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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Cotas

Não bastassem todas as dificuldades enfrentadas pelos postulantes a um cargo público – perda de espaço para os cargos em comissão “de fora”, fraudes nos certames, milhares de horas de estudos, leituras e exercícios, concorrência natural cada vez mais acentuada, preocupação com prazos de inscrição e pagamento, reserva de hotel, compra de passagens aéreas, gastos em geral com alimentação e traslado, gastos com cursos preparatórios,  ... -, o governo, em mais uma manobra política para arrecadar votos, propõe o projeto de lei de cotas raciais para o funcionalismo. A mesma administração pública que, em 1995, deu início a Reforma da Gestão Pública ou reforma gerencial do Estado com a publicação, nesse ano, do Plano Diretor da Reforma do Estado e o envio para o Congresso Nacional da emenda da administração pública que se transformaria, em 1998, na Emenda 19, com o objetivo precípuo de contribuir para a formação no Brasil de um aparelho de Estado forte e eficiente. Pelo menos, está sendo contraditória a administração: não vejo como construir um Estado forte e eficiente quando, ao invés de empregar o dinheiro público em saúde, segurança e, principalmente, em educação, simplesmente, proporciona privilégios para alguns escolhidos, em troca de votos. Em outras palavras, o governo prefere manter o povo desinformado, ignorante e alheio a todas as realidades que se passam no País. Do ponto de vista estatal, é muito mais fácil “dar o peixe a ensinar pescar”, e do povo, muitíssimo menos trabalhoso, é ficar deitado numa rede à sombra aguardando um programa que lhe beneficie e, dessa forma, não precise gastar energia e queimar neurônios já atrofiados. Para fundamentar o meu profundo repúdio às cotas, fiz uma pesquisa em relação às vagas e as médias para lotação nos cursos da UFRGS – instituição a qual me formei em Engenharia Mecânica - e fiquei chocado: confesso que pensei ser preocupante; É mais que isso, entretanto. Até que me convençam, fundamentalmente, do contrário, em poucos anos, o ensino público entrará em ruínas intelectual e tecnicamente, como o ensino privado já está. Tenho nada contra os negros, contra os brancos, contra os amarelos, contra os rosas, contra os estudantes do ensino público (onde estudei sempre), ou contra qualquer raça, religião, time de futebol ou credo. É inadmissível, todavia, que um cotista adentre, com uma média de 424,61, em um curso renomado como o Direito na UFRGS. Por sua natureza, já é um curso que tu amarras um jumento num poste e, em 5 anos, ele se gradua, sem grandes dificuldades. Não bastasse isso, os atores do picadeiro agravam colocando um desqualificado para dentro da universidade? É inadmissível que um cotista adentre, com uma sub média de 565,58, em um curso renomado e altamente técnico como a Medicina na UFRGS. Sinceramente, jamais vou querer ser operado ou até mesmo atendido por um cidadão que, vergonhosamente, aceita estar dentro de numa Federal com uma média horrenda como essa. E os estudantes do alto escalão que estudam por anos para superar a difícil barreira da pontuação mínima exigida para entrar pela porta da frente? Por favor, não me venham dizer que os postulantes beneficiados por esse modelo insustentável estão no mesmo patamar, porque não estão. Existe, de fato, um abismo entre eles. Não sei nesses cursos acima citados, porém na engenharia - qualquer que seja - dessa Universidade, a própria dificuldade do curso seleciona esses débeis. Acontece que os ensinos fundamental e médio públicos estão um lixo, por conta da politicagem corrupta desse País mentecapto. E, só por isso, os alunos dessas instituições não conseguem concorrer, em mesmas condições, com os das outras estirpes abastadas. O problema, portanto, não pode ser resolvido, simploriamente, baixando, ridiculamente, as médias para determinadas categorias de estudantes, por meio de cotas, e sim melhorando esses ensinos que estão uma vergonha. Já não chega o ensino privado, que admite qualquer ignorante em troca de dinheiro, oferece em contra partida um arremedo de qualificação profissional e, praticamente, só discute o sexo dos anjos! Ainda querem acabar com o ensino público e de boa qualidade?
Alguns defensores dos programas executados pelo governo, como o “bolsa família”, o “fome zero”, o “minha casa minha vida”, “cotas raciais”, entre outros, afirmam ser de grande valia, pois promovem a maior redistribuição de renda que o país já viu. Além do mais, criam os suportes mínimos pra tirar muitas famílias da pobreza extrema, promovendo maior inclusão na educação, queda da taxa de natalidade e dignidade. Alegam, também, que “afirmar que os brancos é que são os discriminados, devido às cotas dadas aos negros, é um absurdo! Um verdadeiro desrespeito aos 400 anos de escravidão, massacres e injustiças sociais do Brasil”. Pergunto? Se isso, de fato, fosse verdadeiro: um erro justificaria o outro? A bolsa família não é divisão de renda e sim uma subtração de renda, pois só podemos falar em divisão, quando as duas partes produzem, o que não é o caso. Em uma nação como a nossa, de maioria negra, esses programas não passam de uma jogada para conseguir votos. Hoje, portanto, nós os brancos, é quem somos discriminados e de forma escancarada. Dar cotas diferenciadas, a quem quer que seja, é nivelar por baixo concedendo vantagens a incompetentes para ocupar cargos que não terão competência para desempenhar. Ninguém poderá provar que um concursado aprovado pelas quotas poderá produzir em igualdade com um postulante que concorre com a grande nata. Um exemplo disso são as médias para o ingresso em qualquer tribunal federal no País (basta ver no DOU os desempenhos dos aprovados). Um estudante que almeja ingressar no serviço público federal, pelos meios considerados normais, não pode se dar o luxo de fazer menos que 95% de acertos em uma prova. Isso significa dizer: tem que acertar, pelo menos, 57 questões de um total de 60, ir bem na redação e rezar. Às vezes, nem com essa pontuação é possível garantir a nomeação. Ao passo que, um cotista fazendo a pontuação de corte (em torno da metade da prova) entra sem grandes problemas, pois, além de concorrer com bem menos candidatos, há uma garantia de vagas para ele com médias exorbitantemente menores.
Nós, brancos, somos tão discriminados com as benécies promovidas pelo governo aos cotistas que, ontem ao divulgar uma petição aos meus colegas estudantes de todo o País, uma senhora, afro descendente, em resposta ao meu pedido disse o seguinte: “Não tem volta. As cotas vieram para ficar. Essa petição vai ser engavetada. Pois, nós negros, vamos votar no PT de novo.”. Divulguei pela internet o conteúdo da resposta dessa senhora, e a indignação não tomou conta somente dos estudantes, entretanto das pessoas em geral.
Lamento essa senhora e alguns semelhantes seus pensarem assim. Ela é o maior exemplo de racismo nesse País democrático. Jamais julgarei alguém pela cor, e sim pela capacidade intelectual de querer e fazer acontecer. Os cotistas, no fundo, são vagabundos e preguiçosos. Usam de um coitadismo barato e demagogo em sua defesa. Querem tudo de mão beijada, embora tenham 2 braços, 2 pernas, 2 olhos, 1 cérebro, ... tudo igual a nós, brancos. Aliás, até onde eu sei, cérebro não tem cor. Por que, então, eu tenho que estudar 20h por dia, durante anos, concorrer com a grande elite intelectual dos concurseiros e os negros têm que estudar 2 minutos por dia, por 1 mês e concorrer com meia dúzia de escorados? Isso, volto a dizer, é uma grande fábrica de votos. É muito mais fácil o governo dar a ensinar. Tenho colegas e amigos negros que sempre foram os primeiros lugares na UFRGS em engenharia, em medicina e em direito. Hoje, um é radiologista, um é engenheiro de uma grande Estatal e o outro um Advogado renomado. Nunca precisaram de cotas, sentem-se ofendidos e humilhados quando são questionados com relação a esse assunto pífio. Entre outros negros consagrados e vitoriosos em suas carreiras, Joaquim Barbosa e Obama nunca precisaram de cotas. Lamento que pessoas como essa senhora precise. Sempre será vista por cima, pois ela própria, como outros, intitula-se assim: um ser inferior. Jamais terá o meu respeito, porque só respeito quem se faz respeitar. Sucesso para os meus colegas e sorte pra os cotistas, porque só precisa de sorte os incompetentes.
& tenho Dito.
Mr Z.q

O texto não é meu, mas compartilho tão profundamente com tudo que resolvi transcrevê-lo tal e qual.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 16.11.2013

Escrito por Cristiano Zucco
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br