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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Trabalho Infantil

Esses dias enquanto passava da sala à cozinha ouvi uma propaganda na televisão que posicionava-se contra o trabalho infantil.
Curioso que não ouço campanhas publicitárias contra os mini atores das novelas das televisões brasileiras. Também não há manifestações quanto aos comunicadores de programas de auditório ou de pequenos pastores de grandes igrejas.
Então o quê? Trabalho infantil é permitido apenas para quem não precisa de dinheiro? Aqueles que passam necessidade em casa, que não tem dinheiro para comprar comida, que passam frio, pois nem roupa podem adquirir, também não podem trabalhar?

E a ajuda extra na renda familiar? E as crianças que sequer conseguem ir ao colégio porque falta de tudo um muito em casa?
Só eu penso que o dinheiro que essas crianças trazem para casa é fundamental para manter a saúde desse seio como um todo?
O que está errado não é o trabalho. O errado é trabalhar e não aproveitar esta curta fase. Deveria existir, então, uma lei que proíba crianças de trabalharem em tempo integral, que ocupe  todo o tempo que a impeça de brincar e estudar, por ser fundamental para seu desenvolvimento enquanto pessoas.
Além do quê, esse trabalho não só encaminhará esses infantes a algum tipo de profissionalização como ampliará seu senso político e de relacionamento interpessoal. Fará as crianças entenderem como o mundo funciona, como a máquina gira, obrigará a conviverem em sociedade e construir network.
Criança pode estudar, trabalhar e ainda brincar. Filhos de pais ricos estudam, fazem natação, ballet, tênis, judô, caratê, futebol e ainda arranjam tempo para brincarem com seus videogames, assistirem desenhos e aprontar artes com os amigos, além das aulas. Por que não incluir trabalho nisso? Os fará aprender muito também e principalmente angariará um grande ganho à renda de todos e aumentará a qualidade de vida.
Segundo o estatuto da criança e do adolescente (ECA), é proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. Sendo que o mesmo considera aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.
Alguém pode me dizer onde grande quantidade de gente desqualificada e sem maturidade consegue emprego desse tipo?
Ah mas o trabalho educativo é diferente. Trabalho educativo? No ECA diz que entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. Traduzindo, produz menos e aprende mais. Isso é sala de aula e não trabalho. Por que eu enquanto empresa vou custear alguém que dá menos retorno que outro?
Até na remuneração há pormenores. “A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.” Ou seja, ao menos isso, pode receber para aprender.
Tudo bem, eu quero ajudar a criança a dar uma qualidade de vida melhor para todos de sua casa. Dou oportunidade ao “menor aprendiz”, pago para ele... aprender? Então minha empresa agora acaba de mudar de status? De empresa para instituição de caridade sem fins lucrativos?
Sei da realidade das crianças exploradas pelos pais e não estou me referindo a esse nicho. Preocupo-me em separar esse joio de todo o trigo que realmente precisa do trabalho e pode aproveitá-lo produtivamente.
Sou a favor do trabalho infantil! Acredito que beneficia a criança de muitas formas. Sou contra hipocrisia e demagogia. Antes uma criança trabalhando e aprendendo do que passando necessidade e apanhando em casa.
Trabalho infantil é uma coisa, trabalho escravo é outra bem diferente!
Quem não tem condições de dar manutenção ao básico, certamente também não terá condições de uma infância digna. Então que ao menos busque melhor qualidade de vida.
 
 
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 10.08.2013 
Editado/corrigido por Patrick Heinz
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br