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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Whatsapp

Antigamente havia comunidades no Orkut, depois grupos e chats com várias pessoas no face. Agora a febre é dos grupos no whats.
Vejo que esses grupos evidenciam o que há de pior nas pessoas. Mostra o lado vazio, o sarcasmo, a falta de inteligência, a falta de atenção, falta de cultura, falta de raciocínio, falta de companhia para conversar, falta de vocabulário, falta de noção...
Época de copa, muitas pessoas com a família e/ou amigos assistindo ao jogo, mas o celular “bombando”. Apito a cada segundo informando um novo comentário super descolado e engraçado a respeito do jogo. Se não for do jogo, é sobre novela, ou sobre a chuva, o frio, o calor, a xuxa, o que quer que seja desde que superficial, é comentado.
O que me frustra e me chama atenção é que as pessoas integrantes desses grupos, de fato gostam desses comentários vazios e superficiais. São os que falam do bumbum do hulk no jogo da seleção, ou do gol perdido pelo Fred que até a vó do fulano faria, ou mesmo aqueles vídeos (suuper) engraçados e cultos que muitos compartilham e sorriem e divertem-se.
Ora, alguém da minha turma que passa o dia em função desse tipo de troca de “informações”, absolutamente vazias e rasas, num pseudo-autismo social, definitivamente não me serve como amigo. No máximo conhecido com convivência eventual. (sim, nesse ponto sou terrorista. Não passou no crivo, abandono sem remorso)
Amigo é aquele que está ali para interagir comigo, conversar, jogar alguma coisa e principalmente, trocar ideias, formar opiniões, pensar junto, debater, instigar, desafiar, aprofundar, acrescentar de alguma forma qualquer que seja.
Esse tipo de relacionamento sim vale a pena investir.
Um dos hábitos mais débeis da atualidade é ficar replicando, rindo, comentando e gostando, durante o dia todo, sobre as mais fúteis atrações. Acompanhe o raciocínio comigo. Você está dando mais atenção às mais banais atualizações de seu grupo, de assuntos absolutamente pobres? Então significa que sua vida e tudo que a preenche, necessariamente é menor que isso.
Fosse de outra forma, certamente a atenção estaria focada em coisas mais enriquecedoras. A dica que fica é: será que sua vida é tão preenchida quanto você pensa que é? Será que seus amigos são bons como você sempre acreditou? Será que VOCÊ não está bem abaixo do nível intelectual que julga estar? Será que você, quem sabe, não esteja na mesma linha de pessoas com baixíssimo nível cultural e intelectual que invariavelmente já se pegou criticando?
Pessoas que se contentam com mesquinharias e conteúdo abaixo da mediocridade, necessariamente precisam estar inseridas nesse nível. Alguém de nível intelectual positivamente diferenciado, jamais se conformaria em coexistir social e intelectualmente com pessoas sem estudo, sem educação, sem conteúdo, sem raciocínio, sem algo para ser trocado.
Pense bem, seu grupo lhe instiga? Provoca? Acrescenta? Ou apenas vomita em seu mural um monte de bobagens que atrofiam seu raciocínio?
Reflita sabiamente a respeito do resultado final desse tipo de influência sobre você. Ela existe e é bem latente.
Sua postura frente a um simples grupo reflete bastante sobre você (comportamento se repete). Está buscando ascensão? Pretende ficar estagnado? Não se importa em regredir como desculpa para descansar?
Olhe para seus grupos e o tempo que despende em cada um deles com mais atenção a partir de hoje.
E para encerrar, antes que me crucifiquem, quero dizer que não sou contra o Whatsapp, nem seus grupos ou conversas. Sou absolutamente a favor de caminhos que facilitem a aproximação entre as pessoas, mesmo que virtual. Sei que muitos grupos são fantásticos e acrescentam bastante, diminuem distancias e provocam debates extremamente produtivos. Esse tipo de prática é válida e recebe meu apoio. Tenho certeza, no entanto, que essas pessoas que passam o dia trocando mensagens em grupos, não acrescentam. É impossível ser tão produtivo e criativo por tanto tempo, além do que, enquanto estão no celular, não estão produzindo profissionalmente, o que consequentemente evidencia falta de comprometimento e irresponsabilidade.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 05.07.2014
Revisado por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br