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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Indignados passivos

A nação finalmente acordou! Será? É o que a mídia e “o povo” comentam sem parar desde o início das manifestações.
A classe média, que é quem paga o pato da pesada carga tributária, sem uma compensação condizente, cansou de pagar para os outros ganharem regalias infinitas e começou a reivindicar o que é seu por direito: aplicação correta das verbas, leis coerentes, fim da corrupção e menos impostos.
Mas aqui na capital missioneira muita gente preferiu não participar. Certamente não estão satisfeitos com o absurdo de impostos que pagam ou com o serviço público de péssima qualidade que é fornecido em contrapartida ao que é desembolsado. Mas ainda assim não saíram para a rua.
As desculpas foram muitas. Falta de foco nas reivindicações, ausência de liderança, proibição de violência, veto a bandeiras partidárias e por aí vai...
Muitos manifestaram-se contra o protesto alegando ser um desfile, que foi pedido consentimento da polícia e demais entidades municipais (o que eu acho um absurdo, afinal comunicar que vai fazer algo é colossalmente diferente de pedir pinico. Eu vi pela ótica dos manifestantes que botaram o "pé na porta" com peito estufado e bradaram que iriam para a rua, quer as entidades gostassem ou não), mas na hora de agir, que foi a segunda manifestação, na segunda-feira, na câmara de vereadores, sem comunicação, sem polícia, diretamente aos vereadores que são (ou deveriam ser) os capacitados para fazer algo em âmbito municipal, pela comunidade local, acochambraram-se.
Onde está então a linearidade do discurso desses que só serviram para desprestigiar e boicotar um gesto civilizado, pacífico e organizado? Queriam o quê? Quebrar as lojas? Atear fogo em patrimônio público? Gerar mais gastos que resultariam em mais impostos para a mesma classe reclamante? Quanta incoerência e falta de raciocínio! O que as lojas tinham a ver com isso?
A todos os que foram, o meu parabéns. Principalmente aos mesmos formadores de opinião que já mencionei em textos anteriores e que na oportunidade equivocadamente fomentaram violência, mas que na hora chamaram a responsabilidade de ajudar a coordenar e manter o movimento como deveria ser, para si, e zelaram pela ordem.
Todas essas pessoas saíram para a rua, mostraram a cara, levantaram cartazes, pois estavam insatisfeitos com o Brasil, com a política, com os políticos, com o desvio de verbas, com a insana carga tributária, com a roubalheira, etc.
Os que ficaram em casa, além de não ajudarem, ficaram atrapalhando e comentando que não foi um protesto e sim um desfile. Ora, se sair para a rua - mesmo que como um ato simbólico – representando minha insatisfação com o Brasil como está e minha vontade de querer algo melhor é um desfile, que seja, mas eu fiz a minha parte. E os passivos indignados fizeram o quê?
Teoria versus prática! Ficaram em casa, no conforto de suas "internetes" falando mal de quem quer mudar o país da maneira que dá.
Aqui e na avassaladora maioria das cidades não há cultura de protestos, muito menos de politização. Qualquer iniciativa é válida. Mais de 1000 pessoas foram à rua só aqui. Isso é histórico para nossa cidade, assim como para todas as outras. É um marco e precisa ser reverenciado com o respeito que merece.
Se aqui já rendeu frutos - como IPTU e passagens - sendo tranquila (e concordo que o povo poderia ter gritado mais e sido mais efusivo, embora isso não desmereça a manifestação), imagina em todo o país. O gigante acordou e o povo não está mais disposto a ser empalado resilientemente.
Venho lutando por isso há muito tempo, fazendo a minha parte da minha maneira. Agora finalmente começo a ter motivos par ter orgulho de ser brasileiro. Não esmoreçamos com migalhas. Sigamos em frente! E daqui para frente, venham para a rua, mesmo que não falem nada, estejam presente e mostrem a cara para que todos saibam que vocês também estão insatisfeitos com as coisas como estão. Pare de queixar-se passivamente e tenha uma atitude positiva que gere algum tipo de resultado. Ficar em casa não serve mais.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 29.06.2013 
Editado/corrigido por Thiago Severgnini e @AnaLeticiaSilva

@rjzucco







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