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quinta-feira, 11 de abril de 2013

Estatística


 Estatística e análises de resultados foram por um longotempo meu trabalho. E eu sempre gostei e continuo gostando. Mas ouvir a mídia manipular as massas com meias informações me irrita tanto que tenho vontade de fundar uma religião só para abrir os olhos das pessoas (ficou meio paradoxal isso...).
A imprensa pega um pedaço da informação, junta com outro pedaço, que não tenha necessariamente algo a ver, faz uma comparação esdrúxula e o povo engole. Pão e circo continuam sendo o vício. O circo tá garantido pela mídia, o pão pelo governo assistencialista.
Trago nesse alguns exemplos. O primeiro se refere às mortes do carnaval. A manchete era algo do tipo: "Apesar dos esforços em fiscalização, mortes aumentam em relação aos últimos dez anos".
Os jornais sequer analisaram todo o fato. O contexto é muito mais complexo. A frota de veículos aumentou muito nos últimos anos devido às reduções de impostos. O número de pessoas em condições de viagem também cresceu. Hoje temos mais veículos de estrangeiros circulando em novas rotas, dentre outras causas que já não são mais necessárias enumerar.
Para qualquer pessoa um pouco mais atenta é fácil deduzir que aumentando o fluxo consideravelmente, o perigo de acidentes acompanha a mesma proporção. E se isso for levado em consideração e então colocarmos o número de acidentes, fica claro que nesse cenário as mortes, proporcionalmente, diminuíram e que as fiscalizações foram, de fato, efetivas.
Outra falácia estatística são as eleições. Mesmo que haja todo um estudo de desvio e que muitas variáveis sejam levadas em consideração, o espaço amostral utilizado é ínfimo frente à população toda. Eu já li manchetes de intenções de voto para presidente, contando como se fosse do Brasil inteiro, mas que havia sido aplicada em 1000 pessoas apenas em São Paulo. Então eu penso: haja algoritmo para calcular as variáveis faltantes, como horário, sexo, faixa etária, faixa de renda, cor, profissão, nível cultural, etc. Então a população acredita naquilo, e como brasileiro "não quer perder o voto", vota "no que vai ganhar".
Morreu mais gente no carnaval desse ano do que nos últimos dez no Brasil, diz a manchete. Não fala se por esfaqueamento, se aumentou o índice de criminalidade, a quantidade de população, se por overdose, se estavam frequentando o carnaval, se morreram em locais alheios a este e bem longe das festas, se foi no trânsito, etc.
O raciocínio é mais ou menos assim: se haviam duas pessoas só no local e uma morre, a manchete é que briga mata metade das pessoas. Então todo mundo fica apavorado.
Outro exemplo vem do futebol. Grêmio não vence Inter há 42 anos. Ao ler isso nos chocamos e imaginamos uma avassaladora soberania ao longo de décadas. Então quando vamos atrás, descobrimos que o Grêmio jogou apenas três vezes nos últimos 42 anos contra o Inter, e que destas foram 2 empates e uma derrota.
Por último cito a que mais me revoltou nos últimos tempos: "Aumenta o nível de alfabetização". Onde? Quando? Em que faixa etária? Em que faixa de renda? Quando li isso não acreditei, irritei-me e fui atrás para apenas confirmar.
Trago dois links apenas para comprovar e endossar o que escrevo. Cada manchete fala o mesmo assunto porém sobre perspectivas diferente se até resultado final absolutamente oposto. Precisamos abandonar aresiliência concernente a mídia.
"Taxa de analfabetismo cai no país, mas ainda atinge 9,1% da população com mais de 18 anos" http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/09/21/taxa-de-analfabetismo-cai-no-pais-mas-ainda-atinge-91-da-populacao-com-mais-de-18-anos.htm
"Analfabetismo: dez anos depois, não saímos do lugar" http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/analfabetismo-dez-anos-depois-nao-saimos-lugar-697865.shtml
Questione as informações enlatadas que lhe empurram goel aabaixo. Seja intransigente com o normal.



Publicado em: A Tribuna Regional no dia 09.03.2013
Editado/corrigido por Patrick Heinz e @AnaLeticiaSilva
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br