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segunda-feira, 11 de abril de 2011

A estrela e o Cometa


Diz uma teoria que circula por aí que você deve escolher se prefere estrela ou cometa. Pense antes de seguir, reflita, escolha e então prossiga.
Se você escolheu estrela, reza a teoria que você é uma pessoa constante, como uma estrela que está sempre querida e brilhante no céu. Se você escolheu cometa, é porque ilumina muito, com gigante intensidade, mas que não se apega e passa pelos lugares, sem criar raízes.
Como comigo sempre é diferente, eu conheci uma estrela-cometa. Um caso raro e poucas pessoas conhecem, portanto vou explicar a teoria que descreve a trajetória desse astro fora do comum.
Uma estrela-cometa é um astro que muitos astrônomos descreveriam como um sol itinerante. Ele incandesce o céu com tanto vigor, luz, alegria e intensidade, que ofusca os olhos dos buracos negros, mas ele não passa. Ele permanece acesíssimo, constante e teimoso como uma estrela. Seria como uma estrela turbinada mais que o sol. Um cometa permanente, que brilha e caminha pela vida de todos ao seu redor, permeando-os de muita energia e vida, pois sua cauda reconforta a essência de todos deixando coisas boas sempre que passa por algum lugar.
O “Patrãozito” desse Rio Grande sem porteira me agraciou com a oportunidade de conviver por um tempo abençoado com uma dessas espécies raras. Ela me ensinou desde pequeno a conhecer as estrelinhas menininhas, como funcionava o sexo astral, dando exemplos de virilidade estelar. E que exemplos eu tive!
Lembro-me ainda do início de minha vida astral, com um pai normal, e querendo seguir os passos da estrela-cometa, sempre fui muito atento e seguidor. Meu pai, que não concordava com as loucuras rompantes de um cometa, sempre me alertava a não seguir os passos errados, pois eles me levariam ao resíduo ruim do pó caudal e me fariam um cometa, e como tal, acabaria sem raízes, só, e, na ideia dele, triste. Mal sabia meu pai dos segredos que esse cometa tinha para ensinar-me.
Ele foi mais pai que meu pai. Ensinou-me as coisas erradas que não deveriam ser feitas, com seu mau exemplo autodestrutivo, mas que me serviu para saber o que eu não deveria seguir e o que eu não queria para meu futuro. Perguntava sobre minhas pontinhas de estrela na minha adolescência, que me encabulavam, mas que para ele era o máximo, pois sabia que uma estrelinha estava crescendo e deixando a infância.
Protegia-me como um “cometão meteorístico”, quando os indefinidos entre estrela ou cometa, ainda pequenos, definiam o que se tornariam. Não deixava, principalmente, que os buracos negros pousassem sua sombridão sobre mim. Ensinou-me, com exemplos práticos, como brilhar feito um cometa, tendo ideias ímpares e contagiantes, envolvendo alegremente todos, como se os circundasse com tanta rapidez que fizesse sua cauda formar um globo de luz.
Mas esse cometa, tinha tanta alegria e pureza com todos os astros próximos, que não passava simplesmente, ele deixava muito de si em cada canto que ia, e criava raízes nos corações de todos os planetinhas. Isso fez dele um cometa-estrela, pois arraigado no núcleo de tantos outros, mesmo errante, estava ali, presente.
Felizmente aprendi também, no final, com um exemplo magistral, como não se entregar. A peleja e o amor por desafios e pela inquirição, me tornaram muito do que sou. Mas uma estrela-cometa não deveria se apagar. Não parece justo com a estrelinha pupila. Ninguém em qualquer das galáxias gosta dessa ideia.
Entretanto faz parte das regras do jogo de quem ceva o mate por todas as querências, que astros fora de série possam tutorar por outras estâncias. E a qualidade de luz, energia, alegria, de algo como um cometa, que brilha incandescentemente nos corações, fica como estrela, permanente e eterna.
Afinal de contas, mesmo os cometas-estrela, querem um colinho da mamãe “estrelona”, e estava difícil lutar contra a falta de oxigênio nesse espaço sideral escuro. Como uma boa e humilde estrelinha, fiquei ao seu lado até o, literalmente, ultimo suspiro, e vi o cometa ir embora e levar grande pedaço do meu coração nuclear.
Vá em paz, meu amado irmão que sempre foi meio pai. Rezarei muito por ti sempre. Obrigado por tudo. Meu melhor professor. Com toda sua humildade, sem roupas de marca, computadores simples, bens herdados, simplicidade linda. E nunca te ganhei no Xadrez hein?! Foram fantásticos todos os momentos. Principalmente os finais do hospital, quando pude demonstrar todo meu amor.
Nenhum texto ou homenagem são dignos o suficiente para exprimir os sentimentos de perda ou expressar a importância de alguém que parte. Essa condolência mútua que estamos todos imbuídos passará, e, como acontece com todos os rompimentos, ficarão apenas boas lembranças.
Como homenagem, por teres me ensinado a gostar de Engenheiros do Hawaii, deixarei muitos trechos das músicas, que são os que acho oportunos por agora. E como eu dizia a ti no hospital: “Uora maninho quiiiido. Deixa eu bota uma tubeita em ti”. Pela última vez. Nem que seja de carinho.

@rjzucco

“- Lá do alto deve ser bonito!
- Aqui de cima é muito legal...
Pegadas pelo espaço a conquistar
sempre em frente, pra cima, pro alto
- Lá do alto deve ser esquisito...
- Aqui de cima até que é normal
... minha cabeça pesa quase dois quilos...
- Meu corpo flutua, peso nenhum!
Eu roubei esses versos
Como quem rouba pão
Com a mão urgente
Com urgência no coração
Eu contei histórias
Inventei vitórias
Eu perdi quase tudo que eu tinha
A paz
A paciência
A urgência que me levava pela mão
Uma noite interminável
Numa cela escura
!!! sentido !!!
Sem sono
Sem censura
100% de nada não é nada:
É muito pouco
Desd'aquele dia
Nada me sacia
Minha vida tá vazia
Desd'aquelia dia
Parece que foi ontem
Parece que chovia
Eu não consigo entender
Não consigo mais viver sozinho
Eu que não fumo, queria um cigarro
Envelheci dez anos ou mais
Nesse último mês
não tenho medo de perder você
desde o início eu sabia
É sempre a mesma stória
(é tão difícil partir)
É sempre a mesma stória
(é impossível ficar)
É sempre mais difícil dizer adeus
Quando não há nada mais pra se dizer
Quanto vale a vida de qualquer um de nós?
?quanto vale a vida em qualquer situação?
?quanto valia a vida perdida sem razão?
?num beco sem saída, quando vale a vida?
são segredos que a gente não conta
são contas que a gente não faz
Coração na mão
Como um refrão de um bolero

pra cá
é como ficar desesperado de tanto esperar
olhando pela janela até onde a vista alcançar
é como ficar esperando cartas que nunca vão chegar
é como ficar relendo velhas cartas até a vista cansar
você sempre soube - eu não sabia
Não vim até aqui
Pra desistir agora
Entendo você
Se você quiser ir embora
Minhas raízes estão no ar
Minha casa é qualquer lugar
Se depender de mim
Eu vou até o fim
Cada célula
Todo fio de cabelo
Falando assim
Parece exagero
Mas se depender de mim
Eu vou até fim
Não vim até aqui pra desistir agora
eu tive um pesadelo
tive medo de não acordar
tudo andava tão caído...
eu andava por aí
sem rumo:
sem rima nem refrão
em resumo:
não tive culpa nem perdão
eu tive um pesadelo
tive medo quando acordei
tudo faz sentido
agora que tudo acabou
o céu andava meio caído
antes mesmo de desabar
turistas vorazes
(voyeur)
levavam pra casa
desertos e oásis num vídeo k7
anjos em queda livre
o céu abaixo do nível do mar
O inferno ficou para trás
Com as luzes lá em cima
O céu não seria rima
Nem seria solução
Um dia de cão
Um mês de cães danados
Ordem no caos
Olhos nublados
Um cão anda em círculos
Atrás do próprio rabo


era só questão de dias
um dia iria acontecer
não me peça para entender
não me peça pra escolher
entre o fio ciumento da navalha
e o frio de um campo de batalha

chegamos ao fim do dia
chegamos, quem diria?
ninguém é bastante lúcido
pra andar tão rápido


Hoje eu acordei mais cedo
Tomei sozinho o chimarrão
Hoje eu acordei, agora eu sei viver no escuro
Até que a chama se acenda
Verde... quente... erva... ventre... dentro... entranhas
Mate amargo noite adentro estrada estranha
Eu vejo um horizonte trêmulo
Eu tenho os olhos úmidos
Eu posso estar completamente enganado
Eu posso estar correndo pro lado errado
Mas "a dúvida é o preço da pureza"
É inútil ter certeza
Eu vejo as placas dizendo
"não corra, não morra, não fume"
Eu vejo as placas cortando o horizonte
Elas parecem facas de dois gumes
How I wish, how I wish you were here
são segredos que a gente não conta
são contas que a gente não faz
coisas que o dinheiro não compra
perguntas que a gente não faz:
?quanto vale a vida?
nas garras da águia
nas asas da pomba
em poucas palavras
no silêncio total
no olho do furacão
na ilha da fantasia
?quanto vale a vida?
?quanto vale a vida na última cena
quando todo mundo pode ser herói?
?quanto vale a vida quando vale a pena?
?quanto vale quando dói?
são coisas que o dinheiro não compra
perguntas que a gente não faz:
?quanto vale a vida?