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quarta-feira, 1 de maio de 2013

O Conclave



Com esse episódio de renúncia e escolha de novo papa eu percebi algo que, para quem me conhece, deva ser óbvio: Não entendo absolutamente coisa alguma de religião e tampouco de política.
Na minha altiva ignorância tinha convicção de que o novo papa não seria latino-americano. Ora, se a América do Sul é o lugar do mundo onde existem mais católicos, não há necessidade de colocar um representante oriundo daqui com intuito de cativar mais fiéis ou mesmo de impedir a corrente mundial de migração às novas religiões.
Minha limitada inteligência entendia que um papa do velho mundo seria o mais inteligente, para desta forma agir junto aos diásporas religiosos e não só idealizá-los mantendo-os no catolicismo, como arrebanhar novos fiéis.
Alguns argumentaram comigo que os antigos papas todos o eram e que não resolveram. O ponto é pegar um papa com mentalidade revolucionária e inovadora, que entendesse as necessidades de mudança da instituição na atual conjectura global e, sim, oriundo de onde se está mais enfraquecido.
Brasileiro tem implicância com argentino, e sequer isso foi levado em consideração. Os Cardeais escolheram alguém da América do Sul, mas que não era o maior centro de fieis de sua religião, o Brasil, assumindo - ou ignorando – que muitos brasileiros ignorantes trocarão de religião apenas para não terem que se sujeitar a um papa castelhano.
Mas o ponto principal nem é esse. Até o achei simpático. Gostei porque ele foi contra o que mais repudiei desse teatro todo. As pompas e as coreografias ridículas como se eles realmente fossem os donos da verdade. Como se tivessem uma canal direto em que pudessem dialogar com alguma entidade criadora do universo.
Então eles convocam um horror de gente e obrigam fazer um juramento de sigilo. Aquele que quebrá-lo deverá ser excomungado. Ser excomungado? Vocês já pararam para pensar no absurdo que é isso? Isso é um ultraje tão grande que tive náuseas.
Para que serve uma religião se não para dar o exemplo do perdão? Para ensinar valores corretos? Repassar a palavra divina ou sei lá eu o quê? E o que a limitadíssima visão de todos esses fiéis e representantes pensam sobre uma pessoa que por falta de preparo ou o que quer que seja fala alguma coisa, é excomungado e então fica condenado a passar o resto da eternidade no inferno? Só eu que vejo o antagonismo absurdo nisso?
Excomunhão é enxotar o cara do céu, do perdão, do paraíso, da redenção de julgamento divino. Ele vai ser escorraçado do catolicismo para todo o sempre. Então eu pergunto: quem são esses caras para fazer isso com a alma de uma pessoa? Quem deu essa autoridade a eles? Penso em coitados dos fiéis que ainda acreditam nisso tudo. Penso com pena. E costumo não sentir pena das pessoas por ser um sentimento muito degradante.
Depois quando digo que brasileiro é ignorante, vem um bando de moralista mais ignorante ainda com uma avalanche de demagogia querendo me dar lição de uma moral que não tem. Mas um país majoritariamente católico continuar acreditando nesse tipo de coisa, merece minha vergonha.



Publicado em: A Tribuna Regional no dia 22.03.2013
Editado/corrigido por Thiago Severgnini
@rjzucco 
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