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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Para bom entendedor

Como eventualmente releio meus textos, um dia desses retomei a leitura de um que falava sobre tomates. Então pensei que se colocarmos os tomates na tomada, certamente levaremos choque. Mas como saber enquanto não tentarmos? Que adianta todos dizerem que colocar tomates na tomada provoca choque se eu ainda nem cheguei perto disso. Ora, tomada dar choque, se o metal fica lá para dentro...
Mas ainda falando dos tomates e do choque, isso acontece porque a energia, que é a mesma que provoca faíscas nas antenas das pipocas dos micro-ondas, faz o micro explodir, quebra os pratos de vidro, é conduzida por qualquer coisa com matéria emocional.
E se a velocidade do liquidificador ficar armazenada com a mesma energia motor enquanto for ao copo e depois ao estômago? Fica aquela sensação de que tudo está girando, como se tivessem pássaros se afogando ali. Mais ou menos como ocorre quando se mexe uma panela com comida.
Interessante não acha? Tanto quanto o fuço do porco, o rabo, os olhos, as patas e o que mais interessar aos mais peculiares paladares enquanto boiam num bom e empanzinante banquete de feijoada.
O chifres não vão aí, mas precisam ser citados. Porco não tem chifre? Hum... creio que todos tenham ao menos propensão a tal fatalidade. Mas mesmo que não entrem em um bom e farto prato caseiro, quem sabe em alguma confraria aparece um ou dois. Mesmo porque é tempero certo para muitos comilões.
E a melancia grande que ninguém come sozinho é o principal alimento utilizado com esta especiaria oriunda mais de comerciantes de coração, moral e índole duvidosa do que de camponeses que plantam e semeiam com carinho suas modestas hortas.
Pode ser chamado perfeitamente até de uma faca de três gumes, que como todos conhecem possui três fios, e corta em todos, e machuca sempre no final das contas.
Porque o pinhão tem casca grossa e é difícil tirar a semente de dentro, e mesmo que o faça, se não estiver assado ou cozido, não poderá ser consumido. Ao contrário da frágil pitanga cujo vento mais assanhado já força seu despencar da árvore. O primeiro embora saboroso, é trabalhoso e estufa; a segunda é delicada, frágil, macia e doce.
Cada um usa a tática que melhor lhe favorece, a pitanga bem colorida e doce; e o pinhão bem rijo e com casca, mas com uma semente de sabor incomparável.
Nada é tão óbvio quanto a cocacante refrescóla dos adolescentes apaixonados, nem tão complexo quanto a estratégia Kasparoviana dos adultos.
Tudo faz o maior sentido e falar muito, falando nada e dizendo tudo é, incomensuravelmente mais difícil do que simplesmente falar o que pensa em claro português.
Parafraseando o Chaves, só os inteligentes podem ver. Ou quem sabe os loucos que nem eu. Pois como diria um velho deitado, um dia é da calça e outro do calçador, e há malas que vão para Belém. Ou seja, para o bom entendedor, meia pa ba.
E tudo foi dito claramente como água, mas os porcos nunca entenderam o valor das pérolas.
Quem não entendeu, é porque não leu com malícia suficiente.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 20.10.2012
Corrigido/editado por @analeticiasilva 
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br