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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Discriminação pós moderna



Por acaso acabei assistindo a um episódio de um seriado que encontrei num site de resenhas e, para a minha feliz surpresa, não só a resenha ou mesmo o trailer, mas também e principalmente a série se mostrou deveras interessante.
Acabei me dando a oportunidade de assistir ao menos dois episódios para ver se seria mesmo bom. O nome não era muito convidativo e o trailer era “maisomédio”. O nome é Resurrection.
Conta a história de um menino que acorda em meio a uma plantação, na China, e não sabe o que aconteceu. Acaba parando na imigração americana que o leva aos EUA. Chegando lá explica ao policial encarregado de sua custódia sobre sua cidade de origem.
O policial o leva até sua suposta casa e ao chegar é recebido por um senhor, já idoso, que não gosta da “brincadeira”, pois, quando o policial informa que encontrou seu filho, o senhor fica bastante irritado e informa que seu filho faleceu há 32 anos.
porém, quando o senhor e sua esposa veem o menino percebem que ele é realmente seu filho. Fazem teste de DNA e dá positivo.
Ocorre que um tempo depois mais pessoas começam a surgir, todas ressuscitadas. Gente que morreu há 100 anos, outros que morreram há 50, alguns que morreram no ano anterior...
O legal é que o seriado mostra o que passa na cabeça dos retornados. Para eles, foi um piscar de olhos e acordaram anos depois. Não entendem o que aconteceu.
Eles não mudaram, continuam pensando da mesma forma e sendo as mesmas pessoas. O mundo mudou. E o mundo não os aceita. Não aceita eles do jeito que são. Não os entende.
Simplesmente por serem diferentes eles começam a sofrer todo tipo de discriminação e preconceito. Querem isolá-los, mata-los, queimá-los na fogueira, etc., os enxergam como demônios.
Depois de assistir fui dormir pensando, chocado, quanto à semelhança com o mundo atual. Não que pessoas voltem à vida, mas com certeza muita gente nasce de um jeito que não escolheu ser, e apenas por ter nascido, tal e qual os ressuscitados, começa a sofrer todo tipo de preconceito e discriminação.
Eles não escolheram voltar anos depois, eles não se sentem diferentes. Eles se entendem normais e as pessoas os tratam como se não devessem existir.
Pensem, hoje o que acontece com negros e homossexuais é exatamente isso. Pessoas que simplesmente por nascerem de uma forma que para a limitada cabeça de muitos é anormal, precisam ser extirpados da sociedade.
Não acho que quem quer que seja possa ou deva forçar uma sociedade a aceitá-lo contra sua vontade. Se quer ser aceito por uma determinada sociedade, então deve se adequar aquela realidade. Agora querer ser aceito agredindo, não funciona.
Mas não é o caso da maioria. Negros apenas por terem pele escura são tratados como se fossem “menos gente”. Como se fossem inferiores e devessem ser tratados diferenciadamente.
Homossexuais sofrem diariamente em todos os lugares apenas por pensarem diferente e optarem por uma conduta diversa do que a maioria.
Fico pensando... tá mas e daí? O que o povo tem a ver com o que cada um faz com seu corpo (desde que não perturbe a liberdade alheia e as normas sociais que estão inseridos)?
Por que motivo as pessoas simplesmente não cuidam de suas vidas e insistem em preocupar-se com outras pessoas que não mudarão em nada seu dia a dia, sua vida, sua realidade?
Penso que esse povo todo deveria se preocupar mais em como ser feliz, em como atingir seus objetivos, em como ocupar melhor seu tempo e seu cérebro do que ficar querendo influenciar a vida dos outros. E sim, isto também vale para negros e homossexuais, afinal de contas, são todos iguais.

O que muda é cor da pele e comportamento e isso não deveria influenciar o mundo moderno que se intitula esclarecido e livre.


Publicado em: A Tribuna Regional no dia 25.07.2015
@rjzucco

rodrigo.zucco@terra.com.br