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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Bairrismo




O bairrismo é positivo ou negativo? 
Vejo muita gente sofrendo com a discriminação apenas por determinada pessoa ser de algum lugar específico, como argentinos, nordestinos, cubanos... 
O bairrismo fez a cidade de Santo Ângelo se isolar da região. Ijuí e Santa Rosa que antigamente eram fortes parceiros comerciais, hoje abandonaram a capital das missões por incompetência política de muitos gestores praticada por décadas a fio. Santo Ângelo foi bairrista e hoje sofre com isso. 
Os gaúchos são extremamente bairristas. A ponto de não enxergarem o quão limitados somos em tanta coisa. A maioria do nosso povo vai para as praias do Nordeste e Santa Catarina e fica comparando tudo com o sul, como se fosse uma competição. 
De uma maneira geral vejo o bairrismo como algo arcaico. Do tempo das cavernas onde os homens brigavam por território. 
Hoje em dia o mundo mudou e o mercado se transforma a cada dois anos. 
As empresas que continuam fazendo as coisas de ontem hoje, estão definhando. 
Vivemos em um mundo globalizado onde a cultura de parceria comercial é muito forte. Onde se faz negócios com o vizinho aqui do outro lado do mundo. 
Dentro desse contexto ainda vejo pessoas defendendo que precisamos criar proteções para o comércio local e nos fecharmos unidos contra essa maléfica conduta liberalista contemporânea. 
Sinto informar que o novo modelo de negócios do mundo veio para ficar. Não adianta tentar criar barreiras. 
Hoje quem compra, pesquisa. Vai para a internet. Busca preço, qualidade, variedade. Quer ser bem atendido. Procura vantagens. 
Habitualmente as cidades do interior não qualificam seus colaboradores. Não fazem ideia do que esteja acontecendo no mundo das vendas. Não estão atualizadas com novas ferramentas e políticas comercias voltadas ao consumidor final. E reclamam que as grandes empresas estão roubando seus clientes. 
Será que não seria mais inteligente rever sua política corporativa e tentar, tal e qual o exemplo do Mercado Brasco de POA, propor aos seus clientes justamente o que eles buscam? 
Vejo comerciantes propondo uma barreira para que os consumidores comprem apenas da cidade a fim de garantir a circulação de capital e aquecer o consumo. 
Entendo o raciocínio e ele faz sentido. Na medida que isso ocorre, certamente há um fortalecimento comercial e isso sustenta o progresso. 
Mas isso não pode ocorrer onerando nosso cliente. Prejudicando nosso povo. 
Se a população se conscientizar em ao menos priorizar suas compras no mercado local e apenas quando for muito vantajoso comprar fora, tudo resolve. 
Mas querer convencer o povo a comprar aqui o que o cliente encontra fora pela metade do preço e com qualidade maior, além de estar mais alinhado as novas tendências de moda, não tem cabimento. 
Comprar aqui a mesma coisa que se compra fora, a uma pequena diferença de valor, eu apoio. 
Alguns empresários nessa discussão alegam não terem condições de competir com grandes empresas e que se não for feito um trabalho de conscientização da população, todas as lojas vão quebrar. 
Pois então preparem-se, todas as lojas vão quebrar! 
Se os comerciantes locais não estão prontos a adaptarem-se à nova realidade de mercado, se não souberem se mostrar competitivos frente aos grandes, se não conseguem entregar aos clientes o que os clientes buscam, serão invariavelmente absorvidos pelo mercado. 
É preciso repensar rapidamente o atual modelo de negócios. Todos os dias empresas pequenas despontam e tornam-se gigantes, enquanto outra quantidade enorme reclama. 
Se você não está preparado para competir com o mundo, troque de profissão. Se seu negócio não tem diferenciais competitivos, feche as portas. 
Conhecemos nossos clientes melhor do que qualquer grande empresa. Temos network. Temos vantagens significativas e se nada disso é suficiente para desenharmos propostas de valor aos nossos clientes que os persuada a consumirem conosco, o melhor a fazermos é realmente nos retirarmos do mercado. Isso será um grande favor a evolução, a economia e aos clientes. 
Longa vida a livre competição que proporciona aos clientes melhores benefícios a menores custos com cada vez mais respeito e encantamento. 
"Não são as espécies mais fortes que sobrevivem nem as mais inteligentes, e sim as mais suscetíveis a mudanças." Charles Darwin



Publicado em: A Tribuna Regional no dia 25.06.2016
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br
    

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Não existe cafezinho grátis



Não existe cafezinho, nem almoço, nem o que quer que seja. Nada é de graça nesse mundo. Nem gestos. 
Atualmente, ocorre na cidade uma campanha por isenção de passagens para estudantes. Estes, muito mal orientados, ou pior, bem orientados por pessoas mal intencionadas, estão reivindicando passagem grátis para quem estuda. 
Grátis? 
A alegação é a de que ninguém será prejudicado. A prefeitura isentará de impostos a empresa de transportes que em contrapartida repassará a isenção em forma de transporte sem custo aos estudantes. 
Eu não entendo se é má fé ou se realmente os manifestantes não entendem as implicações disso. 
Há uma conta "x" a ser paga pelo município (e aqui não entrarei no mérito se estas contas estão altas demais ou não, nem se as contas estão corretas) e o dinheiro vem do povo, mediante arrecadações de impostos. 
Se o município não arrecada a quantidade "x" de recursos, não paga todas as suas contas, o que gera dívida com juros, e isso reflete em mais escassez de dinheiro na administração pública. 
Ou seja, segurança, saúde, educação e todo o resto custeado pelo município, terá menos recurso. 
E mesmo que aleguem que a quantidade de recursos não arrecadada nesses impostos seja insignificante frente ao orçamento municipal, ela terá que ser cobrada de outra forma, de outro lugar. 
Se as passagens não forem cobradas dos estudantes, não importa o que digam, serão cobradas em outro tipo de imposto de outras pessoas e mesmo dos estudantes. 
A conta precisa ser paga. 
Ocorre que hoje a maioria da população não se preocupa genuinamente com o coletivo. Entendem que o paternalismo e assistencialismo tem o dever de custear as coisas para as classes menos favorecidas como se elas fossem atrofiadas e não pudessem gerar recursos para se manterem. Pensam em si. 
"Tendo para mim, eu não pagando passagem, tá valendo!" 
Foi o que ouvi de um aluno. Mesmo eu tentando explicar que essa conta seria paga por ele de outra forma com outros impostos ou que outras pessoas pagariam a mais em muitas outras coisas para que ele tenha esse direito, foi feito cara de desdém. 
"Isso não é problema meu. A empresa não pagando imposto ela não tem prejuízo e pode dar passagem de graça pros alunos". 
O povo só quer lograr vantagem. Quer que uns trabalhem e produzam e gerem riqueza para que muitos vadiem, recebam, ganhem do governo e da administração pública. 
Aliás, público é isso, não é seu ou meu, é público, é de todos. E beneficiar uma pequena fatia da população com recurso de todos, pesando ainda mais a já insustentável carga tributária desse cambaleante país é um ultraje. 
Pegar todo o dinheiro de quem trabalha, durante seis meses, para ficar pagando passagens e outras coisas que não são utilizadas por quem paga, como SUS ou segurança, não tem cabimento. 
Pagamos altos impostos para dar esse horror de benefício a quem se entende no direito, e ainda pagamos saúde a parte, segurança a parte, educação particular, pavimentação própria, etc. 
Então para que serve o dinheiro público? Então alguns poucos devem trabalhar para que muitos vivam na vadiagem? Não seria melhor se todos trabalhassem e gerassem riqueza da mesma forma? 
Voltando ao assunto, a passagem não será grátis! Esse custo sairá do seu bolso, hoje ou amanhã. Ou do bolso de sua família e afetará sua renda familiar de qualquer forma. 
Acorde! Não existe cafezinho grátis.


Publicado em: A Tribuna Regional no dia 18.06.2016
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br