
Como já citei várias vezes, adoro prestar atenção nas pessoas, mania provavelmente de criança que ainda não abandonei. Sabe quando alguém passa e a criaturinha filha olhando descaradamente, sem nem disfarçar? Pois é, assim sou eu no dia a dia, depois de adulto.
Venho reparando já há algum tempo como as pessoas escolhem tomates no supermercado, ou em qualquer estabelecimento que os venda, e percebi que muitos ao identificarem um estragado ou em ponto de maturação diferente do desejado, colocam-no delicadamente em algum canto e continuam a procurar algum de seu agrado.
Já outras pessoas quando identificam algum que não se enquadra no seu critério, jogam-no para um canto não se importando se ele vai bater, machucar, estragar ou de que forma vai ficar para a próxima pessoa que vier eventualmente comprá-lo e consumi-lo.
Essa postura de descaso com o tomate - e uso esse exemplo, pois é um dos mais frágeis se comparado a laranjas ou afins - é a mesma postura aplicada pela pessoa na vida. Os humanos são lineares em seu comportamento. Se quando não quero um tomate, jogo-o fora de maneira descuidada ou mesmo negligente e desrespeitosamente, certamente o farei com as pessoas que eu descartar de minha vida, com empregos que eu sair, com tudo que eu trocar, até com roupas.

A maneira como trato um simples legume denuncia minha postura perante outras pessoas. É obviamente evidente que se eu não cuido de um tomate quando o jogo para um canto é porque eu não estou preocupado com o próximo consumidor. Seguindo esse raciocínio, quando eu acabar um namoro, atirarei o "produto" que não quero mais em um canto sem me preocupar com o "outro consumidor", mesmo que esse seja a sociedade.
Então tenho como entender o comportamento de uma pessoa e o respeito que ela tem pelos outros apenas visualizando-a escolher tomates.
Afirmo com propriedade, pois tive a coragem e a cara de pau de perguntar para muitas pessoas quando as analisava como elas se comportavam quando acabavam um relacionamento, independente se conhecidas ou não, e algumas me olhavam como se eu fosse um ET.
Experimentem, façam o teste, autoavaliem-se enquanto escolhem tomates e sejam honestos com a resposta quando se perguntarem como agem com as pessoas. Não falha.
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 30.06.2012
Editado/corrigido/pitaquiado por: Thiago Severgnini de Sousa
Escrito por: @rjzucco