Pesquisar este blog

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Costume da dança



Assistindo aos filmes e novelas que retratam tempos idos, mais especificamente os remotos, entreto-me analisando o comportamento de cada época.
É legal avaliar como os casais dançavam em cada etapa da evolução humana com as variações dos costumes por continente.
Algumas parecem dança de acasalamento entre galos.
O que mais me chama atenção são as pessoas que não dançam porque gostam. Fazem porque faz parte de uma encenação social. Uma espécie de teatro.
Falei sobre isso num outro texto chamado dança do acasalamento.
Mas o objetivo desse texto é falar sobre outra parte específica desse magnífico cenário: o convite.
Incomoda-me quando estou em algum ambiente, explicitamente desconfortável ou deslocado, e alguém tenta me arrastar a força para o meio do salão.
Isso deveria ser considerado bullyng.
Brincadeiras a parte, me refiro a pessoas que estão eufóricas, felizes e empolgadas e acabam não tendo a sensibilidade de serem empáticas com quem não sabe ou simplesmente não gosta de dançar.
Chamam quem está escondido em meio a multidão, da melhor maneira que consegue dentro daquela realidade apresentada, para dançar.
Quando o convite é recusado, muita gente tem a falta de tato absurda de insistir, pegar pela mão, puxar e literalmente forçar fisicamente a outra para a dança.

Já refletiram sobre esse acontecimento? Ele é tão normal em nosso estado que nem percebemos mais.
Quando uma pessoa não quer dançar, todo mundo fala: “Vai lá”, “Deixa de ser bobo”, “Não faz mal que não saiba”, “Levanta”...
Sério, é constrangedor demais. Socialmente intimidante.
Eu não estou no clima, não gosto, não quero, não posso, não gostei do meu par, e ainda assim preciso ir na visão das pessoas.
Sob pena de ser considerado grosso, mal educado, antissocial e mais mil adjetivos pejorativos.
Imaginem a cena. A menina está com cólica, é convidada para dançar. Recusa. O menino insiste, pega pela mão, convida novamente e vai puxando. Todos na mesa se manifestam “incentivando” a moça a ir. Ela cede, sofre espasmos de dor cólica e morre em meio ao salão.
Tragicômico, eu sei. Mas será que apagadas as caricaturas não é o que frequentemente ocorre?
Outra. Dançar para se mostrar. Fedendo, suando e incomodando, para mim não serve.

Suar faz parte, dançar é bom. Estar em ambiente público esfregando meu suor nos outros não é legal.
E mais, quem disse que aquele jeito é o mais bonito? O certo? O melhor?
Por que as pessoas insistem em manter esses costumes? Qual o problema em trocar o 2 e 1 em uma poga bem pegada?
Para quem gosta a dança é maravilhosa, recicla o humor, a alma, e a relação.
Devemos cada dia mais fazer o que nos deixa feliz. Zelar pelos costumes também é importante. Agora, forçar os outros a dançar ou fazê-lo sem realmente querer, mesmo que o momento peça tal formalidade, não gosto.
Por um futuro onde as pessoas sejam educadas e respeitem quem não dança.


PS: Mas não esqueça. Tem os "fazidos". Querem dançar e dizem não só para ganhar uma insistida. Tem os que gostam e não receberam um convite sequer ou não tem par. E tem até aqueles que não podem hoje. Então convidar tudo bem, insistir é que não é legal.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 17.09.2016
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br