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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Insatisfação



Quando fui morar em Porto Alegre, 
via pessoas na ruas 
- parecidas com as de Santo Ângelo - e achava que as conhecia. Quando voltei, o mesmo ocorreu.
Fui em busca de oportunidades, de novos horizontes, de conhecimento...
Estando lá, percebi que sentia falta de muitas coisas e, principalmente, de pessoas da minha cidade natal. Costumes diferentes, realidade adversa da que estava acostumado.
Fiquei um bom tempo remoendo essa insatisfação por estar em POA, querendo estar em SA. Até que aprendi como funcionava a sociedade na capital, fiz bons novos amigos, adaptei-me mais que satisfatoriamente ao universo profissional e, finalmente, aceitei a nova realidade.
Mas a vida é assim, “quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e bagunça todas as perguntas”.
Logo que isso ocorreu, voltei morar em Santo Ângelo. E, novamente, senti a insatisfação, me remoendo. Estar aqui querendo estar lá. Sentir falta das coisas e das pessoas.
A maioria dos humanos é, naturalmente, insatisfeito. E isso é saudável, quando se trata de ambição; estar em um lugar querendo estar em outro não é legal, no entanto!
Muitas vezes fiz viagens maravilhosas, todavia não eram compartilhadas pela companhia que eu queria, então não as aproveitei.
Em muitas situações estive lá, querendo estar aqui, e vice versa. Perdi a conta da quantidade de vezes que estava com alguém querendo estar com outra pessoa. Estar em uma festa sentindo falta de alguém específico.
Fui a shows e a locais fantásticos e não parava de pensar naquela pessoa cuja saudade não cessa e em como gostaria que ela estivesse ali comigo.
Depois de muito tempo, entendi que isso me gerava dupla frustração. Uma por não estar acompanhado por quem eu queria em um momento tão especial, e outra por não ter aproveitado, sabiamente, o tal momento.
Hoje, entendo que cada instante é único e precisa ser vivido intensamente. E, embora entenda, ainda não consigo me desapegar desses sentimentos de querer estar em um local diferente ou em outra companhia em determinadas situações.
Sei que isso faz parte da natureza dos humanos, entretanto, entre entender e ter a maturidade para lidar com esse desapego e viver o presente precioso, há um "Saara" de diferença. Além disso, isso não é para qualquer um. É necessário um nível altíssimo de desprendimento.
A lição que fica disso tudo é que “... a vida é uma só e é agora, e só se morre uma vez. Viva cada momento como de fato ele é – único!”
Ambicionar é muito importante, mas viver é ainda mais. Procure – mesmo que sem sucesso no início – desapegar-se do que você gostaria que fosse e não é. Do mundo perfeito. E aceite a vida e os maravilhosos momentos que lhe são proporcionados. Cada instante é mágico e é único. Não se prive dele!
Queira sempre mais e melhor, não obstante aceite e aproveite o que tem. Isso fará da sua vida algo fora de série.
E seja bem-vindo ao mundo dos que vivem a vida. Os felizes!

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 17.01.2015
Revisado por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br