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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Frustração fantástica

Alguma vez você já se percebeu absolutamente frustrado por esperar algo que não aconteceu, mas ficou feliz com isso? Eu já, e mais de uma vez.
A última foi quando estava dirigindo, à noite, com chuva, saindo de Passo Fundo em direção à serra. Parei no trevo para olhar se vinha carro de algum lado, como usualmente faço principalmente à noite, quando percebi que o carro que vinha atrás não esperava que eu parasse e consequentemente não parou.
Acompanhei ele crescendo em meu retrovisor à medida em que se aproximava, enquanto engatava uma primeira o mais rápido que conseguia, e o carro crescendo e se aproximando, e eu olhando para os lados, para o retrovisor e tirando o pé da embreagem enquanto comunicava a minha namorada para se segurar que ia bater.
O frear dos pneus se fizeram ouvir quando no último instante ele percebeu que eu estava parado, mas já era tarde, não havia como ele segurar a batida, começou a reduzir tarde demais, e os faróis só aumentavam no retrovisor, e nessas horas nossa mente trabalha da forma mais veloz que se possa conceber, então eu já me via no acostamento discutindo sobre como pagaríamos pelos estragos e se continuaria a viagem ou retornaria.
Nesse momento a metralhadora cerebral nos fuzila com informações. Pensei até o quanto estava demorando para aquela eterna primeira marcha começar a desenvolver o motor. Contraí o abdômen, tranquei a respiração, segurei firme o volante e senti um frio gelado percorrer minha espinha enquanto a adrenalina tomava conta da situação.
A batida já tinha acontecido, tudo estava concluso, o carro estava bem amassado e eu me preocupava se minha namorada estava ferida quando de repente, como que por um milagre, milimétricamente aquele mínimo espaço que a primeira marcha andou foi suficiente para que o carro de trás conseguisse frear, e eu fui embora antes que ele batesse e tudo ter acontecido apenas em minha cabeça.
É estranho e ao mesmo tempo frustrante esperar por algo que não acontece, mas é aliviador entender que não aconteceu e que tudo não passou de uma expectativa frustrada de algo ruim que iria acontecer, mas que não o fez.
É curioso pensar que eu estava pronto e preparado para o pior, que já havia inclusive materializado isso em minha mente, e que num repente ao não acontecer, sinto-me logrado pelo acaso e pelo destino que de conluio resolveram pregar uma peça em mim.
O interessante disso tudo é o aprendizado que podemos tirar quando esperamos por algo muito ruim que quando não acontece nos faz sentir como se tivéssemos sido roubados. Como demoramos para aceitar e aproveitar as coisas boas que aparecem em oportunidades que logicamente não deveriam ocorrer.
Acho que a maioria das pessoas segue a filosofia do: “prepare-se para o pior, espere o melhor e aceite o que vier”.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 23.11.2013

  Corrigido por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br