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quarta-feira, 13 de março de 2013

Escravo do dinheiro?








 Antes de prosseguir a leitura responda mentalmente as seguintes perguntas:
Se você trabalhasse em um lugar onde sua função dependesse do trabalho dos colegas, e os colegas simplesmente negligenciassem suas partes impedindo que você executasse ao menos razoável e satisfatoriamente sua função, o que faria?
E se nessa função você ganhasse 30 mil reais por mês? Suponha que seus colegas todos sejam servidores públicos da pior espécie, daqueles que não trabalham e que abusam de sua estabilidade, mas você não.
Imagine-se na situação de tentar trabalhar todos os dias, vendo que nenhum de seus colegas trabalha e/ou produz e que ao não fazerem impedem você de fazer o seu.
Digamos que sua função seja digitar multas o dia inteiro, e que existam incontáveis multas a serem digitadas, mas que para isso acontecer seja necessário alguma assinatura de um colega, um cadastramento de outro, e autorização de um terceiro.
Mesmo que você odeie digitar multas, esse é o seu trabalho e lhe rende 30 mil por mês. Gostaria de ficar olhando para a tela sem fazer nada o dia todo? E quando viesse o trabalho, teria que executar uma função que não gosta. Ainda assim valeria a pena?
A resposta da maioria das pessoas é SIM. Todos dizem que por uma fortuna mensal dessas faria sem achar ruim e até gostaria.
Quando eu disse que não, me chamaram de louco. Disseram que sou um visionário e tento mudar o mundo. E já decretaram em seguida que falharei.
Em muitas repartições públicas a morosidade e a má vontade são tantas que são necessárias 20 pessoas para efetuar o que uma poderia tranquilamente fazer. Isso gera mais burocracia e lentidão, além de perda considerável na qualidade do serviço e atendimento.
Bem, primeiro que o dia possui 24 horas. Destas, dormimos 8, onde sobram 16. Das restantes trabalhamos 8, então restam apenas 8 horas.
Das 8 horas restantes, uma é gasta alimentando-se, onde sobram 7. Ao menos uma é gasta em deslocamento (casa-trabalho-restaurante-cinema-o que for), sobram 6. Uma é gasta em banho, banheiro, etc. Sobram 5. Digamos que seja gasto apenas 30 minutos arrumando-se, são 4h30min.
Se a pessoa estuda, acabou o dia e sobra apenas o final de semana para gastar o dinheiro (se não tiver que estudar). Se não estuda, então poderá usufruir a pleno vapor 18,75% de seu dia, levando-se em consideração que uma parte desses possivelmente terão que ser gastas em terapia. Será que ainda vale mesmo a pena?
Se a resposta for sim, vale a pena trabalhar no que não gosta se for para ganhar tanto assim, então informo a todos. Larguem o que estão fazendo e vão prostituir-se em Porto Alegre, pois um programa gira em torno de R$ 150,00 e R$ 300,00. Basta fazer de 4 a 8 programas por dia e o orçamento passará de R$ 30 mil.
Vá, prostitua-se (no sentido que preferir) e seja feliz. Eu não aguentei e pedi exoneração.
Sei que o exemplo é chocante. E é para chocar mesmo. Pois fazer qualquer coisa por dinheiro é prostituir-se ou corromper-se. Botar valores morais no lixo em detrimento de valores materiais não deveria ser moralmente certo.
Não considero que valha a pena desperdiçar 50% do meu tempo útil, para apenas 15% de retorno. É ilógico. Prefiro ganhar menos e ter 75% do meu dia gozados com felicidade e satisfação. Alguns valores até se compram, mas terão que ser beeem bem melhor pagos.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 23.02.2013 
Editado/corrigido por Patrick Heinz
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br