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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Censura velada



Já não é a primeira vez que após escrever algum texto, muitas pessoas ao me parabenizar aproveitam e me avisam, preocupados, sobre as represálias que receberei por manifestar minha opinião publicamente.
Nesse último texto do mau cheiro, advertiram-me que devido ao frigorífico ser uma empresa altamente lucrativa, certamente teria bastante influencia e poder sobre o município e que se a direção da mesma fosse vingativa, eu sofreria as conseqüências desse “ato inconseqüente”.
Então eu perguntei à pessoa que me disse isso: Mas o que você espera que eu faça? Que eu pare de escrever para não incomodar os outros? Que eu não manifeste minha opinião para evitar que verdades indigestas gerem desconforto a outrem?
Pasmem, para minha tristeza a resposta foi afirmativa. Fui aconselhado a parar de escrever, pois isso seria certamente prejudicial ao meu negócio. Que se um cliente deixasse de negociar conosco por algo que escrevi já seria prejuízo para empresa.
Entristece-me profundamente saber que algumas pessoas preferem nivelar todo um contexto apenas pelo lado negativo. E todas as pessoas que gostam do que escrevo, e que começaram a fazer negócio comigo justamente por concordarem com minha forma de pensar, não contam? E as pessoas que discordam totalmente do que escrevo, mas admiram minha coragem em manifestar publicamente, e por isso me respeitam e viram clientes? E as pessoas que são maduras o suficiente para não concordarem e ainda assim respeitarem minha opinião a admirarem a atitude, a forma como escrevo, a semântica, enfim.
Outra crítica sobre esse mesmo assunto que recebi foi de que, se não estou satisfeito com a cidade, que vá embora. Já que não gosto do que Santo Ângelo se tornou, que volte à Porto Alegre.
Fico pensando no absurdo dessas afirmações e novamente me entristeço, agora acrescido de certa dose de revolta. Então toda cidade que escolho para morar deve ser perfeita? Se não for perfeita devo me retirar ou resilientemente aceitar, sem qualquer tipo de opinião?
Então quando gosto de uma cidade preciso aceitar ela exatamente como é sem pensar em melhorá-la ou trabalhar para que se transforme cada vez em algo melhor com crescimento contínuo?
Será mesmo que estou errado em apontar as coisas que atrapalham e atrasam a cidade e sugerir melhorias e formas de resolver? Que deveria enxergar tudo e aceitar calado? Que devo seguir o conselho dessas pessoas e parar de emitir minha opinião, botar minha mochila nas costas e ir-me embora porque vejo algo errado e não me conformo?
Percebo a cada texto que eu mando que sempre há um monte de pessoas prontas para me aconselharem a não fazer mais, a me desencorajarem, dizendo que eu não devo ser sincero nem objetivo. Só que isso vai contra meus valores e meu caráter.
Sinceridade, opinião, respeito, honestidade, linearidade e pensar sobre as coisas ao meu redor fazem parte do que sou. Você acha certo pedir a uma pessoa que deixe de ser o que ela é porque você acha que está errado? Você tem esse direito?
Isso tudo não passa de uma censura velada que vem de pessoas que não gostam de ver outras com personalidade forte e coragem para falar, falando. Ou mesmo de pessoas pequenas que tem ciúmes e por não conseguirem ser iguais ou melhores, se acham no direito ou dever de rebaixar os outros para sentirem-se por cima.
Pois novamente informo-vos: desistam! Continuarei escrevendo.
E a todos os outros, felizmente em maior número, que escreveram pelo face, por e-mail ou mesmo que falaram pessoalmente comigo dando-me forças e elogiando, um agradecimento especial. Saibam que isso realmente faz a diferença!
Como diz o administrador, escritor e poeta Danilo Branco: "Uma cidade só cresce com uma postura séria, responsável e crítica de seus cidadãos. Jamais haverá crescimento enquanto os mesmos continuarem dizendo sempre amém.”
Publicado em: A Tribuna Regional no dia 12.04.2014
Corrigido por Josiane Brustolin
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br