Pesquisar este blog

quinta-feira, 10 de março de 2016

Longe demais das captais


Santo Ângelo encontra-se em uma posição privilegiada, dizem alguns. 
Estamos no centro das missões e em local estratégico no noroeste do estado. 
Trago aqui uma provocação: Será mesmo? 
Ijuí e Santa rosa estão muito melhores posicionadas. Há um trecho de seis quilômetros que inviabiliza a instalação de indústrias. E agora nem por ar há acesso aqui. 
Isso gera, na prática, um isolamento. Você pode tentar argumentar que seis quilômetros não são nada e que isso não faz a menor diferença. 
Pois os fatos provam o contrário. Muitos clientes nossos dizem que preferem comprar imóveis e instalar negócios em outras cidades por pura logística. 
Não sou eu quem está falando, são os fatos. E contra fatos não há argumentos. 
É difícil discutir com números. 
Adoraria defender minha cidade e dizer que somos privilegiados estrategicamente. Mas honestamente, que empresário de indústria em sã consciência colocaria uma fábrica aqui, sem isenções do que quer que seja, com todas as fiscalizações possíveis - pois as centrais públicas estão aqui - e para depender de uma ponte estreita e condenada que pode cair a qualquer momento? 
Ter que passar todos os dias por Entre-ijuís ou ir pela estrada esburacada de Catuípe? 
Nem Santa Rosa passa por aqui para ir à 285, preferem passar por Ijuí. 
Nossos políticos pensam pequeno, e não é de agora. Historicamente, o ego falou muito mais alto e ninguém efetivamente tomou uma providência. 
Falam do aeroporto, mas e a infra toda alguém já começou a movimentar? Mais táxis, o aumento do terminal de bagagens, a esteira, o estacionamento... 
Não se pensa mais do que duas ou três jogadas a frente, e nesse jogo estamos tomando xeque-mates diários das nossas vizinhas. 
Vizinhas que por sinal já nos ofereceram parcerias em tempos idos, mas que hoje, devido a nossa postura individualista e arrogante, não tem mais interesse. 
Restaurantes de fundamento, com requinte e culinária refinada, existem? Não que eu não goste dos restaurantes que temos aqui. Gosto bastante. Mas todos sabemos que eles não oferecem nem um décimo do que restaurantes finos devem oferecer. 
Vocês já viram algum maitre aqui? Um sommelier? Um cheff de cozinha com faculdade na área, experiência em restaurantes renomados e especialização em determinada área? 
As empresas não recebem incentivos fiscais, pelo contrário, são vistas como máquinas de geração de receita através de multas. 
Veja o exemplo da Alibem e do Calegaro. Independente do esforço, estão sempre sendo penalizadas. Na prática é o poder público formalmente convidando as empresas a se retirarem. 
E eu já avisei, a Alibem vai embora logo e isso é uma perda inestimável para a cidade. Não só pela geração de empregos – Alibem é a número 1 em geração de empregos na cidade – mas pela arrecadação municipal. 
Poder público comprando briga com indústria... Hotéis sempre lotados... Cultura nem se vê mais... Infraestrutura precária... 
Nem esgoto a cidade tem ainda. Mais de 80% da cidade não possui esgoto. 
Asfaltos sempre foram um problema 
E a lista continua indefinidamente endossando o que venho dizendo. Turismo aqui? Para funcionar só o rural como o do caminho das missões e olhe lá. 
Nossos representantes precisam enxergar mais movimentos a frente. Pensar no futuro, no município. Não no mandato e nos votos. 
Entender que primeiro precisamos resolver nossos graves problemas de infra para apenas depois iniciarmos projetos mais elaborados. 
Do jeito que está, estamos queimando dinheiro e a cortina de fumaça gerada por essa queima serve apenas para corruptos esconderem-se enquanto enchem os bolsos. 
Pensem um pouco nisso...


O jornal não autorizou a publicação
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br