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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Aborto

Sempre defendi o aborto. Acredito que, em casos cuja família realmente não deseja ter a criança, o aborto é mais do que necessário. Deveria inclusive ser obrigatório.
Muitas pessoas não têm educação suficiente para entender sobre métodos contraceptivos, mas não temos como mudar a educação do mundo de uma hora para outra. Brigo a respeito da educação desde muito e acho que este é o problema basilar do todo.
Uma criança que cresce sem amor, afeto, carinho, educação e valores; acabará, necessária e obrigatoriamente, refletindo isso na sociedade em que se inserir depois de adulta.
Minha teoria é, se não quer um filho, tome todo o cuidado possível para evitá-lo. Mas se por uma fatalidade do acaso aconteceu a gravidez - o que, convenhamos, é ludíbrio, nos tempos atuais, para quem tem o mínimo de esclarecimento -, então prive o mundo de um futuro marginal, assassino, estuprador, abusador, delinquente , sequestrador, etc.
Nos estados norte-americanos, onde o aborto é permitido, o índice de criminalidade caiu vertiginosa e consideravelmente a partir de 15 anos depois. Isso inclusive é citado em seriados de investigação criminal como traço de perfil psicopata: Criação sem afeto.
Karl Young disse que: "O homem saudável não tortura os outros, geralmente o torturado torna o torturador."
Ou seja, quem cresce com amor familiar, acaba tornando-se uma pessoa emocionalmente saudável. Já pessoas que não provam desse sentimento, desgarram-se de valores morais que servem de sustentáculos éticos para o bom funcionamento da saúde social.
Ainda se os abrigos oferecessem o mínimo indispensável para que depois de adultas as crianças pudessem andar por si, seria válida a entrega para adoção, pois consequentemente realizaria sonhos de outras pessoas. Ocorre que os que não são adotados, seguem pelo mesmo caminho negro.
Os que são contra o aborto sempre alegam que é uma vida à qual não pode ser sacrificada apenas pela negligência de pais despreparados. O que eu defendo é, antes encerrar uma vida que ainda não existe de fato - socialmente falando - do que permitir que essa vida ceife inúmeras outras depois de crescida e estraçalhe famílias e cidades.
A consternação impingida a todos os envolvidos, direto e indiretos, é tão pesarosa e com uma carga negativa tão grande e forte que, indubitavelmente, apagar esta chama destrutiva enquanto ainda faísca é, na minha opinião, a melhor solução.
Ao menos enquanto os governos do mundo não são capazes de agir de forma eficaz quanto a orientação contraceptiva; controle e conscientização natalizacional; estruturas dignas e completas para abrigo aos rejeitados; e perfeitas condições de orientação familiar para os adotandos/adotados
Pois, hoje, ainda é permitindo que pessoas desqualificadas adotem, acreditando que por pior que sejam, mesmo que alcoólatras e drogadas, oferecem melhores condições que um abrigo. Isso que as entidades têm consciência que uma vez alcoólatra, sempre alcoólatra.
E então voltamos ao início. A criança que não foi abortada, acabou indo parar em um abrigo. Depois, foi adotada por pais desqualificados, pois o sistema é falho, e acaba retornando, doente e danosa, à sociedade.
Também tem o fato de que a maioria das crianças abandonadas são negras e estas não são as preferidas na hora da adoção.
Se formos para o lado religioso então sejamos racionais e utilizemos a inteligência que Deus nos proporcionou. Se Ele que é onipotente, obviamente, TUDO pode. E se tudo pode, consequentemente, pode impedir que um mero humano aborte. Digo isso, pois não concordo que o livre arbítrio dos reles mortais seja superior a vontade Do onisciente.
Quem pode negar, inclusive, que O Próprio não iluminou meus pensamentos ao escrever esse texto e ajustou as variáveis para fazer com que os que não concordam com aborto vejam que quem manda é Ele, e caso aconteceu algo, é porque Ele permitiu?
Defendo o aborto pensando em salvar muitas outras vidas. Defendo pensando em meus filhos cujo resultado desses “acidentes” será parte de seu convívio. Defendo pensando numa sociedade mais zelosa e recíproca entre os próprios. Defendo pensando que os pais devem ter o direito de escolha se querem ou não ter um filho.



Publicado em: A Tribuna Regional no dia 04.08.2012.
Editado//corrigido por Thiago Severgnini.
@rjzucco
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