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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Dança do acasalamento



Sabe quando você vê uma cena entre duas pessoas e entende o que está por trás? As verdadeiras intenções de cada um?
Não é a primeira vez que escrevo sobre ler pessoas, sobre PNL e sobre comportamento humano. Confesso que sou fascinado pelo assunto e que quanto mais estudo e aprendo, mais percebo que tenho muito a aprender.
Ocorre, entretanto, que algumas coisas são mais claras mesmo aos olhos destreinados, e nem por isso deixam de ser fascinantes.
Os humanos, em essência, são bastante instintivos. Via de regra o primeiro impulso é sempre o mais visceral e animal. Não ocorre apenas porque fomos treinados e ensinados a nos comportar de acordo com a sociedade. Essa teoria toda é amplamente explicada pela psicologia e filosofia e mesmo dentre as tantas linhas de raciocínio desde a época de Sócrates, o básico é, se não idêntico, muito próximo disso.
Não há manifestação mais clara de tudo que estou falando do que a “dança do acasalamento”.
Comecemos com clássica frase: “Homem que sabe dançar consegue muito mais mulheres”. Fato! “Mulher nasce praticamente sabendo dançar”. Fato! Principalmente porque mulher tem o poder na hora da decisão.
Por se tratar de algo tão primitivo, me darei ao luxo de tratar como macho e fêmea.
Quando há interesse entre uma fêmea e um macho, independentemente de onde é originado, são emitidos vários pequenos sinais que são fortes e claros o suficiente para atrair a atenção.
Feito isso, cabe ao macho a atitude inicial, a abordagem. Cada fêmea responde melhor a um certo tipo de primeiro contato e isso está bastante relacionado a como o macho se comporta naturalmente.
Já nesse primeiro momento há uma competição. As fêmeas não aceitam machos que sejam menos machos que elas. Logo, fêmeas mais experientes, seguras e bem sucedidas, necessariamente apenas cederão a machos que sejam mais do que elas.
Feita a abordagem, segue a dança. Inicia uma fase de hipocrisia. A fêmea encena todo um teatro de que não está interessada, mesmo que ela tenha provocado o macho e que esteja realmente muito a fim. E se ela não for competente nessa etapa, o macho certamente ou se desinteressará, ou continuará apenas para não “perder a viagem” e depois a abandonará sem cerimônias.
No momento em que a fêmea finge estar sendo conquistada, cabe ao macho ser extremamente convincente em provar para a fêmea, e quem mais estiver próximo, que ele a está conquistando.
Quando isso ocorrer e a fêmea se sentir convencida de que ele seguiu o ritual da dança do acasalamento corretamente – e isso implica em falas, expressões, danças, postura atitude, cheiro, hálito, beijo, jeito, etc. –, ela então encenará que foi conquistada por todo o conjunto de atributos e competência do macho e cederá às suas investidas.
Mas a história não termina assim. Nesta etapa só aconteceu a aceitação da fêmea, que nunca é absolutamente completa e incondicional. Depois disso cabe ao macho continuar seguindo o script da dança do acasalamento até a hora de finalmente e efetivamente o acasalamento acontecer. E pode não acontecer.
É bem verdade que quando chega nesta etapa as fêmeas costumam orientar os machos quanto a como proceder, vão dando sinais mais explícitos, dicas, ou mesmo sendo absolutamente claras para que ocorra o que ambos queriam desde antes disso tudo.
Caso depois alguma das partes se arrependa, e isso é bem comum, colocam a culpa na bebida ou em qualquer outra coisa ridícula, como se justificasse. Na verdade todo mundo sabe como isso funciona, enxerga acontecendo, e finge que não entende. Esse é apenas um exemplo. Todos vemos coisas desse tipo acontecer ao nosso redor aos montes todos os dias.
Fica a dica para quem acha que faz e ninguém percebe. Na verdade todos entendem!

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 07.03.2015
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br