dizia Luther King, os bons não se calaram, se converteram em maus.
O mau exemplo dos bandidos, dos corruptos, dos malandros e das pessoas que sempre dão um jeitinho estão sendo mais seguidos do que os bons exemplos de quem faz a coisa certa.
A cada dia que passa o fardo dos corretos aumenta e isso incentiva a todos a fazerem o errado.
Sejamos o exemplo nessa sociedade corrupta e façamos a diferença!

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 18.02.2017
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br